O afastamento que precisou ser adotado entre os colegas com a chegada da pandemia de covid-19 foi a mudança mais sentida pela colaboradora Ana Cristina Damasceno, que trabalha no serviço de manutenção e limpeza do Senado há cinco anos. Antes, disse ela, todos se reuniam com frequência nos refeitórios espalhados pela Casa. Atualmente, além de os funcionários não poderem se aglomerar na hora das refeições, a higienização dos ambientes foi por eles intensificada.
— Tínhamos o hábito de abraçar e beijar nas chegadas e despedidas, mas isso foi cortado. Realmente, faz falta esse contato direto, embora saibamos que é necessário — afirmou.
A entrada do coronavírus no Brasil, em fevereiro de 2020, levou o Senado a adotar medidas sanitárias de modo a garantir a segurança de todos os senadores e funcionários. Em uma primeira etapa, o acesso à Casa e a circulação de pessoas foram restringidos, e se estabeleceu um sistema para detecção e afastamento de casos suspeitos da doença. Com o passar dos meses, o trabalho presencial de alguns setores precisou ser retomado por partes, mas sempre levando em conta a necessidade de atenção e colaboração de cada um para prevenir a doença.
Todo esse contexto alargou a consciência coletiva sobre a relevância deste grupo fundamental no enfrentamento da crise: o dos funcionários da limpeza. A diretora-geral do Senado, Ilana Trombka, ressaltou a importância desses profissionais para garantir que o Senado se mantenha dentro dos melhores padrões sanitários, com vistas à prevenção da covid-19. Segundo ela, a percepção sobre a qualidade do serviço também redobrou a atenção dos gestores da instituição sobre esse time, que atua diretamente no processo de controle e combate ao coronavírus.
— Primeiramente, ressalto o valor do trabalho desses colegas da limpeza. Como o vírus, após ter estado no ar, se deposita em algum local, é fundamental que todos os ambientes da Casa estejam limpos e constantemente higienizados, de acordo com os padrões que o Senado está utilizando — frisou.
Ana Cristina ressaltou que as ações para prevenção do coronavírus são estimuladas pelos chefes de cada setor. Ela disse, no entanto, que os próprios funcionários já se conscientizaram sobre a necessidade de observação das medidas de distanciamento, uso de máscara e higienização das mãos e estações de trabalho.
— Nós sempre cuidávamos da limpeza das copas, mas isso também foi intensificado depois da pandemia: tudo é esterilizado com álcool, estamos sempre lavando as mãos, usando luvas descartáveis. A atenção no cuidado com banheiros, áreas internas e externas foi redobrada. Nas salas onde há sessões, a limpeza é frequente e até a troca dos sacos de lixo também está sendo feita em um tempo menor: duas, três vezes ao dia — informou.
Ilana mencionou que um dos primeiros cuidados da Casa com esses funcionários foi a redução no número de equipes em atuação simultânea. Segundo a diretora, isso foi possível devido à modificação do sistema de trabalho, de presencial para remoto, para todos os servidores, o que diminuiu de modo significativo a movimentação de pessoas. A diretora-geral destacou ainda o tratamento com esses colaboradores, inclusive para a definição da escala presencial.
— Nós os resguardamos e demos a eles os mesmos critérios utilizados por servidores efetivos e comissionados, inclusive a dispensa de todos aqueles que têm comorbidades específicas relacionadas à covid-19 e idade para inclusão no chamado ‘grupo de risco’. Foram oferecidas também as mesmas máscaras utilizadas pelos servidores efetivos e comissionados e treinamento para a adequada condução dos serviços. Além disso, o Senado facultou para aqueles colaboradores que se encontram em trabalho presencial diário a realização de exame de PCR, o antígeno que pode detectar o coronavírus — salientou.
A sala onde funciona a CPI da Pandemia, localizada na Ala Alexandre Costa, recebeu adaptações como a instalação de placas em acrílico em cada mesa, para contenção do vírus, e passou a ser higienizada pelo menos oito vezes em cada expediente e sempre que os senadores a desocupam nos intervalos das reuniões.
Cícera Soares de Lima é uma das funcionárias que cuidam do ambiente. Ela comentou que, além de intensificar o trabalho, a chegada da pandemia aumentou as preocupações de todos. Ciça, como é mais conhecida, tomou a primeira dose da vacina contra o coronavírus em 1º de junho e tem a segunda dose agendada para 27 de agosto. Otimista, ela disse estar confiante de que a crise sanitária logo passará e tudo será novamente normalizado em breve.
— Trabalho com duas máscaras, luvas nas mãos e sempre lidando com álcool em gel. O Senado sempre esteve muito atento a nós e a todos os cuidados, e tenho fé em Deus de que já deu tudo certo — afirmou.
A Secretaria de Polícia Legislativa (SPol) também se engajou no esforço do Senado para combater o coronavírus. Os policiais, que se revezam em turnos, passaram por treinamento e fazem testagens de detecção do vírus semanalmente. Coordenador de Suporte às Atividades Policiais, Rafael Pimenta Weitzel informou que a secretaria submeteu 11 servidores a treinamento específico para descontaminação de ambientes. O curso foi ministrado por fuzileiros navais e, desde então, a SPol tem ajudado com os procedimentos de descontaminação da Casa.
— Além disso a polícia tem constantemente orientado os vigilantes acerca das medidas de aferição de temperatura e checagem do preenchimento do formulário eletrônico dos principais sintomas de covid-19. Também adequamos as escalas de agentes, de forma que as equipes formassem células e não houvesse o cruzamento entre elas, minimizando os riscos de contágio — afirmou.
Compartilhamentos de copos, pratos e talheres foram proibidos. O armário da copa foi lacrado e todos os servidores foram orientados quanto aos cuidados básicos de higiene e distanciamento social, disse Rafael.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)