27/05/19 14h20
Representantes da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo participam da obra, lançada neste mês em SP
Governo do Estado de São Paulo
O Museu de Arte Moderna (MAM), na capital paulista, recebeu em 16 de maio o evento que marcou o lançamento do livro Innovation in Brazil: Advancing development in the 21st century, que debate sobre os desafios relacionados à inovação no século XXI.
Os autores da publicação sugerem um conjunto de ações estratégicas para impulsionar a inovação, de modo a permitir aumentar a produtividade e o crescimento econômico do Brasil e colocar o País na rota do desenvolvimento. A versão em inglês do livro pode ser adquirida pela internet.
Resultado de um projeto financiado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o livro reúne reflexões de pesquisadores do Industrial Performance Center (IPC) do Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos, e acadêmicos, empresários e especialistas em política científica e tecnológica no Brasil, sobre os desafios para a criação de um ambiente mais favorável à inovação no país. A obra ganhará uma edição em português, prevista para ser lançada em outubro.
“O livro é binacional, no sentido de que tem uma participação muito equilibrada de autores dos Estados Unidos e do Brasil. Além disso, é interdisciplinar, uma vez que, entre os autores, há economistas, sociólogos, engenheiros, físicos e empresários. Isso permite ter perspectivas distintas sobre a inovação”, ressalta Ben Ross Schneider, coordenador do IPC-MIT e um dos editores da obra, à Agência Fapesp.
Investimentos
Os autores do livro – entre eles, Carlos Américo Pacheco e Carlos Henrique de Brito Cruz, respectivamente, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo (CTA) e diretor científico da Fundação de amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) – destacam que o Brasil lidera os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) na América Latina.
A nação investe mais do que o dobro da média de recursos dos outros países e ser responsável por cerca de dois terços dessa atividade na região. Os autores também apontam que o Brasil também é um dos principais investidores em P&D entre os países de renda média, juntamente com a Malásia e a Rússia.
“O Brasil continua a ter uma das economias mais fechadas do mundo. Para a inovação avançar, é preciso de uma maior integração à economia mundial para alavancar tecnologias e entrar em novos mercados”, enfatiza Elisabeth Reynolds, diretora-executiva do IPC-MIT e também editora do livro, à Agência Fapesp.
Desafios
Segundo os autores, alguns dos desafios enfrentados para traduzir o conhecimento científico e técnico gerado por essas instituições de pesquisa em novos produtos, processos e serviços pelo mercado, contudo, são o pequeno número de engenheiros formada no país, o alto custo de insumos para P&D devido a políticas protecionistas e o limitado número de parceiros no setor privado dispostos a investir em tecnologias em estágio inicial.
“Algumas universidades brasileiras, como USP, Unicamp, Unesp e URFJ, já mantêm muita colaboração com empresas. Isso pode ser medido pela quantidade de recursos que captam do setor privado para a realização de pesquisas em colaboração, pela publicação de artigos em coautoria, ou pelo número de patentes em cotitularidade”, diz Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp.
“Mas há muito espaço para aumentar essa interação e me parece ser o momento para se buscar iniciativas que as universidades podem adotar, exercendo sua autonomia, para se tornarem mais eficazes em educação, pesquisa fundamental e pesquisa em colaboração com empresas”, acrescenta.
Conhecimentos
A coordenadora de pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Fernanda de Negri, também uma das autoras da obra, avalia que há muitas áreas no Brasil nas quais poderiam ser aplicados os conhecimentos gerados pelas universidades e instituições de pesquisa.
Segmentos como saúde, mobilidade urbana e energia poderiam ser priorizados nos investimentos em pesquisa por meio de fundos específicos, de acordo com a autora. “No Brasil, não temos estabilidade de fundos de financiamento para ciência e tecnologia. Isso torna muito difícil para as universidades planejarem seus investimentos em pesquisa”, afirma.
“A criação de fundos de pesquisa orientados para áreas específicas pode ser uma boa estratégia para priorizar ou utilizar melhor os fundos para ciência e tecnologia”, finaliza Fernanda de Negri.