Ensino médio integral favorece aprendizado e inserção no mercado de trabalho, avaliam especialistas
Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Debatedores defenderam mais recursos para financiar o ensino médio em tempo integral em pelo menos 50% das escolas
Parlamentares e especialistas em educação estiveram de acordo, em seminário na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (23), de que o ensino médio em tempo integral pode contribuir para melhorar os indicadores de educação no Brasil. O tempo maior na escola – pelo menos sete horas por dia, em vez das cinco atuais – pode favorecer o acesso do aluno a conteúdos culturais e esportivos, a uma alimentação balanceada e a diferentes trajetórias de vida.
“O que nós chamamos de escola de tempo integral no Brasil, ou seja, uma escola que tem uma carga horária mínima de sete horas, o mundo desenvolvido chama de escola”, observou o diretor de Estratégia Política do Movimento Todos pela Educação, João Marcelo Borges, no seminário promovido pela Comissão de Educação da Câmara.
Os professores desses estabelecimentos, continuou Borges, são de dedicação exclusiva, o que dá a eles maior interação com estudantes e com a comunidade e, consequentemente, bons resultados acadêmicos aos alunos e taxas menores de evasão. Depois que se formam, os jovens também se inserem melhor no mercado de trabalho.
Caso de sucesso
Pernambuco é considerado um caso de sucesso na implantação do ensino médio integral. Hoje mais da metade das escolas de ensino médio opera na modalidade integral, e o resultado do estado no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) passou de 2,7 em 2007 para 4 em 2017. É um resultado superior à média nacional de 3,5.
Estudante em tempo integral do 3º ano do ensino médio em outro estado do Nordeste, o Ceará, o jovem Vitor Camilo afirmou que a modalidade tem apresentado vários caminhos a ele. “Quando você está numa escola de tempo regular, você estuda meio período e no outro ou você está na rua ou em casa. No outro período, eu queria estudar, mas não tinha um professor para me apoiar”, disse.
Meta
O aumento do tempo passado na escola é a meta 6 do Plano Nacional de Educação (PNE), que preconiza a oferta da educação em tempo integral em pelo menos 50% das escolas públicas de forma a atender pelo menos 25% dos alunos da educação básica até 2024. A reformulação do ensino médio aprovada em 2017 (Lei 13.415/17) também sinaliza que, progressivamente, as matrículas em tempo integral sejam ampliadas. Segundo dados do Observatório do PNE, cerca de 40% das escolas de educação básica já atingiram o objetivo.
Para o deputado Idilvan Alencar (PDT-CE), que sugeriu o seminário, uma das razões da demora na implantação é financiamento. “Tem uma questão central, que é financiamento. O custo do aluno em tempo integral é de R$ 6 mil (por ano). O Fundeb é R$ 3 mil. O MEC saiu em um edital 2017/2018 com um incentivo de R$ 2 mil por aluno. Nós temos que saber se isso vai continuar, se vai ter um acréscimo”, especulou.
O diretor de Ações Educacionais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do Ministério da Educação, Arcione Viagi, respondeu que a pasta conta com várias iniciativas de incentivo ao ensino médio integral. “Temos R$ 800 milhões na conta dos estados para serem usados na implantação do ensino médio integral. Nós distribuímos R$ 60 milhões a mais no ano passado de recursos para alimentação escolar. Temos previstos neste ano, no PDDE [Programa Dinheiro Direto na Escola], R$ 160 milhões direcionados para o ensino médio integral”, disse.
João Marcelo Borges considera difícil atingir a meta com os níveis de investimento atuais e defende um aumento. “Se a gente fizer melhorias na eficiência do gasto e também uma pequena expansão nos investimentos com qualidade na gestão, talvez seja possível ainda alcançar a meta”, afirmou.
O que o ministério busca agora é entender as melhores práticas do ensino médio no Brasil para que elas possam servir de exemplo para outros estados. Isso porque diferentes estados, mesmo recebendo valores iguais, obtêm resultados diferentes. É preciso, segundo Arcione Viagi, verificar como cada ação funciona. A própria alimentação ofertada é um exemplo de fator que pode aumentar a capacidade de aprendizagem dos alunos.
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Ensino médio integral favorece aprendizado e inserção no mercado de trabalho, avaliam especialistas
Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Debatedores defenderam mais recursos para financiar o ensino médio em tempo integral em pelo menos 50% das escolas
Parlamentares e especialistas em educação estiveram de acordo, em seminário na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (23), de que o ensino médio em tempo integral pode contribuir para melhorar os indicadores de educação no Brasil. O tempo maior na escola – pelo menos sete horas por dia, em vez das cinco atuais – pode favorecer o acesso do aluno a conteúdos culturais e esportivos, a uma alimentação balanceada e a diferentes trajetórias de vida.
“O que nós chamamos de escola de tempo integral no Brasil, ou seja, uma escola que tem uma carga horária mínima de sete horas, o mundo desenvolvido chama de escola”, observou o diretor de Estratégia Política do Movimento Todos pela Educação, João Marcelo Borges, no seminário promovido pela Comissão de Educação da Câmara.
Os professores desses estabelecimentos, continuou Borges, são de dedicação exclusiva, o que dá a eles maior interação com estudantes e com a comunidade e, consequentemente, bons resultados acadêmicos aos alunos e taxas menores de evasão. Depois que se formam, os jovens também se inserem melhor no mercado de trabalho.
Caso de sucesso
Pernambuco é considerado um caso de sucesso na implantação do ensino médio integral. Hoje mais da metade das escolas de ensino médio opera na modalidade integral, e o resultado do estado no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) passou de 2,7 em 2007 para 4 em 2017. É um resultado superior à média nacional de 3,5.
Estudante em tempo integral do 3º ano do ensino médio em outro estado do Nordeste, o Ceará, o jovem Vitor Camilo afirmou que a modalidade tem apresentado vários caminhos a ele. “Quando você está numa escola de tempo regular, você estuda meio período e no outro ou você está na rua ou em casa. No outro período, eu queria estudar, mas não tinha um professor para me apoiar”, disse.
Meta
O aumento do tempo passado na escola é a meta 6 do Plano Nacional de Educação (PNE), que preconiza a oferta da educação em tempo integral em pelo menos 50% das escolas públicas de forma a atender pelo menos 25% dos alunos da educação básica até 2024. A reformulação do ensino médio aprovada em 2017 (Lei 13.415/17) também sinaliza que, progressivamente, as matrículas em tempo integral sejam ampliadas. Segundo dados do Observatório do PNE, cerca de 40% das escolas de educação básica já atingiram o objetivo.
Para o deputado Idilvan Alencar (PDT-CE), que sugeriu o seminário, uma das razões da demora na implantação é financiamento. “Tem uma questão central, que é financiamento. O custo do aluno em tempo integral é de R$ 6 mil (por ano). O Fundeb é R$ 3 mil. O MEC saiu em um edital 2017/2018 com um incentivo de R$ 2 mil por aluno. Nós temos que saber se isso vai continuar, se vai ter um acréscimo”, especulou.
O diretor de Ações Educacionais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do Ministério da Educação, Arcione Viagi, respondeu que a pasta conta com várias iniciativas de incentivo ao ensino médio integral. “Temos R$ 800 milhões na conta dos estados para serem usados na implantação do ensino médio integral. Nós distribuímos R$ 60 milhões a mais no ano passado de recursos para alimentação escolar. Temos previstos neste ano, no PDDE [Programa Dinheiro Direto na Escola], R$ 160 milhões direcionados para o ensino médio integral”, disse.
João Marcelo Borges considera difícil atingir a meta com os níveis de investimento atuais e defende um aumento. “Se a gente fizer melhorias na eficiência do gasto e também uma pequena expansão nos investimentos com qualidade na gestão, talvez seja possível ainda alcançar a meta”, afirmou.
O que o ministério busca agora é entender as melhores práticas do ensino médio no Brasil para que elas possam servir de exemplo para outros estados. Isso porque diferentes estados, mesmo recebendo valores iguais, obtêm resultados diferentes. É preciso, segundo Arcione Viagi, verificar como cada ação funciona. A própria alimentação ofertada é um exemplo de fator que pode aumentar a capacidade de aprendizagem dos alunos.
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