A Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) anunciou, nesta terça-feira (16/04), a implantação de um plano de ações voltado ao público infantil, durante o período sazonal de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). As medidas incluem a ampliação de leitos, reorganização do fluxo de atendimento, atuação em conjunto com a atenção primária e monitoramento diário das demandas nas unidades. Abrangem, ainda, campanha de orientação à população, reforçando a necessidade de vacinação e de não deixar os casos se agravarem, buscando atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
Durante o período, marcado pelas fortes chuvas predominantes no chamado “inverno amazônico” e pelo consequente crescimento de casos de SRAG, os Centros de Atenção Integral às Crianças (Caic’s), da rede estadual de saúde, deixarão de atender apenas os pacientes agendados, para receber a demanda espontânea das suas áreas de abrangência. “Se chegar uma criança com febre, com tosse ou qualquer problema respiratório, vai ser atendida, mesmo sem consulta marcada”, afirma a secretária de Estado de Saúde, Nayara Maksoud.
Para reforçar o serviço de urgência e emergência, a secretária informa que os hospitais infantis estarão atuando com capacidade ampliada, com suporte laboratorial e de imagem. No Hospital e Pronto-Socorro da Criança (HPSC) Zona Oeste, por exemplo, o número de leitos saiu de 81 para 97.
A SES também está adotando nos prontos-socorros o modelo denominado “alta oportuna”. A secretária explica que quando a criança recebe alta hospitalar, os pais já saem com o kit das medicações necessárias para continuar o tratamento em casa e com consulta pré-agendada para acompanhamento nos Caic’s ou UBSs.
O plano de ações, segundo ela, foi definido a partir de reuniões técnicas envolvendo as equipes de assistência, de vigilância e as empresas que atuam na prestação de serviços pediátricos ao Estado. Foram formadas Comissões, para levantamento das demandas nas unidades, tempo de atendimento e reorganização do fluxo.
O objetivo principal, diz a secretária, é antecipar as ações para evitar a superlotação da rede, garantindo, assim, total assistência aos pacientes, conforme orientação expressa do governador do Amazonas, Wilson Lima. As ações envolvem desde a orientação para a atenção primária quanto ao atendimento à população, até a organização de exames laboratoriais e de imagem, assistência médica hospitalar, quando for o caso, alta e acompanhamento após a saída da internação.
O carro chefe, alerta a secretária, é a conscientização para a importância da cobertura vacinal. “Essa orientação é a chave de tudo. Quem não tomou a vacina contra Influenza (gripe) deve procurar a UBS mais próxima. Peço a colaboração da população nesse sentido”, observa. Ela destaca que a SES está atuando em articulação direta com as secretarias municipais de saúde, da capital e do interior, para a busca ativa desse público e para monitorar as demandas nas UBSs.
Ela reforça aos pais que não deixem os casos se agravarem, que busquem atendimento nas UBSs, se as crianças apresentarem febre baixa e moderada, em função de gripes e resfriados. Os prontos-socorros, ressalta, são para os casos mais graves.
Os números
A Fundação de Vigilância em Saúde Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP/AM) divulga os números dos casos no Amazonas. No período de 1º de janeiro a 11 de abril de 2024, no Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen-AM), integrante da FVS-RCP, foram recebidas 15.059 amostras, das quais 8.086 foram analisadas pelo método de RT-PCR para Vírus Respiratórios.
Destas, 18,4% foram confirmadas para Coronavírus SARS-CoV-2, 15,4% para outros vírus respiratórios e 5,2% para Influenza. Na categoria de outros vírus respiratórios, foram identificados 1.223 casos, sendo 74,1% para rinovírus, 18,1% para Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e 6,7% para adenovírus.
“Estamos observando a circulação do vírus da Covid-19 e outros vírus respiratórios. Nesses primeiros meses do ano, é a vigência do período sazonal de vírus respiratórios no Amazonas”, frisa a diretora-presidente da FVS-RCP, Tatyana Amorim.
Ainda de acordo com os dados da FVS-RCP, especificamente sobre SRAG, quando há hospitalização, em 2024, até o dia 11 de abril, foram registrados 769 casos no Amazonas. Destes, 26,8% foram por infecção ocasionada por SARS-CoV-2 (Covid-19) e 34,9% foram classificados como SRAG não especificado, incluindo Covid-19, rinovírus, VSR, adenovírus e influenza.
Dos 769 casos de SRAG, 339 apresentaram fatores de risco associados. Entre os fatores de risco para SRAG estão cardiopatias (39,2%), diabetes (28,3%), hipertensão (17,4%), pneumopatias (17,4%) e asma (9,4%).
Prevenção
O médico pediatra Eugênio Tavares, da rede estadual de saúde, alerta sobre os sintomas das SRAG e orienta aos pais a como identificá-los e onde procurar atendimento. ”A princípio, a criança apresenta febre baixa, de até 38º graus, coriza e tosse leve. É importante, nesse estágio, que os pais levem a criança até uma UBS mais próxima ou a um Caic, porque essas unidades possuem pediatra apto a tratar qualquer infecção respiratória, de leve a moderada. Não há necessidade de levar a criança para prontos-socorros”, detalha.
Conforme o especialista, em casos de sinais de gravidade, como vômitos que não cessam, respiração ofegante com cansaço, febre superior a 39º graus, qualquer episódio de convulsão ou se a criança apresentar sinais de cianose (cor arroxeada), os pais devem ir de imediato a um pronto-socorro. A rede estadual de saúde conta com três Hospitais e Prontos-Socorros da Criança (HPSC), em Manaus – da Zona Sul (na Avenida Codajás, bairro Cachoeirinha), da Zona Oeste (na Avenida Brasil, Compensa) e da Zona Leste (Alameda Cosme Ferreira, s/n, São José I).
Eugênio Tavares lembra que, se a criança tiver histórico de asma, pneumonia recorrente ou com doenças associadas a neuropatia crônica, os pais precisam ficar em alerta. “Se apresentar sinais de cansaço e febre constante, associados a quadro gripal com diarreia e vômito, devem procurar auxílio médico em um HPSC”, conclui.