Parcerias entre escolas sempre rendem bons resultados. Seja para a comunidade, como a organização de festas juninas ou a promoção de festas e comemorações em datas especiais, seja na união de diretorias para recepcionar os alunos de outra unidade, o trabalho em conjunto é fundamental na aprendizagem continuada. Na Zona Oeste de São Paulo, essa parceria produziu ainda mais frutos e invadiu a sala de aula.
Integrantes do PEI – Programa de Ensino Integral, as E. E. Brasílio Machado e a E. E. Carlos Maximiliano uniram os alunos por meio de uma matéria eletiva comum. O projeto “Amigo Sustentável” estimula a confecção de brinquedos feitos de sucata. Coletada na vizinhança das escolas, os estudantes usam diversos materiais, como papelão, garrafas PET e outros, para produzir seus próprios brinquedos.
Além das disciplinas de ciências usadas na confecção dos brinquedos, o projeto tem outro intuito: desenvolver a solidariedade. Isso porque os brinquedos produzidos não são destinados aos alunos, mas sim aos estudantes da E. E. Brasílio Machado, que “adotam” um amigo e produzem o brinquedo que ele mais gosta. “Além dos brinquedos, nós fazemos textos, bilhetes e cartas que são enviadas ao amigo sustentável da estudante. Toda sexta-feira fazemos a visita e eles brincam juntos na entrega dos brinquedos”, conta Regina Célia Silva, professora e mentora da eletiva.
Projeto coloca habilidades socioemocionais em destaque
Além de ciências e coordenação motora, o projeto “Amigo Sustentável” também desenvolve habilidades socioemocionais nos estudantes. A ideia nasceu após a percepção de que os estudantes se sentiam muito sozinhos e sempre recorriam ao celular quando poderiam interagir entre si. “Queria fazer algo que desenvolvesse o desejo de cuidar do outro. Ao adotarem um colega de outra escola, eles se relacionam, perguntam sobre o que o outro gosta. Se sentem melhores, pois percebem que fazem a diferença na vida do outro”, pontua Regina.
A parceria com a Brasílio Machado foi fundamental para a eletiva sair da ideia e ser ofertada. Para Simone Romano, vice-diretora da E. E. Brasílio Machado, o projeto é inspirador. “Nossos alunos são presenteados com brinquedos toda sexta-feira. Além do brinquedo ser sustentável, vindo da sucata, essa eletiva desenvolve a amizade, fundamental para a vida humana”, comemora a diretora.
A eletiva desenvolve ao menos uma das 10 competências socioemocionais da Base Nacional Comum Curricular: o exercício do diálogo, empatia, cooperação e resolução de conflitos. Segundo Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna, essas competências são tão importante quanto as disciplinas normais. “O que a ciência diz é que as habilidades socioemocionais têm o mesmo peso das habilidades cognitivas no resultado escolar, medindo por notas, probabilidade de abandono e escolaridade final atingida. As capacidades emocionais também ajudam nos processos cognitivos, como o processo lógico”, explica.
O sucesso da eletiva nas escolas deve influenciar a oferta de mais disciplinas que trabalhem as competências cognitivas, como o raciocínio lógico ao produzir brinquedos que sejam firmes e duráveis, e o socioemocional, que pode ser ensinado com ações propositivas como essa. “Essas competências são utilizadas em diversas situações da vida e integram o processo de cada um para aprender a conhecer, conviver, trabalhar e ser”, explica Cristina Favaron Tugas, Diretora Pedagógica do Centro Educacional da Fundação Salvador Arena (CEFSA). “São habilidades que você pode aprender, praticar e ensinar”, conclui.