DANIEL MONTEIRO
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O Instituto Butantan, na capital paulista, submeteu à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) na manhã desta sexta-feira (23/4) uma solicitação para o início dos testes em humanos com a Butanvac, vacina contra o novo coronavírus desenvolvida pelo Instituto. O anúncio do pedido ocorreu em coletiva do Governo do Estado nesta sexta, no Palácio dos Bandeirantes.
A solicitação é para realização de testes em humanos de fase 1 e 2, chamados de “Estudo clínico para segurança e imunogenicidade comparativo”. “Ele não é um teste de você incluir voluntários comparando o grupo vacinado com grupo placebo. Aqui, você já tem o padrão, determinado pelas demais vacinas, então você já sabe o que esperar de uma vacina. Portanto, você vai avaliar uma nova vacina de forma comparativa, sempre na perspectiva de que ela possa ser melhor”, explicou Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan.
“Você tem marcadores imunológicos, você já tem os parâmetros de segurança e é isso que nós vamos fazer. Vamos iniciar uma fase inicial de segurança, ou seja, se a vacina não traz nenhum tipo de efeito adverso e, no segundo momento, a imunogenicidade: vamos estudar as pessoas que vão receber, qual é a resposta imunológica que essas pessoas desenvolvem e comparar essa imunogenicidade com resposta de outras vacinas já descritas. Com isso, a gente pode inferir a eficiência da vacina. Se ela for superior do ponto de vista desses parâmetros a serem analisados, a gente evolui e aí já tem condições, inclusive, de pedir o uso emergencial com base nesses resultados”, completou Covas.
Os testes de fase 1 e 2 têm duração máxima prevista de 20 semanas, mas a expectativa do Butantan é de que a partir da 16ª ou 17ª semana já sejam obtidos resultados de análise primária e, com isso, o Instituto possa solicitar à Anvisa autorização para o uso emergencial da vacina. A população alvo do estudo, nesse momento, será de adultos acima de 18 anos e incluirá indivíduos que já foram vacinados ou que já foram acometidos pela Covid-19 e, ainda, pessoas que ainda não tiveram contato com o vírus.
“Existe todo um racional para obter essas respostas. É um estudo curto exatamente por isso. Houve um esforço de agências regulatórias do mundo para definir alguns pontos que esses estudos devem ter. Isso aconteceu recentemente com o FDA (sigla em inglês para Food and Drug Administration, agência federal do departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos) e a Anvisa agora vai ter a primeira oportunidade também de se manifestar sobre o assunto. Esperamos que seja positiva essa manifestação e possamos, de fato, colocar isso em prática rapidamente”, pontuou Covas, que destacou ainda o fato de que o Brasil será o primeiro país a testar uma vacina nessas condições, por meio de um estudo de comparação com outros imunizantes existentes.
Em março, o Butantan já havia encaminhado à Anvisa um dossiê com o desenvolvimento clínico da vacina, primeira etapa para o encaminhamento do pedido para o início dos testes em humanos feitos nesta sexta.
Caso a Butanvac seja aprovada pela Anvisa, o Butantan destaca que a produção dessa vacina poderá ser mais rápida em comparação com os outros imunizantes contra o novo coronavírus já produzidos no país, uma vez que não haverá a necessidade de importação de matéria-prima. Além disso, a estrutura para produção da Butanvac será a mesma utilizada pelo Butantan para a elaboração da vacina da gripe, o que garantirá uma maior capacidade produtiva do imunizante.
Investimento na vacinação
Também em relação à vacinação, o Governo de São Paulo anunciou que vai apoiar as campanhas de imunização nos municípios paulistas com a destinação de R$ 33 milhões, que serão aplicados na compra de insumos e no pagamento das equipes de atendimento de vacinação contra o novo coronavírus em todo o Estado.
Queda nos indicadores
Outro ponto destacado pelo Governo de São Paulo na coletiva desta sexta foi a queda, pela primeira vez depois de dois meses de alta, nos principais indicadores da pandemia no Estado, com diminuição do número de novos casos, internações e óbitos provocados pela Covid-19.
Em comparação com a semana epidemiológica anterior, houve queda de 23,6% no número de óbitos; diminuição de 6% nas internações e redução de 14,3% nos registros de novos casos. Segundo a administração estadual, os índices refletem o avanço da vacinação no Estado e o sucesso das medidas restritivas do Plano São Paulo adotadas nas últimas semanas.
2ª etapa da Fase de Transição
Na coletiva desta sexta-feira, o Governo de São Paulo reforçou que, a partir deste sábado (23/4), começa a 2ª etapa da Fase de Transição do Plano SP, com a retomada das atividades do setor de serviços em todo o Estado. Todas as áreas autorizadas a retomar as atividades deverão operar com limite máximo de 25% da capacidade de ocupação e terão de aplicar protocolos sanitários rigorosos em seus estabelecimentos.
Com as novas regras, válidas até 30 de abril, as academias estarão autorizadas a funcionar das 7h às 11h e das 15h às 19h. Salões de beleza e barbearias, atividades e estabelecimentos culturais (como clubes e museus), além de restaurantes e similares, poderão funcionar das 11h às 19h. Os parques públicos estaduais e municipais também reabrirão das 6h às 18h.
Importante destacar que, durante a 2ª etapa da Fase de Transição, a função bar continua proibida nos estabelecimentos comerciais autorizados a abrirem, como restaurantes e similares. Dessa forma, só poderá haver consumo de bebidas alcoólicas nos estabelecimentos cujos CNPJs tenham autorização e ofereçam refeições aos consumidores.
O atendimento presencial das atividades comerciais (lojas e shoppings), que já estava autorizado das 11h às 19h desde o dia 18 de abril, continuam permitidas, bem como as atividades religiosas individuais e coletivas em igrejas e templos.
Apesar da retomada gradual, ainda serão mantidas diversas medidas restritivas já vigentes. Dessa forma, durante a 2ª etapa da Fase Transição, continuarão válidos o toque de recolher das 20h às 5h; o teletrabalho para as atividades administrativas não essenciais; e o escalonamento do horário de entrada e saída de atividades do comércio, serviços e indústrias.
A nova atualização do Plano SP será feita na próxima sexta-feira, 30 de abril, com o anúncio de medidas que passarão a vigorar a partir de 1º de maio.