29/04/19 12h49
Líderes de agências de fomento de diversos países vão anunciar durante o 8º Annual Meeting 2019 do Global Research Council (GRC), em São Paulo, uma posição em relação à expectativa de organismos financiadores e governos de que o apoio às pesquisas científicas promova soluções para desafios econômicos e sociais em todo o mundo.
O anúncio será feito por meio de uma Declaração de Princípios, a ser divulgada durante o encontro anual do GRC. O evento reunirá cerca de 50 chefes de agências de fomento de 50 países nos cinco continentes e ocorrerá entre os dias 1º e 3 de maio.
O evento é organizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pelo Consejo Nacional de Investigaciones Científicas e Técnicas (Conicet), da Argentina, e pela German Research Foundation (DFG), da Alemanha. É a primeira vez que a reunião ocorrerá no Brasil. As edições mais recentes do encontro do GRC foram na Rússia (2018), Canadá (2017) e Índia (2016).
Neste ano, o encontro terá como tema central a crescente expectativa dos organismos financiadores, como governos e gestores de fundos públicos, de que o impacto econômico e social de pesquisas científicas tenha ênfase maior entre os critérios de seleção dos estudos apoiados pelas agências de fomento.
A questão foi previamente debatida pelas agências do GRC em discussões regionais realizadas nos cinco continentes durante o ano passado, compilada na Declaração de Princípios. O documento defenderá uma abordagem equilibrada entre a ciência básica e a ciência voltada à aplicação; a prevalência do critério de mérito na seleção de projetos para financiamento; e que a avaliação do impacto social e econômico dos estudos tenha abordagem flexível.
A Declaração de Princípios, que servirá como referência para as agências de fomento, recomendará ainda a adoção de estratégias de comunicação mais eficazes para que os resultados de pesquisas financiadas cheguem à comunidade acadêmica, à sociedade e ao governo.
Outras discussões que ocorrerão durante a reunião anual do GRC abordarão, por exemplo, a ciência aberta e o chamado Plano S, além da questão da igualdade entre gêneros no financiamento e na realização da ciência.
O Plano S trata do livre acesso a milhões de artigos científicos publicados anualmente em revistas indexadas, iniciativa liderada pela Comissão Europeia que vai entrar em vigor em 2020.
Já a questão de gêneros será discutida a partir de apresentação da professora Londa Schiebinger (Stanford University, Estados Unidos). Durante a reunião anual do GRC, o assunto também estará na pauta do Gender Working Group. Estudos já mostraram que levar em conta a dimensão de gênero na pesquisa, como evitar o uso de modelos masculinos apenas para testar hipóteses, diminui a chance de erros graves e desperdícios importantes.
Outro aspecto que será debatido envolverá a constatação de que grupos mais diversos de cientistas alcançam resultados de pesquisa com maior impacto. Tanto que agências de fomento já adotam medidas para tentar diminuir os obstáculos à participação das mulheres e de outros grupos na força de trabalho científica.
GRC
Constituído em 2012, o Global Research Council tem entre seus objetivos melhorar a comunicação e a cooperação entre os conselhos nacionais de pesquisa, além de promover o compartilhamento de dados e melhores práticas para uma cooperação de pesquisa de alta qualidade.
A organização tem como presidente e vice-presidente Vladislav Panchenko, da Russian Foundation for Basic Research, e Alejandro Ceccatto, do Conicet, respectivamente.
O Governing Board é constituído ainda por líderes de agências de fomento na Arábia Saudida, Estados Unidos, Brasil, Irlanda, Canadá, China, África do Sul, Costa do Marfim, Japão e Alemanha, além da Science Europe, que representa 27 países europeus.