KAMILA MARINHO
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Atendendo ao requerimento de autoria do vereador Celso Giannazi (PSOL), integrante Comissão de Educação, Cultura e Esportes , a Câmara Municipal de São Paulo realizou na noite desta sexta-feira (7/5) uma Audiência Pública virtual com o tema: “A pandemia na Educação de Jovens e Adultos ”.
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino da rede pública destinada às pessoas acima de 15 anos que não tiveram acesso ou não concluíram o Ensino Fundamental (1º ao 9º Ano) no tempo regular.
Segundo o proponente da discussão, a Educação é um direito constitucional, mas vários problemas dificultam o acesso às pessoas que buscam alfabetização e aprendizado na rede pública de ensino.
“Com a pandemia nós percebemos que os problemas se acentuaram. A EJA foi abandonada, os alunos não tiveram nenhum projeto de acolhimento por parte do governo, não aconteceu a entrega de tablets a eles e nenhum outro tipo de auxílio a esses estudantes. As dificuldades foram escancaradas nesse período. A crise na educação atingiu tanto os alunos como os professores da EJA”, disse Giannazi.
Outro membro da Comissão da Educação, vereador Eli Correa (DEM) , também participou do debate. “Eu quero aprender sobre os problemas que estão sendo enfrentados por essas pessoas, principalmente durante a pandemia. Estou aqui para ouvi-los, ” disse o parlamentar.
Convidados
Para a discussão, foram convidados representantes do MOVA (Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos), Coletivo Paulo Freire, Campanha Nacional pelo Direito à Educação, REPU (Rede Escola Pública Universidade), Defensoria Pública do Estado de São Paulo, GEDUC (Grupo de Atuação Especial de Educação) do Ministério Público do Estado de São Paulo, além de diversas secretarias municipais, Conselho Municipal do Direito da Criança e Adolescente e Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.
Participações
Conselheiro do Movimento de defesa da EJA, o professor Paulo Cesar Ribeiro de Moraes, que trabalha com a educação de adultos há quase 30 anos, observou que as dificuldades e obstáculos são vivenciados há muito tempo e que a categoria não recebe apoio para o desenvolvimento do trabalho nas escolas públicas.
“Na pandemia, a dificuldade é ainda maior. Os nossos alunos não têm internet, computador, tablets, o que dificulta o processo de ensino. Tudo isso demonstra o quanto professores e alunos da EJA são esquecidos pela administração pública”, lamentou o professor.
Outro problema apontado durante a Audiência foi sobre a desproporção entre oferta de vagas e a demanda de alunos. Segundo Cláudia Martinho, professora da EJA, existem muitos estudantes querendo estudar, mas sem local para serem recebidos.
“Eu queria chamar a atenção para o fechamento de turmas, deixando os alunos sem escolas. Eu estou aqui na região de Parelheiros e são mais de mil pessoas na fila de espera. Em contrapartida, várias turmas e salas de aula foram fechadas pela Prefeitura e pelo Estado. Essas pessoas precisam ser respeitadas” disse a professora.
Executivo
A representante da SME (Secretaria Municipal da Educação), Thaís Cristiane Padilha, se comprometeu em encaminhar todas as dificuldades relatadas durante a Audiência.
“Nós temos consciência de todas as dificuldades que estamos passando neste período de pandemia e todos os encaminhamentos ouvidos aqui, como reorganização do calendário e dos alunos. Tudo isso será repassado aos setores responsáveis”, comentou Thaís que integra a coordenadoria pedagógica da SME.
Já o representante da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, Luiz Carlos Lopes, lembrou dos desafios dos alunos com deficiência. “Nós temos muitos alunos com deficiência fora da escola. Precisamos trabalhar de forma Intersetorial, junto às outras secretarias, para sanar todos esses problemas, ” comentou.
“Nós estamos pensando qual a forma que podemos ajudar esses alunos para não ocorrer uma grande evasão escolar. Com pouca qualificação já é difícil a garantia de renda, imagina sem nenhuma qualificação? Precisamos evitar que isso aconteça ”, comentou Maria Eugênia Ruiz, diretora da Fundação Paulistana e representante da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico.
Ministério Público
Segundo Daniel Serra Azul Guimarães, Promotor De Justiça do GEDUC (Grupo de Atuação Especial de Educação) do Ministério Público do Estado de São Paulo, o fechamento de vagas na EJA é uma das coisas mais graves que vem acontecendo na capital.
“Estamos tendo diversos retrocessos sociais nos últimos anos no Brasil e a Educação tem sido especialmente atingida. Quando a gente fala de EJA, nós estamos falando de um grupo que é sempre esquecido por mais que devesse ser prioritário, pois é o grupo negligenciado por não ter tido acesso à Educação quando deveria, ” disse o promotor.
Clique aqui e confira a íntegra do debate.