02/07/19 12h14
Em entrevista à PEGN, André Barrence, diretor do projeto, analisou a trajetória do espaço e de seus programas desde que chegou a São Paulo
Pequenas Empresas e Grandes Negócios
Em 2016, a curiosidade dos empreendedores brasileiros foi aguçada pela inauguração de um novo espaço em São Paulo. O Google Campus chegou à cidade em junho com a promessa de estimular o coworking e networking entre startups.
São 2,6 mil metros quadrados de escritórios abertos, salas de reunião e auditórios. Em 2018, o espaço ganhou um novo nome: Google for Startups Campus.
No aniversário de três anos do espaço, André Barrence, diretor do Google for Startups Brasil, conversou com a PEGN sobre conquistas, desafios e planos do projeto para os próximos anos.
O primeiro mérito, segundo ele, foi o de ter ajudado a acelerar o crescimento do ecossistema de startups do país. Hoje, há cerca de 12,8 mil empresas cadastradas na Associação Brasileira de Startups (ABStartups). Em 2016, eram cerca de 4 mil.
“Tivemos o privilégio de chegar num momento em que o tipo de expertise que aportamos para as startups era fundamental”, diz o diretor. “Outra coisa que acertamos, na minha opinião, foi selecionar muito bem startups que estavam prontas para crescer e que puderam receber esse gás.”
Ao todo, 90 startups passaram pelos diferentes programas oferecidos pelo Campus. Segundo Barrence, elas já geraram 5,3 mil empregos e captaram mais de R$ 250 milhões. Entre os negócios estão nomes como IDwall, Gupy e EasyCrédito.
“São startups que têm fundadores excepcionais e capazes de construir times de muito talento. Também trabalham com setores muito grandes e com reais oportunidades de mercado”, diz o diretor. Para ajudar esses empreendedores, segundo Barrence, uma das missões do Campus é aportar tecnologias que as permitam escalar e atingir seu potencial.
Sem fronteiras
Um dos principais desafios do espaço tem sido levar esse trabalho para além das paredes do Campus – em especial para fora de São Paulo. Das 90 startups envolvidas nos programas internos do Campus, apenas 20 vinham de outros lugares do Brasil. Esse ano, um projeto realizado com a ABStartups conseguiu atingir outras 600 em 13 comunidades pelo país.
“Uma coisa que a gente gostaria muito é de ter encontrado uma solução realmente escalável e replicável do que temos de conteúdo acontecendo aqui dentro”, diz Barrence. “Apesar de ter muita coisa disponível online, sabemos que ainda existe uma parte dessa ‘magia’ que depende do espaço físico.”
Esse, segundo ele, é um desafio que continuará a ser explorado pelo Campus. Outro é o de conectar o ecossistema empreendedor brasileiro a outros da América Latina. “O Brasil claramente está em um nível de maturidade maior que em outros países. Mas existem outros ecossistemas, principalmente México e Argentina, que tem produzido boas startups há alguns anos.”
Para estimular ainda mais o ambiente de negócios daqui, o diretor destaca a importância de formar boas bases de talentos, em especial de habilidades digitais, que possam dar suporte ao crescimento das startups. Ter questões regulatórias “menos inóspitas” ao ambiente de negócios seria outro ponto.
“O terceiro ‘desafio/oportunidade’ é o processo de transformação digital que vemos em vários setores. À medida em que tivermos uma economia mais digital, conectada e servida por tecnologia, o potencial do ecossistema de startups vai se realizar mais rápido”, aponta Barrence.
Mais que proporcionar crescimento aos negócios, o objetivo é, também, oferecer soluções a problemas locais. Foi o que apontou Fábio Coelho, Presidente do Google Brasil, durante um evento que celebrou o aniversário do Campus. “Da saúde à mobilidade, temos um milhão de coisas para fazer no Brasil. Antes de nos preocupar com exportar soluções, temos que nos preocupar em impactar nosso país”.
Lição de casa
Com um mercado mais maduro que há três anos, o Campus tem se concentrado em oferecer programas e conteúdos focados em negócios em diferentes estágios. Entre as novidades estão agendas direcionadas às chamadas scale-ups, que são de alto crescimento, além de empreendedores que não são de São Paulo.
Somado ao objetivo de extrapolar as barreiras físicas do espaço, esse foco compõe o principal objetivo do Campus: fazer com que as startups brasileiras cresçam cada vez mais. “A melhor coisa para uma comunidade de startups é ter empreendedores sendo bem sucedidos. São criados heróis, empregos, oportunidades e a percepção de que é possível chegar ali”, afirma Barrence.