Todo professor sonha que seus alunos se interessem pelo conteúdo escolar, saibam trabalhar em grupo e usem o conhecimento adquirido de forma sistêmica. Pelo menos uma disciplina cumpre com todos os requisitos: a robótica. Integrante há anos da grade curricular do PEI – Programa de Ensino Integral, ela apresenta diversos benefícios para a educação.
A robótica educacional é caracterizada por formar um ambiente de aprendizagem que reúne materiais com peças, motores e sensores controláveis por computador e software. A ideia é que o aluno idealize e operacionalize a montagem de uma solução. “A proposta é despertar o interesse dos jovens pela vocação científica por meio da participação em atividades científicas, tecnológicas e de pesquisa”, explica Edvaldo Fonseca, docente de engenharia da USP.
A robótica também coloca o aluno como responsável pelas suas decisões. Quando deparado com múltiplas escolhas de combinação entre peças e motores, os alunos são estimulados a ter autonomia, capacidade de criatividade e decisão. “A utilização de kits robóticos nas disciplinas têm gerado excelentes resultados em todos os níveis de aprendizado baseado no trabalho em equipe, experimentação, troca de experiências do aluno do ensino médio com estudantes universitários e motivação do corpo discente”, destaca Cleyton Ferreira dos Santos, também docente da USP.
Outro ponto fundamental da robótica pedagógica é a socialização. Alunos são estimulados a criar soluções em grupo, o que é feito com debate de ideias, levantamento de pontos e contrapontos e um consenso. Esse exercício desenvolve competências não cognitivas e habilidades socioemocionais, a exemplo de oratória, trabalho em equipe, autoestima, concentração, proatividade e gestão de tempo e recurso, entre outras disciplinas.
Para Haroldo Rocha, secretário executivo da Educação, a escola deve ser um agente formador de novas habilidades, o que casa com o propósito da robótica: “O aluno do século XXI é antenado, conectado e quer ser agente de seu conhecimento. Não podemos mais ter a escola apenas o professor transmitindo o conhecimento. Ele deve ser um tutor”, pontua.
Sucesso, olimpíadas e competições
O sucesso da robótica na rede pública de São Paulo é tanto que diversas turmas de escolas que aderem ao PEI – Programa de Ensino Integral – formam turmas para disputar seletivas em campeonatos regionais, nacionais e até internacionais. É o caso da E. E. Amador Bueno da Silva, em Taubaté. Cerca de 18 alunos formaram a equipe Taubatexas, que voltou dos Estados Unidos entre os 30 primeiros colocados na FIRST, a maior competição de robótica do mundo.
A diretora Juraci Santana, conta que o desempenho foi tão grande que os alunos se empenharam muito mais. “O desenvolvimento do projeto deles aconteceu no contraturno escolas e até nas férias. Os alunos se dedicaram muito e a robótica transformou a vida da comunidade”, comemora. Além da Taubatexas, a equipe Brazilian Storm, da rede pública de São José dos Campos, também participou da FIRST.