O Dia Internacional do Cooperativismo e os 50 anos da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) foram celebrados em sessão solene do Congresso Nacional nesta quinta-feira (4). O sucesso do movimento cooperativista, que em 2018 gerou receitas de R$ 260 bilhões, e a certeza de que o futuro se mostra ideal para a ampliação do modelo, com seus ideais de empreendedorismo, compartilhamento e coletividade, foram ressaltados durante a sessão.
A OCB foi criada em 2 de dezembro de 1969, e o Dia Internacional do Cooperativismo é celebrado em 6 de julho.
— Temos a certeza de que o futuro é cooperativista, as novas gerações são e querem o cooperativismo. Hoje celebramos 50 anos com orgulho, e também iniciamos nossa jornada rumo aos próximos 50 — disse o presidente da OCB, Márcio Freitas.
O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) — autor do requerimento para a homenagem, ao lado do deputado Evair de Melo (PP-ES) — registrou que o movimento cooperativo remete ao pensamento coletivo, de união comunitária para enfrentar os desafios e facilitar o desenvolvimento, permitindo mais integração entre produtores e consumidores.
— Cooperar, de onde brota o sentido maior do cooperativismo, nos remete ao elo frágil, aos consumidores, algo que não é tão explorado quando o tema é abordado. O consumidor é a razão de ser das cooperativas que pensam e funcionam em um grau de excelência que ultrapassa o lucro pelo lucro, voltando-se ao consumidor ao mesmo tempo que une os produtores em função da oferta de melhores serviços numa plataforma diferenciada de desenvolvimento — disse.
Lasier Martins (Podemos-RS) citou projeto de lei dele (PL 2.107/2019) que torna o padre suíço Theodor Amstad patrono do cooperativismo brasileiro. Segundo o senador, a rigor, o cooperativismo no país nasceu no Rio Grande do Sul, fruto do trabalho do religioso para a facilitação de acesso ao crédito rural.
Números
Márcio Freitas apresentou os números do setor: são 15 milhões de cooperados, 450 mil empregos diretos gerados, R$ 350 bilhões em ativos e R$ 260 bilhões em receitas geradas que permanecem no país, frisou.
As cooperativas transportam 450 milhões de toneladas de bens, e 50% da produção da agricultura é originada nelas. São 594 municípios com cooperativas de crédito, onde não interessa a outros agentes financeiros entrar, e 31% do mercado suplementar de saúde é desenvolvido pelas cooperativas, listou Freitas.
— Nós fazemos, acreditamos no nós, no coletivo. Esta é a diferença do cooperativismo: a gente acredita que, se a gente ganha, todos têm que ganhar. Igualdade para nós é isso — acrescentou.
O senador Irajá (PSD-TO) também citou que a agricultura, o que inclui as cooperativas, é responsável por um terço da economia brasileira e pelo saldo positivo da balança comercial. De tudo que é produzido no país, 50% têm como origem o cooperativismo nacional, disse. O setor é responsável por 4% do sistema financeiro e está prestes a superar o Banco do Brasil nos números das operações de crédito, segundo o senador.
Novidades
Na sessão, o secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo, Fernando Schwanke, anunciou novidades para o setor. A ministra da Agricultura, Teresa Cristina, a quem representou, assinará portarias e decretos de interesse do setor, como o do Projeto Brasil Mais Cooperativo. Serão ações para impulsionar a inserção das cooperativas no mercado nacional e internacional e para estimular a intercooperação, com compartilhamento de boas práticas e troca de experiências de cooperativas de todas as regiões do país.
Outra alteração é em relação ao percentual nas declarações de aptidão ao Programa Nacional de Agricultura Familiar, para que as cooperativas com mais de 50% de agricultores familiares em seus quadros possam acessar as compras institucionais do governo, trazendo mais gente para o sistema. Mais um decreto a ser assinado pela ministra vai inserir todas as cooperativas no programa do Selo do Biocombustível Social.
Também participaram da homenagem o diretor de Fiscalização do Banco Central, Paulo Sérgio Neves de Souza, e o embaixador especial da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) para o cooperativismo mundial, Roberto Rodrigues — que foi presidente da OCB e também ministro da Agricultura do governo Luiz Inácio Lula da Silva, no período de 2003 a 2006.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)