DANIEL MONTEIRO
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O corte de 50% no envio de vacinas da Pfizer pelo Governo Federal a São Paulo, informado na última quarta-feira (4/8) pelo Governo do Estado, deixa em aberto o início da imunização de adolescentes que possuem deficiências, comorbidades, gestantes e puérperas, inicialmente prevista para começar em 18 de agosto.
A informação foi dada nesta quinta-feira (5/8) pelo secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, durante coletiva realizada no Palácio dos Bandeirantes. Também foi anunciado que a Procuradoria-Geral do Estado vai acionar o Poder Judiciário contra o corte no envio de vacinas pelo Ministério da Saúde.
Na última terça-feira (3/8), o Governo do Estado recebeu do Ministério da Saúde 228 mil doses a menos do que o montante previsto do imunizante da Pfizer – que é, até o momento, a única vacina contra a Covid-19 autorizada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para aplicação em adolescentes. O fato foi tornado público em coletiva na última quarta.
O cálculo do total de imunizantes a ser enviado ao Estado leva em consideração a regra da proporcionalidade. Com população aproximada de 46,3 milhões de pessoas, segundo estimativa de 2020 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), São Paulo tem recebido pelo menos 22% das vacinas distribuídas pelo Ministério da Saúde através do PNI (Plano Nacional de Imunizações).
Essa porcentagem enviada nos lotes é proporcional à população local, independentemente de público-alvo da vacinação ou tipo de imunizante disponível. Contudo, o montante de vacinas entregue na última terça foi 50% menor do que o previsto.
Segundo o Governo do Estado, a decisão do Ministério da Saúde não foi informada com antecedência e coloca em risco a proteção de 228 mil pessoas que deveriam ter acesso às vacinas da Pfizer nos municípios paulistas.
Mais sobre o novo coronavírus 1
De acordo com o boletim diário mais recente publicado pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo sobre a pandemia do novo coronavírus, nesta quinta (5/8), a capital paulista totalizava 35.539 vítimas da Covid-19. Havia, ainda, 1.364.802 casos confirmados de infecções pelo novo coronavírus.
Abaixo, gráfico detalhado sobre os índices da Covid-19 na cidade de São Paulo.
Em relação ao sistema público de saúde, os dados mais recentes mostram que a taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) destinados ao atendimento de pacientes com Covid-19 na região metropolitana de São Paulo, nesta quinta (5/8), é de 43,2%.
Já na última quarta (4/8), o índice de isolamento social na cidade de São Paulo foi de 37%. A medida é considerada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e autoridades sanitárias a principal forma de contenção da pandemia do novo coronavírus.
A aferição do isolamento é feita pelo Sistema de Monitoramento Inteligente do Governo de São Paulo, que utiliza dados fornecidos por empresas de telefonia para medir o deslocamento da população e a adesão às medidas estabelecidas pela quarentena no Estado.
Mais sobre o novo coronavírus 2
Na noite da última quinta-feira (5/8), chegou a São Paulo um novo lote com 4 mil litros de IFA (Insumo Farmacêutico Ativo), que irão viabilizar a produção de cerca de 8 milhões de doses Coronavac, vacina contra a Covid-19 produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, na capital. Os imunizantes serão destinados ao PNI (Programa Nacional de Imunizações).
Enviada pela biofarmacêutica chinesa Sinovac, parceira do Butantan na produção do imunizante, a matéria-prima passará pelos processos de envase, rotulagem, embalagem e por um rígido processo de controle de qualidade antes de ser disponibilizada para a população por intermédio do Ministério da Saúde.
Os insumos farmacêuticos que chegaram na última quinta serão usados para produção das vacinas que fazem parte do segundo contrato firmado com o Ministério da Saúde, de 54 milhões de vacinas. O primeiro, de 46 milhões, foi concluído em 12 de maio.
Desde o dia 17 de janeiro, quando o uso emergencial do imunizante foi aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o Instituto Butantan já disponibilizou 64,8 milhões de doses da vacina ao Ministério da Saúde.
Atuação do município
Nesta quinta-feira (5/8), a Prefeitura de São Paulo atingiu a marca de 3 milhões de máscaras produzidas pelo Costurando Pela Vida, programa que prevê o apoio à geração de renda de costureiras da capital. A iniciativa também promove a distribuição dos itens de proteção individual nos equipamentos públicos da cidade e para a população em situação de vulnerabilidade social.
Em sua segunda edição, o Costurando Pela Vida conta com a participação das entidades assistenciais Fundação Porta Aberta; Instituto Cita Canto de Integração de Todas as Artes e Instituto Muda Brasil. O programa é executado em parceria com as secretarias de Desenvolvimento e Assistência Social e de Direitos Humanos e Cidadania.
Lançado em abril de 2020, o Costurando Pela Vida contou com investimento de R$ 11 milhões para a produção total de mais de 3 milhões de máscaras e equipamentos de proteção individual.
As máscaras de tecido produzidas pelo programa estão sendo distribuídas em equipamentos públicos, por entidades que atuam com a população em vulnerabilidade social e para os profissionais da administração que estão na linha de frente no combate ao novo coronavírus.
O Costurando pela Vida também possibilita a qualificação profissional e geração de renda na área da costura. As oficinas têm sido realizadas pelas instituições participantes, que foram contratadas por meio de edital para produção dos equipamentos de proteção individual.
Além da oportunidade de trabalho, as entidades oferecem também capacitação em moda e costura, com foco em qualificação profissional e empreendedorismo.
Nesta quinta-feira, a primeira turma da Fundação Porta Aberta recebeu o certificado após aprender, na prática, técnicas de costura, além de como gerar renda por meio da produção de peças. Ao todo, o programa já qualificou mais de mil mulheres.
Ações e Atitudes
Na última quarta-feira (4/8), a OMS (Organização Mundial da Saúde) pediu em Genebra, na Suíça, que os países ricos tenham uma moratória nas vacinações de reforço contra o novo coronavírus até o final de setembro.
A agência da ONU (Organização das Nações Unidas) argumenta que se deve manter o foco na entrega de vacinas para ajudar os países menos desenvolvidos a imunizar pelo menos 10% de suas populações, reduzindo as disparidades de vacinação no mundo.
Dados da OMS apontam que das mais de quatro bilhões de doses das vacinas contra a Covid-19 já administradas no globo, mais de 80% foram em países de rendas alta e média alta.
Nas economias de alta renda, destaca a OMS, foram dadas “quase 100 doses para cada 100 pessoas”. Já os países de baixa renda “administraram 1,5 dose para cada 100 pessoas devido à falta de abastecimento.”
A organização ainda ressalta que nações africanas conseguiram aplicar apenas cinco doses por 100 habitantes, em comparação com as 88 doses para cada 100 pessoas da Europa e 85 doses da América do Norte.
A preocupação da OMS é com o aumento de mortes registradas em nações africanas nos últimos meses, em cenário onde profissionais de saúde e idosos ou pessoas vulneráveis permaneceram totalmente desprotegidos.
A urgência de vacinar mais pessoas é justificada pela rápida expansão da variante Delta, considerada a mais contagiosa em circulação e com potencial de causar doenças mais graves.
Assim, a OMS considera inaceitável que milhões de pessoas não vacinadas ainda não puderam ficar em casa para que possam trabalhar, ficando expostas à transmissão, enquanto outras em países mais ricos são elegíveis para aplicar injeções de reforço.
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