O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) quer obrigar, na lei que rege as ações governamentais no combate à covid-19 (Lei 14.124, de 2021), que o governo promova campanhas de comunicação sobre a importância de se vacinar. Projeto apresentado por ele (PL 2.602/2021) determina que essas campanhas publicitárias devem trazer esclarecimentos e orientações sobre as vacinas utilizadas e alertas sobre as consequências individuais e coletivas causadas pela recusa de vacinação — principalmente em relação a atrasos no plano de imunização coletiva, causados por preferência ou rejeição de algumas vacinas.
Na justificativa, Contarato admite que a intenção é coibir que ocorram casos como os dos chamados “sommeliers de vacinas”: cidadãos que atrasam a própria vacinação porque se recusam a tomar a vacina disponível. Para Contarato, o próprio governo contribui na ocorrência deste fenômeno no Brasil, pois Jair Bolsonaro critica publicamente alguns imunizantes. Portanto, seria fundamental obrigar a realização de campanhas de conscientização, visando coibir fatos como esse.
“Não têm sido raras as vezes em que indivíduos se recusam a tomar vacina de uma determinada marca. Essas pessoas ligam ou vão até os postos de saúde para perguntar sobre as vacinas disponíveis. E saem ao não ouvir o nome que buscavam. Os motivos dados pelos chamados ‘sommeliers de vacina’ são diversos, mas todos injustificáveis”, reclama Contarato.
Desinformação
O senador lembra que muitos rejeitam a Coronavac por ser chinesa. Na avaliação dele, o próprio governo contribui pra isso, pois inúmeras vezes Jair Bolsonaro ou um de seus ministros desqualificou o imunizante devido a sua origem. Outro argumento contra a Coronavac, diz o senador, trata de sua suposta ineficácia, fake news disseminada também pelo presidente, devido à disputa política com o governador de São Paulo, João Doria (a Coronavac é fruto de parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo paulista). Outros se recusam a tomar a AstraZeneca, em razão de eventuais efeitos colaterais, e há aqueles que buscam determinadas vacinas sob a alegação de que poderão entrar em outros países com mais facilidade, aponta Contarato.
Por fim, o senador alerta que a recusa ou a escolha de imunizantes trazem prejuízos não só em âmbito individual, mas também, e principalmente, coletivo. “Individualmente, a pessoa que recusa alguma vacina continua vulnerável, o que pode ser crucial na manutenção da vida. E no plano coletivo, a recusa ou escolha atrasa o Plano Nacional de Imunização (PNI) e a imunização coletiva”, finaliza Contarato.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)