Nesta quarta-feira (3), a CPI do BNDES ouviu, em reunião fechada, o presidente do conselho de administração da Odebrecht, Emílio Odebrecht. O empresário foi um dos responsáveis por coordenar as delações premiadas feitas pelos funcionários da companhia. O deputado Alencar Santana Braga (PT-SP) avaliou que o depoimento apenas requentou notícias antigas.
“O tamanho do financiamento do BNDES no período do presidente Lula era baixíssimo se considerarmos o volume de obras e de projetos desenvolvidos, inclusive fora do país. Então, até agora, nada de novo”.
Já o deputado Wanderei Macris (PSDB-SP), presidente da CPI do BNDES, acredita que o depoimento será útil para os trabalhos da Comissão.
“É um depoimento que não pode ser publicizado, porque que ele está fazendo um acordo de delação premiada, mas nós estamos obtendo nesse depoimento um volume bastante grande de informações. É evidente que não só elas, mas o cruzamento de documentos de outros depoimentos realizados com certeza será muito importante para a finalização do nosso trabalho nessa CPI do BNDES”.
A CPI também ouviu a portas fechadas o advogado Maurício Ferro, que integrou a diretoria jurídica da Odebrecht. Ele é acusado de ocultar informações criminosas para proteger a si mesmo e outros executivos que integravam a companhia.
Palocci
Na terça-feira (2) a CPI ouviu, também em reunião fechada, o ex-ministro Antônio Palocci, que trabalhou nas áreas política e econômica nos governos do PT. Deputados disseram que Palocci apresentou provas de que o ex-presidente Lula teria cometido crimes ligados ao BNDES.
“Ele diz que Lula interferia politicamente dentro do BNDES para facilitar empréstimos às empresas e inclusive chegou a citar que, em 2009, Lula teria recebido uma importância considerável em dinheiro para facilitar a operacionalização de empréstimos à Odebrecht”, afirmou o deputado Sanderson (PSL-RS).
Deputados da oposição disseram que ainda é cedo para validar o material entregue por Palocci. Eles querem que todas as supostas provas passem por investigação da CPI.
“Não dá para esquecer que a gente está tratando de alguém que fez uma delação para poder garantir alguns benefícios judiciais. Isso tem que ser pesado. Que seja feito o contraditório e que as informações sejam apuradas com prudência e ao mesmo tempo com a firmeza que esse tema requer”, afirmou o deputado Glauber Braga (Psol-RJ).