Estudantes e professores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) continuam a preparação para a participação no iGEM (International Genetically Engineered Machine – Máquinas Geneticamente Engenheiradas), competição internacional de engenharia de sistemas biológicos criada em 2003 pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos.
Na última quinta-feira (6), uma palestra sobre o assunto foi ministrada na central de aulas da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA), no campus de Botucatu, pela docente Danielle Pedrolli, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, do campus de Araraquara, com o objetivo de divulgar a constituição de um time da Unesp.
O torneio é realizado anualmente e envolve universidades de todo o mundo, que apresentam projetos na área de Biologia Sintética, área que combina conceitos de engenharia com ferramentas de biologia molecular para programar sistemas biológicos.
Soluções
As equipes competidoras devem criar dispositivos biológicos inovadores que permitam a solução de problemas humanos relevantes, seja na área da saúde, de biocombustíveis, preservação ambiental, produção de alimentos, manufaturas e outros. Podem participar alunos de graduação, com orientação de docentes e apoio de pós-graduandos.
Há também categorias especiais para alunos do Ensino Médio, empreendedores e programadores de software. A grande novidade na participação da Unesp no iGEM é que alunos e docentes de cursos do campus de Botucatu se uniram aos colegas de Araraquara (que já participaram do evento duas vezes) na constituição de um time de trabalho que se prepara para a competição.
Os interessados em conhecer mais sobre o time da universidade podem visitar a página do iGEM no Facebook ou Instagram ou entrar em contato pelo e-mail igem@unesp.br. Em 2017, na primeira participação, o time da Unesp de Araraquara conquistou a medalha de ouro na competição, com etapa final na cidade norte-americana de Boston.
O time, orientado pela professora Danielle Pedrolli, reunia alunos de graduação de vários cursos do campus de Araraquara e venceu mais de 300 competidores, inclusive a equipe do MIT, que obteve o terceiro lugar.
Projeto
O projeto vencedor propôs a utilização de bactérias probióticas geneticamente modificadas para a produção controlada de insulina, diretamente no intestino do portador de diabetes tipo 1. O projeto previu ainda um mecanismo de controle para evitar a disseminação das bactérias geneticamente modificadas no ambiente.
Na nova configuração, o time passa a representar a Unesp, contando com alunos de graduação dos cursos de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia, Ciências Farmacêuticas, Ciências Sociais e Engenharia Química, do campus de Araraquara e, pelo câmpus de Botucatu, estudantes do curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia da FCA e de Ciências Biológicas, do Instituto de Biociências.
“O pessoal de Botucatu comprou a ideia e se estruturou para participar conosco, com um engajamento forte dos alunos. Nossa programação agora é estruturar bem um projeto esse ano, para inscrevê-lo no ano que vem”, relata a docente Danielle Pedrolli.
Atividades
O time da universidade já está estruturado, porém, segundo a professora Rejane Maria Tommasini Grotto, do Departamento de Bioprocessos e Biotecnologia, quem tiver interesse pode procurar acompanhar as atividades do grupo.
“Queremos criar uma cultura dentro da Unesp para que, mesmo que esse aluno interessado não consiga se inserir no time agora, ele possa estar presente em competições futuras. Dessa forma, a instituição estaria melhor representada, até com um número maior de cursos e unidades envolvidas”, ressalta.
O trabalho dos times inscritos no iGEM é desenvolvido ao longo de todo ano. Com pequenas variações no calendário, as inscrições para a participação na competição costumam acontecer no início de cada ano.
Os times participantes precisam desenvolver uma série de atividades até os meses de outubro ou novembro, com metas a serem cumpridas. O evento final, com apresentação, julgamento e premiação dos projetos desenvolvidos é realizado no fim do ano em Boston.
Experiência
Victor Nunes de Jesus, aluno de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia da Unesp de Araraquara, já participou do iGEM e recomenda a experiência. “Eu me encantei e vi como a participação na competição pode ser uma forma de desenvolvimento profissional, elaborando projetos, trabalhando em equipe, entre outras coisas. É uma experiência extremamente gratificante que está me moldando para pensar em projetos inovadores e no tipo de profissional que eu quero ser”, enfatiza o aluno.
Guilherme Ferreira Luz, colega de Victor do curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia da Unesp em Botucatu, é um dos novos integrantes do time e tem altas expectativas sobre a nova empreitada na vida estudantil.
“Somos de uma área que está na fronteira do conhecimento e é extremamente inovadora. Por que não unirmos as competências dos campi de Botucatu e Araraquara e tornar isso um projeto para a Unesp como um todo? A Biologia Sintética tem o potencial de mudar algumas áreas do conhecimento. Assim como meus colegas de time, esse é um aspecto que me encanta, por isso eu quis participar desse projeto”, afirma.