Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Sessão solene relembrou atuação de Sandino contra intervenção dos Estados Unidos na Nicarágua
A Câmara dos Deputados prestou homenagem nesta segunda-feira (1º) pelos 85 anos da morte de Augusto César Sandino, herói nacional da Nicarágua. O líder revolucionário lutou contra a ocupação norte-americana na Nicarágua nos anos 1930.
Para o coordenador de Relações Internacionais da Central de Movimentos Populares, Afonso Magalhães, a solenidade é apropriada para refletir sobre o que vem acontecendo na América Latina. Ele destacou a importância dos “movimentos de massa”, em especial do ocorrido na Nicarágua entre 1926 e 1933. “Sandino simboliza a luta dos povos da América Latina e do Caribe”, afirmou.
O jornalista e membro da diretoria da TeleSur, rede de televisão multiestatal para América, Beto Almeida, registrou a importância da homenagem e relembrou as ações sandinistas. “Nas montanhas da Nicarágua, Sandino ensinava a ler e a escrever mesmo durante os combates”, ressaltou.
Ele acrescentou que, até hoje, o país implementa políticas públicas com base nos ideais do líder revolucionário, como a que garante que 90% do ensino superior seja público.
O diretor da Casa da Cultura da América Latina da Universidade de Brasília (UnB), Alex Calheiros, salientou que os países latino-americanos estão unidos por um passado de colonização e que o homenageado representa a luta pela soberania. “É nesse sentido que Sandino ocupa um lugar importantíssimo na luta pela liberdade dos nossos povos”, concluiu.
A embaixadora da Nicarágua, Lorena Martínez, agradeceu a homenagem ao herói nicaraguense que lutou contra a intervenção estrangeira. “Na Nicarágua, lembramos Sandino como um orgulho latino-americano, alguém que colocou em prática seu próprio pensamento: eu quero pátria livre ou morrer”, recordou.
Lorena Martínez afirmou que os ideais de Sandino estão presentes no país até hoje. “O povo e o governo nicaraguense defendem o direito de escolher os seus próprios caminhos e o respeito das decisões internas”, disse a embaixadora.
Luta por liberdade
A deputada Erika Kokay (PT-DF), uma das autoras do requerimento para a solenidade, afirmou que é fundamental repensar a importância da soberania do Brasil e dos países latino-americanos. “Todas as vezes que ouvimos o grito de um país que luta por liberdade e igualdade de direitos, lembramos que Sandino está vivo”, enfatizou.
Erika Kokay ressaltou que, neste dia em que o Brasil lembra do golpe civil-militar de 1964, é importante recordar o exemplo do homenageado para impedir que o passado seja apagado. “Se se nega o direito ao passado, se nega o direito a um futuro livre e soberano”, declarou.
A parlamentar disse ainda que a solenidade significa uma homenagem atual a todos os povos que lutam por liberdade e por uma vida menos sofrida.