O corretor de imóveis Hugo Leonardo Pimenta recorda-se com alguma nostalgia do tempo que conseguia fechar negócios com facilidade. “Havia fila para comprar um apartamento. Agora, mais do que nunca, a casa própria se tornou um sonho”, disse.
Segundo Pimenta, que trabalha com imóveis em Águas Claras, um bairro de classe média alta em Brasília (DF), em um prazo menor que uma década, a média de imóveis que vendia por mês caiu de oito para uma unidade.
O período separa o momento que a economia brasileira chegou a crescer mais de 7% ao ano para o momento atual – 1,1%, conforme a variação do PIB fechado em 2018 (segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE). O corretor crê que o mercado “pode voltar a aquecer, mas não será a mesma coisa que já foi”.
Pimenta tem expectativas positivas por causa da redução de estoque de imóveis disponíveis para venda, mas avalia que “o crédito está mais difícil de ser liberado”. Ele espera que o avanço da reforma da Previdência crie mais condições para os negócios imobiliários. “O mercado reage. As construtoras tentarão novos lançamentos”.
Economistas
A visão do corretor corresponde às expectativas dos economistas. “A gente espera que a redução de incertezas proveniente da aprovação da reforma da Previdência possa gerar algum impulso para esse setor”, diz Leonardo Mello de Carvalho, técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
De acordo com dado divulgado nesta terça-feira (7) pelo instituto, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) teve alta de 0,6% na comparação entre o 1º trimestre de 2019 e o 4º trimestre de 2018.
O indicador computa investimentos em máquinas e equipamentos; construção civil; e outros ativos fixos (como pesquisa e desenvolvimento, propriedade intelectual, lavouras permanentes, gado de reprodução).
Conforme o Ipea, o desempenho da construção civil reduziu a alta. Entre fevereiro e março deste ano, os investimentos do setor recuaram 1,8%. Além dos lançamentos no mercado imobiliário, o percentual considera obras de infraestrutura.
Gastos com infraestrutura também dependem do cenário econômico, explica Mello de Carvalho. “Projetos de infraestrutura têm maturação longa, quando se decide investimento desse porte, é preciso ter algum horizonte para o futuro da economia, dois, três ou quatro anos, para que se possa fazer uma projeção razoável para poder tomar decisão”.
Problema fiscal
O economista Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), explica que a reforma da Previdência “é crítica” para as contas públicas e para enxergar horizontes. “Uma reforma robusta aprovada agora sinaliza equacionamento da questão previdenciária, e portanto, do problema fiscal”.
Para Castelo Branco, a modesta alta da FBCF espelha o estado de espírito de investidores na atual conjuntura. “É uma ponta de frustração com o desenrolar das reformas. Mostrando que vão ser feitas em um período mais longo e talvez com menor intensidade. Isso termina contaminando confiança e expectativa, e afetando a disponibilidade e a disposição para investimento”.
Leonardo Mello de Carvalho concorda. “No início do ano a gente tinha um cenário prospectivo um pouco melhor. Era um momento onde os indicadores de confiança mostravam uma situação positiva. De lá para cá começa haver uma deterioração a esses indicadores de confiança e torna o cenário menos benigno para investimentos”, disse.
Ambos economistas esperam que as condições econômicas no 2º semestre melhorem. Castelo Branco espera que além do “eixo fiscal”, sejam atacadas imediatamente “distorções competitivas”, como a carga tributária elevada e a má logística de escoamento de produção e circulação de mercadorias, que afetam a produtividade da economia e a possibilidade de crescimento.
Edição: Fábio Massalli
O corretor de imóveis Hugo Leonardo Pimenta recorda-se com alguma nostalgia do tempo que conseguia fechar negócios com facilidade. “Havia fila para comprar um apartamento. Agora, mais do que nunca, a casa própria se tornou um sonho”, disse.
Segundo Pimenta, que trabalha com imóveis em Águas Claras, um bairro de classe média alta em Brasília (DF), em um prazo menor que uma década, a média de imóveis que vendia por mês caiu de oito para uma unidade.
O período separa o momento que a economia brasileira chegou a crescer mais de 7% ao ano para o momento atual – 1,1%, conforme a variação do PIB fechado em 2018 (segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE). O corretor crê que o mercado “pode voltar a aquecer, mas não será a mesma coisa que já foi”.
Pimenta tem expectativas positivas por causa da redução de estoque de imóveis disponíveis para venda, mas avalia que “o crédito está mais difícil de ser liberado”. Ele espera que o avanço da reforma da Previdência crie mais condições para os negócios imobiliários. “O mercado reage. As construtoras tentarão novos lançamentos”.
Economistas
A visão do corretor corresponde às expectativas dos economistas. “A gente espera que a redução de incertezas proveniente da aprovação da reforma da Previdência possa gerar algum impulso para esse setor”, diz Leonardo Mello de Carvalho, técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
De acordo com dado divulgado nesta terça-feira (7) pelo instituto, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) teve alta de 0,6% na comparação entre o 1º trimestre de 2019 e o 4º trimestre de 2018.
O indicador computa investimentos em máquinas e equipamentos; construção civil; e outros ativos fixos (como pesquisa e desenvolvimento, propriedade intelectual, lavouras permanentes, gado de reprodução).
Conforme o Ipea, o desempenho da construção civil reduziu a alta. Entre fevereiro e março deste ano, os investimentos do setor recuaram 1,8%. Além dos lançamentos no mercado imobiliário, o percentual considera obras de infraestrutura.
Gastos com infraestrutura também dependem do cenário econômico, explica Mello de Carvalho. “Projetos de infraestrutura têm maturação longa, quando se decide investimento desse porte, é preciso ter algum horizonte para o futuro da economia, dois, três ou quatro anos, para que se possa fazer uma projeção razoável para poder tomar decisão”.
Problema fiscal
O economista Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), explica que a reforma da Previdência “é crítica” para as contas públicas e para enxergar horizontes. “Uma reforma robusta aprovada agora sinaliza equacionamento da questão previdenciária, e portanto, do problema fiscal”.
Para Castelo Branco, a modesta alta da FBCF espelha o estado de espírito de investidores na atual conjuntura. “É uma ponta de frustração com o desenrolar das reformas. Mostrando que vão ser feitas em um período mais longo e talvez com menor intensidade. Isso termina contaminando confiança e expectativa, e afetando a disponibilidade e a disposição para investimento”.
Leonardo Mello de Carvalho concorda. “No início do ano a gente tinha um cenário prospectivo um pouco melhor. Era um momento onde os indicadores de confiança mostravam uma situação positiva. De lá para cá começa haver uma deterioração a esses indicadores de confiança e torna o cenário menos benigno para investimentos”, disse.
Ambos economistas esperam que as condições econômicas no 2º semestre melhorem. Castelo Branco espera que além do “eixo fiscal”, sejam atacadas imediatamente “distorções competitivas”, como a carga tributária elevada e a má logística de escoamento de produção e circulação de mercadorias, que afetam a produtividade da economia e a possibilidade de crescimento.
Edição: Fábio Massalli