O senador Alvaro Dias (Pode-PR) afirmou nesta terça-feira (23) em Plenário que não pregou o impeachment do presidente da República, Jair Bolsonaro, em entrevista ao portal de notícias UOL. O senador afirmou que apenas alertou o governo para a gravidade da situação fiscal e apontou a necessidade de controle dos gastos públicos.
De acordo com Alvaro Dias, quem lê a matéria inteira, não apenas o título, entenderá ele advertiu para o agravamento da crise fiscal e disse que, se o presidente não adotar as medidas necessárias para controlar o déficit público, corre o risco de ser alcançado pelas sanções da chamada “regra de ouro”, ou seja, sofrer um processo de impeachment. A regra de ouro proíbe o governo de endividar-se para cobrir as despesas correntes, do dia a dia.
— Estamos preocupados com o aprofundamento da crise fiscal. O déficit público alcança, neste ano, R$ 139 bilhões. O déficit nominal alcança, neste ano, R$ 517 bilhões. O déficit nominal é a soma do déficit primário com os juros da dívida pública que são pagos pelo governo. Isso significa dizer o seguinte: se o governo alcançar a economia que pretende com a reforma da Previdência — a economia propalada é de pouco mais de R$ 1 trilhão —, essa economia de dez anos desaparecerá em apenas dois anos do déficit nominal. A situação, portanto, continua gravíssima — avaliou Alvaro Dias.
O senador disse haver necessidade de medidas rigorosas de controle dos gastos públicos, como as adotadas pela chanceler alemã, Angela Merkel, ou pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Merkel, depois seguida por Obama, criou um limitador emergencial da ordem de 3% nas despesas para controlar o déficit público. Ele afirmou que o alerta dado teve o objetivo de colaborar para que o governo adote as medidas competentes, a fim de evitar problemas maiores.
— Esse é o nosso objetivo. Não podemos nos comportar aqui no Senado Federal como avestruz, que enterra a cabeça na areia para não ver o perigo que ronda. Não é também missão de um parlamentar independente ficar passando a mão na cabeça de quem governa, mesmo diante de eventuais equívocos, que são perfeitamente admissíveis em qualquer gestão de governo. É nosso dever alertar — acrescentou.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)