26/03/19 12h20
Mergulhados em um contexto de recessão que parece não ter fim, nem por isto os brasileiros dão mostras de ter perdido o ânimo de continuar na luta. A Associação Brasileira de Startups (ABStartups) acaba de divulgar um levantamento segundo o qual o ano de 2018 terminou com mais de 10 mil startups cadastradas. Simplesmente é o dobro do número de startups que existiam em 2017. Ou seja, as startups parecem estar se multiplicando no Brasil como cogumelos na chuva.
De acordo com a entidade, grande parte delas está concentrada no estado de São Paulo (3.081), seguido de longe pelo Rio Grande do Sul (895) e Minas Gerais (844). Ainda segundo a ABStartups, 72% das empresas são geridas por jovens de 25 e 40 anos, 87,13% têm homens à frente e 12,3% são comandadas por mulheres.
E essas novas empresas parecem estar cientes de que, sem capital, poucos projetos de pequeno porte conseguem ir para frente, e mesmo muitos empreendimentos altamente inovadores e promissores também acabam morrendo com alguns anos de vida, por falta de suporte financeiro. Por isso, segundo a ABStartups, verifica-se principalmente desde 2017 aportes, às vezes, milionários em startups brasileiras, já que esses jovens empresários estão literalmente correndo atrás dos chamados investidores-anjos. É uma nova mentalidade empresarial, sem dúvida.
Outro diferencial das startups na comparação com as pequenas e microempresas tradicionais é o forte apoio institucional que vêm recebendo, e das mais variadas instituições – algo que jamais ocorreu com o grosso das PMEs.
TESTES DE VIABILIDADE
Um programa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), – a Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe) – tem o objetivo, por exemplo, de testar a viabilidade de uma proposta inovadora, algo muito importante principalmente para quem está começando do zero. Um dos braços deste programa, o Pipe Empreendedor (Programa de Treinamento em Empreendedorismo de Alta Tecnologia), é dedicado especialmente a ajudar as atartups a testar a consistência dos seus projetos e modelos de negócios, por meio de, pelo menos, 100 entrevistas com potenciais clientes, usuários ou tomadores de opinião.
Neste ano, até 8 de maio, na 10ª. edição da Pipe Empreendedor, um total de 70 startups, que tiveram seus projetos aprovados na fase preliminar e classificatória do Pipe, se candidataram para receber o treinamento, que tem como base o programa I-Corps, desenvolvido pelo acadêmico americano Steve Blank e usado nos Estados Unidos pela National Science Foundation (NSF).
“A metodologia ensina o empreendedor a transferir os resultados das pesquisas para a sua startup. É o que chamamos de empreendedorismo baseado em evidências. E as entrevistas com os prováveis usuários são fundamentais para obter essas evidências”, explica Flávio Grynszpan, membro da Coordenação da Área de Pesquisa para Inovação da Fapesp e um dos coordenadores do programa.
O suporte institucional vem sendo fornecido até para startups que ambicionam participar do mercado externo. Assim, de modo a oferecer gratuitamente um programa completo e robusto que compreenda todas as fases da internacionalização de uma startup, por exemplo, o Ministério da Economia, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), o Ministério das Relações Exteriores, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) somaram suas expertises para criar o StartOut Brasil.
As startups que participam do programa atuam, em sua maioria, nos setores de saúde, logística, agronegócio, biotecnologia e energia. No total, 54,17% delas já receberam investimento, ou passaram por algum processo de incubação ou aceleração (68,06%). Elas faturam anualmente entre US$ 200 mil e US$ 500 mil (38,5%), têm aproximadamente 20 funcionários e atuam com o modelo de negócio B2B (68,89%).