Por unanimidade, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou nesta terça-feira (2) o nome da economista Fernanda Feitosa Nechio, indicada para exercer cargo de diretora de Assuntos Internacionais e Riscos Corporativos no Banco Central do Brasil (BC). A mensagem da Presidência da República com a indicação (MSF 29/2019) segue com urgência para votação no Plenário.
Fernanda Nechio tem mestrado e doutorado em economia. Foi professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro e da Universidade de Berkeley, na Califórnia (EUA). Desde 2009, trabalha no Federal Reserve Bank, o Fed, banco central dos Estados Unidos, onde atualmente é consultora. É autora de várias publicações internacionais sobre política monetária e temas de interesse do Banco Central.
Durante a sabatina, Fernanda Nechio respondeu questionamentos de senadores, comentando, por exemplo, a possibilidade de introdução do chamado “duplo mandato” para o BC.
Atualmente, o BC tem um “mandato simples”, ou seja, o cumprimento das metas de inflação está acima de outros objetivos. Outros bancos centrais espalhados pelo mundo, como o Fed, possuem mandatos duplos, onde a manutenção do emprego e renda da população é outro objetivo da atuação do órgão. Para a economista, é arriscado promover essa mudança de atribuições do BC:
— Pode ser um movimento arriscado e gerar incertezas quanto à condução da política monetária — avaliou Fernanda em resposta uma pergunta do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).
Crescimento
A senadora Kátia Abreu (PDT-TO) perguntou a razão da demora na retomada do crescimento do país e quis saber a opinião da indicada sobre os efeitos da reforma da Previdência na economia. Em resposta, Fernanda Nechio avaliou que a reforma da Previdência e a aprovação de outras propostas liberalizantes ajudam a melhorar a expectativa de crescimento e “diminuir incertezas”.
— Os efeitos podem não ser imediatos em si, mas as mudanças sobre a percepção do país afetam decisões de investimento, o que afeta a economia e possíveis ganhos e expectativas de crescimento — respondeu.
OCDE
O relator da indicação, senador Irajá (PSD-TO), destacou que o currículo da candidata revela o alto nível de qualificação profissional, bem como sua formação acadêmica e técnica. Durante a sabatina, o senador quis saber de Fernanda Nechio sobre os impactos do possível ingresso do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em fevereiro, os Estados Unidos anunciaram que apoiariam a entrada do Brasil na OCDE, mas, em troca, o governo brasileiro deveria abrir mão do status especial que recebe na Organização Mundial do Comércio (OMC). Na avaliação da indicada para o BC, o ingresso na OCDE é positivo para o Brasil.
— O custo da entrada na OCDE é bastante baixo diante dos benefícios. Pode gerar no futuro a redução de risco-país; abre um leque de investimentos. Investidores internacionais prestarão mais atenção ao país — analisou.
A indicada também classificou como “positiva” para o mercado a notícia do acordo entre Mercosul e União Europeia que estabelece regras para facilitar a exportação e a importação de produtos entre os países membros. Ela ressaltou, contudo, que os detalhes ainda estão sendo divulgados.
Spread bancário
Os altos spreads bancários, os elevados lucros dos bancos e taxas de juros praticadas no cheque especial, no cartão de crédito e nos empréstimos também foram alvo de questionamentos dos senadores. Spread é a diferença entre a remuneração que o banco paga ao cliente para captar um recurso e o quanto esse banco cobra para emprestar o mesmo dinheiro. O presidente da CAE, Omar Aziz (PSD-AM) e Rogério Carvalho (PT-SE) foram alguns dos senadores que perguntaram a opinião de Fernando sobre esses temas. Segundo ela, o Banco Central desde a gestão do ex-presidente Ilan Goldfajn tem se empenhado em enfrentar o spread.
— O Banco Central tem atuado na questão do spread bancário de forma muito forte desde a gestão anterior, de Ilan Goldfajn, e agora com Roberto Campos Neto. O objetivo é a redução do spread e a democratização do acesso ao crédito — defendeu.
IFI
Na mesma reunião, foi lido o relatório do senador Eduardo Braga (MDB-AM) à indicação de Josué Alfredo Pellegrini ao cargo de diretor na Instituição Fiscal Independente (IFI). Criada no final de 2016 pelo Senado, a instituição busca ampliar a transparência nas contas públicas.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)