IARA SILVA
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A gestão e preservação da Cinemateca Brasileira foi o principal tema da reunião ordinária da Comissão de Educação, Cultura e Esportes na tarde desta quarta-feira (25/8). Os vereadores receberam, de forma virtual, o presidente da Sociedade Amigos da Cinemateca, Carlos Augusto Calil, que além de contar o histórico da instituição, fez importantes alertas sobre o futuro da Cinemateca. A discussão atendeu um requerimento de autoria do vereador Eduardo Suplicy (PT).
Sobre a Cinemateca
A Cinemateca Brasileira foi criada em 1940 por um grupo de intelectuais paulistas com o nome de Primeiro Clube de Cinema de São Paulo. Em 1956, foi desligada do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Já em 1984, a instituição foi cedida ao governo federal.
Com 250 mil rolos, seu acervo é o maior da América do Sul e conta com filmes caseiros, cinejornais, registros históricos documentais, produções seriadas e quase toda a produção cinematográfica do país.
Incêndios
Muito do acervo é constituído por filmes antigos a base de nitrato de celulose, um material que causa combustão espontânea, com a capacidade de incendiar-se apenas com o calor.
Ao todo, a Cinemateca já passou por cinco incêndios: em 1957, 1969, 1982, 2016 e, o mais recente, em 30 de julho de 2021, quando o fogo atingiu galpões do anexo da instituição na Vila Leopoldina. Ainda não há números oficiais sobre as perdas. Trabalhadores da Cinemateca já alertavam, há pelo menos 3 meses, sobre os riscos de uma tragédia.
Visita de vereadores
Um mês antes do incêndio, em 30/6, os integrantes da Comissão visitaram a sede da Cinemateca Brasileira, na Vila Mariana, zona sul de São Paulo. Na ocasião, os parlamentares foram recebidos pelo secretário especial adjunto da Secretaria Especial da Cultura, Hélio Ferraz, pelo secretário nacional do Audiovisual, Bruno Côrtes, pela coordenadora geral da Cinemateca Brasileira, Jessyca Paulino, e pelo coordenador da Cinemateca, Wellington Torres.
Propostas para a Cinemateca
O presidente da SAC (Sociedade Amigos da Cinemateca), iniciou a reunião desta quarta-feira explicando uma série de propostas voltadas à preservação e gestão da Cinemateca Brasileira. “De curto prazo, o governo federal precisa aceitar a doação da SAC, que irá assumir a Cinemateca por três meses sem ônus e contratando 40 funcionários técnicos com os recursos de doações que recebeu, inclusive da Câmara Municipal de São Paulo, mas não apenas. [Atualmente] a Cinemateca está sequestrada, ninguém entra, e a perspectiva de qualquer acidente ocorra continua existindo”, disse Calil.
Na sequência, os vereadores fizeram uma série de questionamentos. A vereadora Sandra Santana (PSDB) quis saber mais sobre as sugestões para modelo de gestão da Cinemateca. “De que forma os três poderes (federal, estadual e municipal) caminhariam juntos e qual seria o nível de responsabilidade de cada um?”, perguntou a parlamentar. Em resposta, Carlos Calil explicou que será necessário consultar especialistas e fazer um trabalho em conjunto para encontrar o melhor caminho para a administração.
Já a vereadora Sonaira Fernandes (REPUBLICANOS) apontou que o problema da Cinemateca se arrasta há alguns anos. A vereadora quis saber também quem era administrador na instituição durante outras crises. Sobre isso, Calil esclareceu que não fazia parte da presidência da SAC nas ocasiões, mas sabe que os problemas institucionais intensificaram danos durante os incêndios.
Ao fim do debate, a Comissão ficou responsável por decidir internamente como dar continuidade ao assunto, levando em consideração as sugestões abordadas.
Outros itens da pauta
Estavam previstos outros cinco itens em pauta que foram adiados por causa da discussão sobre a Cinemateca.
A reunião foi presidida pelo vereador Eliseu Gabriel (PSB) e contou com a presença dos vereadores Celso Giannazi (PSOL), Cris Monteiro (NOVO), Eduardo Suplicy (PT), Eli Corrêa (DEM), Sandra Santana (PSDB) e Sonaira Fernandes (REPUBLICANOS).
Confira aqui a íntegra dos trabalhos.