A operação Fumus realizada hoje (24) pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio de Janeiro, em parceria com a Polícia Federal, cumpriu quatro mandados de prisão preventiva de um total de 34 expedidos pela 1ª Vara Criminal Especializada da Capital.
O objetivo da ação era colocar sob custódia 40 acusados de integrarem organização criminosa responsável por crimes de extorsão, roubo, lavagem de dinheiro, corrupção e delitos fiscais praticados com a comercialização ilegal de cigarros.
Na ação, foram presos dois policiais militares: Adriano Teixeira Bastos e Flávio Lúcio de Oliveira Lemos que atuavam como seguranças da quadrilha. Outros quatro militares que fazem parte do grupo não foram localizados. Foram presos ainda Carlos Henrique de Araújo e Vitor Hugo Gonçalves da Silva Oliveira.
De acordo com o Gaeco/MPRJ, “as pessoas que não foram localizadas em suas residências e estão foragidas [mostram] um forte indício de que houve algum tipo de vazamento. O MPRJ, portanto, irá adotar as medidas pertinentes para buscar a confirmação do vazamento e dos envolvidos”, informou em nota.
Comercialização forçada
Os cigarros da marca Club One são fabricados pela Companhia Sulamericana de Tabacos, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. De acordo com a denúncia, os criminosos obrigam comerciantes de cigarro, que estejam em áreas de influência da organização criminosa, a venderem exclusivamente cigarros da marca repassada por eles, a Club One, nas condições por eles impostas e observado o tabelamento de preço imposto pela quadrilha.
Ainda de acordo com a denúncia, as vítimas são comerciantes de pequeno e médio porte e informais, que não possuem apoio da estrutura das grandes redes varejistas ou CNPJ.
Os comerciantes que optam por vender cigarros diversos daqueles comercializados pelos denunciados, têm suas mercadorias apreendidas, além de serem ameaçados. De acordo com a denúncia, tal “apreensão” corresponde a roubo, pois integrantes do bando capturam mercadorias mediante grave ameaça.
Segundo estimativas da operação, a quadrilha faturou entre 2019 e 2021 cerca de R$ 45 milhões. Estima-se que, apenas no centro de distribuição de Duque de Caxias, onde a quadrilha agia, nos meses de setembro de 2019 a fevereiro de 2020, o faturamento totalizou mais de R$ 9 milhões – média mensal de R$ 1,5 milhão.
As investigações também apontam que a Companhia Sulamericana de Tabacos mantém estrita relação com integrantes da quadrilha e emite notas fiscais com informações falsas sobre a venda de cigarros da marca Clube One para as empresas do bando. A organização criminosa, desta forma, pode fixar baixos preços dos cigarros, além de criar um lastro para que o grupo criminoso possa lavar dinheiro.