KAMILA MARINHO
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Em coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira (18/8), o governo do Estado de São Paulo apresentou estudo feito por pesquisadores do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da província de Cantão (Guangdong), na China, que demonstra que a Coronavac evita em 100% o desenvolvimento de casos graves de Covid-19 causados pelo variante Delta do SARS-CoV-2 e tem eficácia de 69,5% contra pneumonias decorrentes da doença.
As descobertas estão no artigo “Effectiveness of Inactivated COVID-19 Vaccines Against Covid-19 Pneumonia and Severe Illness Caused by the B.1.617.2 (Delta) Variant: Evidence from an Outbreak in Guangdong, China”, publicado em uma plataforma vinculada à revista The Lancet, uma das mais importantes publicações médicas do mundo.
Os pesquisadores concluíram que a imunização total com duas doses foi 69,5% eficaz para prevenir pneumonia, um dos desdobramentos mais graves da Covid-19. Entre os não vacinados, houve 85 casos (1,44%); entre os vacinados com uma dose, 12 casos (1,42%); e entre os vacinados com duas doses, cinco casos (0,35%).
Além disso, não foram registrados casos críticos entre os vacinados, indicando que os imunizantes analisados têm 100% de eficácia contra o desenvolvimento de casos graves de Covid-19 causados pela variante Delta. Entre os não vacinados, houve 19 casos graves ou críticos.
O estudo envolveu 10.813 pessoas e foi realizado em maio e junho de 2021, durante um surto do variante Delta. Com exceção do grupo controle, os participantes haviam sido vacinados com uma das quatro vacinas de vírus inativado autorizadas para uso emergencial na China – a vacina da Sinovac (que no Brasil é chamada Coronavac), as vacinas HB02 e WIV04, da Sinopharm, e a BICV, da Biokangtai.
Dos quase 11 mil voluntários, 5.888 (54,45%) não foram vacinados, 3.130 tomaram a primeira dose e 1.795 tomaram as duas doses. Entre os participantes que tomaram a primeira dose, 48,57% (2.392 pessoas) foram imunizadas com a vacina da Sinovac; entre os que receberam as duas doses, o indicador foi de 58,28% (1.046 pessoas).
O estudo foi feito com pessoas não vacinadas e vacinadas com uma ou duas doses porque quando o surto da variante Delta começou em Cantão, a imunização em massa ainda estava em andamento. Para a análise, os pesquisadores usaram dados de vigilância sanitária e de vacinação.
“A vacina dada em duas doses tem uma efetividade que varia entre 69% a 77% em relação à proteção de pneumonia, que é o quadro mais grave. Isso é uma boa notícia, um dos primeiros estudos do que chamamos de mundo real, demonstrando a efetivamente da Coronavac contra a variante delta”, reforçou o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas.
Sobre a variante delta
A variante Delta do SARS-CoV-2 (B.1.617.2), identificada pela primeira vez na Índia em outubro de 2020, está sendo responsável pelo aumento do número de casos de Covid-19, inclusive em países onde a pandemia parecia controlada, como Israel e Reino Unido, devido à sua grande capacidade de transmissão. Cada indivíduo infectado com a variante delta pode transmitir o vírus para outras quatro a sete pessoas – ou seja, ela é 50% a 100% mais transmissível do que as demais cepas do SARS-CoV-2.
No Brasil, a variante dominante ainda é a gama (P.1, amazônica). De acordo com o boletim epidemiológico da Rede de Alerta das Variantes do SARS-CoV-2, coordenada pelo Butantan, no Estado de São Paulo a gama é responsável por 89,82% dos casos, seguida da P.1.2 (4,22%), da alfa (B.1.1.7, britânica) e, em quarto lugar, da Delta, com 0,54% dos casos.
Em todo o país, já foram registrados mais de 700 casos da variante Delta, identificada em 14 Estados e no Distrito Federal. O Butantan já está estudando se a Coronavac é efetiva contra a delta, iniciando a pesquisa pelo isolamento da variante.
Vacinação 16 e 17 anos e outras faixas etárias
O governador João Doria (PSDB) falou durante a coletiva sobre o início da vacinação de adolescentes de 16 e 17 anos que possuem comorbidades ou deficiências, grávidas e puérperas em todo o Estado de São Paulo, de acordo com o PEI (Plano Estadual de Imunização). A vacinação para este grupo vai até o dia 25 de agosto.
A partir do dia 26, já pode se vacinar quem possui de 12 a 15 anos. Para o público geral desta faixa etária, a imunização começa a partir do dia 30, para quem tem entre 15 e 17 anos, e em 6 de setembro para os de 12 a 14 anos.
Envio de vacinas pelo Ministério da Saúde
O governo de São Paulo aguarda o Ministério da Saúde enviar mais doses da vacina da Pfizer para reduzir o intervalo de aplicação da segunda dose do imunizante. Atualmente, o espaçamento é de 90 dias entre as doses.
“Vamos seguir a recomendação da redução do intervalo das doses da vacina da Pfizer. Nossos técnicos da Secretaria da Saúde entendem que é possível reduzir o intervalo entre a primeira e a segunda dose, como estabelece o próprio fabricante”, afirmou Doria.
Vacinação no Estado
De acordo com os dados disponíveis na plataforma Vacina Já, até as 13h13 desta quarta-feira foram aplicadas 45.780.110 vacinas em todo Estado, sendo 31.888.186 em primeira dose, 12.762.200 em segunda dose e 1.129.724 em dose única. Os números mostram que 71,33% da população geral já recebeu pelo menos uma dose do imunizante e 30,01% já está com o esquema vacinal completo, ou seja, tomou duas doses ou recebeu uma vacina de dose única.
A evolução diária da vacinação em São Paulo pode ser acompanhada no site do Vacinômetro. O painel tem dados detalhados sobre doses aplicadas por município, distribuição de doses, ranking de vacinação, ranking de aplicação das doses distribuídas, evolução da aplicação de doses e estatísticas gerais do PEI.
Mais sobre o novo coronavírus 1
A Prefeitura de São Paulo contabiliza 171 casos positivos para a variante Delta na capital. Nesta terça-feira (17/8) foram 22 novos registros, reportados pelos institutos Butantan e Adolfo Lutz. Em 10 de agosto, eram 149 positivos para a variante no município.
Apesar da presença da variante na cidade, dados preliminares apontam que o número de casos não apresentou curva de crescimento. Nesta terça-feira, a campanha de vacinação alcançou 100% do público-alvo, entre maiores de 18 anos, vacinados com a primeira dose ou a dose única das vacinas contra a Covid-19. Outros 42,7% estão com a condição vacinal completa.
Mais sobre o novo coronavírus 2
De acordo com o boletim diário mais recente publicado pela Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo sobre a pandemia do novo coronavírus, nesta quarta-feira (18/8), a capital paulista totalizava 36.533 vítimas da Covid-19. Havia, ainda, 1.391.398 casos confirmados de infecções pelo novo coronavírus.
Abaixo, gráfico detalhado sobre os índices da Covid-19 na cidade de São Paulo.
Em relação ao sistema público de saúde, os dados mais recentes mostram que a taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) destinados ao atendimento de pacientes com Covid-19 na região metropolitana de São Paulo, nesta quarta (18/8), é de 40,4%.
Nesta terça-feira (17/8), o índice de isolamento social na cidade de São Paulo foi de 37%. A medida é considerada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e autoridades sanitárias a principal forma de contenção da pandemia do novo coronavírus.
A aferição do isolamento é feita pelo Sistema de Monitoramento Inteligente do Governo de São Paulo, que utiliza dados fornecidos por empresas de telefonia para medir o deslocamento da população e a adesão às medidas estabelecidas pela quarentena no Estado.
Atuação do município
Nesta terça-feira (17/8), a cidade de São Paulo ultrapassou a marca de 100% de cobertura vacinal em primeira dose da população acima de 18 anos contra Covid-19. No entanto, para obter a proteção adequada contra as formas graves da doença, é preciso completar o esquema vacinal com as duas doses do imunizante ou dose única.
Segundo dados atualizados pela Secretaria Municipal da Saúde, na última sexta-feira (13/8), 211.228 pessoas não haviam retornado aos postos de vacinação no prazo recomendado para receber a segunda dose.
Para fazer a busca destes cidadãos e orientá-los sobre a importância de ficar em dia com a imunização e concluírem a vacinação contra Covid-19, agentes de saúde da capital seguem com a busca ativa, extraindo do sistema VaciVida a relação de munícipes que ainda não completaram o esquema vacinal. A partir do cruzamento de informações entre o endereço da pessoa e a UBS (Unidade Básica de Saúde) mais próxima dela, os profissionais da unidade entram em contato.
O intervalo entre uma aplicação e outra é de 21 a 28 dias para a Coronavac e de 12 semanas ou 84 dias para as vacinas da AstraZeneca e Pfizer. Somente o imunizante da Janssen tem dose única.
Com a conclusão da vacinação de primeira dose para a população adulta, agora é possível completar o esquema vacinal adiantando a segunda com as doses remanescentes, a chamada xepa.
Os munícipes podem se inscrever em uma das 468 UBSs da cidade, que funcionam de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h. É preciso ter tomado a primeira dose de AstraZeneca ou Pfizer há mais de 60 dias. No caso da Coronavac, o intervalo mínimo é de 15 dias.
Para aplicação de doses remanescentes, cada unidade organiza uma lista de espera com os munícipes de sua área de abrangência que tenham feito a inscrição e atendam aos critérios de intervalo entre as doses.
Pode se inscrever quem mora, estuda ou trabalha na região da UBS, com comprovação de residência no município. A convocação é feita por meio do telefone informado no ato da inscrição e ocorre próximo ao final do horário de vacinação. A orientação da secretaria da Saúde é que nenhuma dose viável de vacina seja desperdiçada.
*Ouça abaixo a versão podcast do boletim Coronavírus desta quarta-feira
2ª edição
*Este conteúdo e outros conteúdos especiais podem ser conferidos no hotsite Coronavírus