A CPI da Pandemia deve convocar o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Onyx Lorenzoni, para depor. A afirmação foi feita pelo vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), em entrevista ao vivo nesta quarta-feira (23). Segundo eles, as declarações do ministro em entrevista coletiva nesta quarta-feira soaram como ameaça a testemunhas. Eles lembraram que tentativas de obstruir a investigação podem motivar até pedidos de prisão do ministro.
A fala do ministro se referiu às denúncias feitas pelo deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão, o servidor do ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda. Os dois, que devem ser ouvidos pela CPI na próxima sexta-feira (25), denunciaram irregularidades na negociação para compra da vacina indiana Covaxin.
Em depoimento ao Ministério Público feito em março e divulgado na última semana, o servidor do ministério da Saúde afirmou ter sofrido pressão para agilizar a liberação da vacina indiana, desenvolvida pelo laboratório Bharat Biotech. Já o deputado declarou que informou o presidente Jair Bolsonaro sobre isso, mas não teve retorno.
Na entrevista coletiva desta quarta-feira, Onyx Lorenzoni afirmou que Bolsonaro mandou a Polícia Federal investigar as duas testemunhas. Ele também disse: “Deputado Luis Miranda, Deus está vendo. Mas você não vai se entender com Deus só não. Vai se entender com a gente também”.
Para o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues, a segurança das testemunhas precisa ser garantida. “A CPI vai requisitar segurança para o deputado Luis Miranda, o irmão e os familiares. As informações que o deputado está declinando à imprensa e que trará a esta CPI são de extremo interesse público. Sua vida e a de sua família precisam estar resguardadas”, disse o senador pelo Twitter.
Indícios
Para o relator da CPI, Renan Calheiros, a declaração do ministro reflete desespero. “A CPI muda de patamar. Até aqui enfrentamos o negacionismo. Agora as novas pistas indicam para o ‘negocionismo’. Por isso o desespero de Bolsonaro e Onyx Lorenzoni”, publicou o senador em suas redes sociais.
Em entrevista publicada na sua página no Twitter, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), lembrou que o deputado Luis Miranda afirmou ter relatado as irregularidades a Bolsonaro. Aziz disse que, nesse caso, a falta de providências pode ser considerada crime de prevaricação. “Se o presidente foi comunicado, ele prevaricou e isso é muito grave. Passear de moto dá. Para tratar de um assunto sério não tem tempo.”
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) também falou em ameaça após a declaração do ministro. “Ameaças e discursos vazios são apenas sinal de desespero. Seguimos apurando os fatos, cumprindo uma das missões básicas do Parlamento, que é a fiscalização. As escolhas do governo federal já são claras. Vamos buscar as motivações. Só convicções equivocadas ou interesse econômico?”, questionou o senador pelas redes sociais.
Para o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), a CPI tenta atingir o presidente. “Estamos acompanhando, nas reuniões da CPI, um verdadeiro circo midiático que tem como foco atingir o governo Bolsonaro. Seguimos firmes para mostrar a verdade e defender os interesses do povo brasileiro”, publicou o senador.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)