Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Audiência pública para discutir os resultados da reavaliação da Anvisa sobre o glifosato
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou o uso do glifosato, agrotóxico conhecido como “mata-mato”. Após uma reavaliação, a agência concluiu que o herbicida não é cancerígeno.
A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável discutiu o assunto nesta terça-feira (7). O glifosato é o herbicida mais usado no mundo, mas sua utilização foi questionada após a Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer, que integra a Organização Mundial da Saúde (OMS), ter concluído que o Glifosato é “provavelmente cancerígeno” para os seres humanos.
Diante da liberação da substância no Brasil, o deputado Nilto Tatto (PT/SP), que sugeriu a reunião, criticou a Anvisa por não ter avaliado o glifosato da maneira como ele é aplicado na agricultura. “Quando você analisa isoladamente os componentes do glifosato, você pode ter um tipo de avaliação. Só que quando você o utiliza na agricultura, você usa a substância numa composição, e é esta composição que causa câncer”.
O coordenador do Centro de Gerenciamento de Informações sobre Emergências em Vigilância Sanitária da Anvisa, Daniel Coradi, afirma que o Brasil é um país conservador com relação à proibição do uso de agrotóxicos. Ele informou que a agência já reavaliou 15 ingredientes ativos, dos quais 12 foram proibidos e 2 tiveram alterações nas restrições de uso. Ele admitiu, entretanto, que a Anvisa não considerou o Glifosato misturado com outras substâncias na pesquisa.
“De fato essa reavaliação que a gente faz, ela não considera esse tipo de exposição ainda, mas não é só a Anvisa, todas as agências ainda estão caminhando no sentido de entender como é que esses agrotóxicos quando utilizados conjuntamente podem causar algum dano.”
A mudança recente na política de liberação de agrotóxicos também preocupa os deputados. Até abril deste ano, o governo já havia liberado o uso de mais de 150 agrotóxicos no Brasil. A lógica seria a de que se países da União Europeia liberarem um novo agrotóxico, o Brasil faria uma liberação provisória para acompanhar a tecnologia usada na agricultura da Europa.
Nilto Tatto sugeriu que a mesma lógica deve valer para produtos banidos em países desenvolvidos e que foram liberados no Brasil, apesar da alta toxidade.