A atividade acadêmica ocorreu na tarde de sexta-feira, 26, no auditório Professor Altair Fernandes dos Santos, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), Setor Sul do Campus Universitário. A defesa do memorial é requisito para obtenção de promoção ao nível E de professor titular da carreira do Magistério Superior.
A Comissão Especial de Avaliação (CEA) foi formada pelo presidente, professor Henrique dos Santos Pereira e membros, os professores Eliana Feldberg, Márcio Luiz de Oliveira e Renato Cintra, todos vinculados ao Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa). Após cumprimento ao público presente e à CEA, o professor Henrique Pereira apresentou as formalidades do ritual de defesa e, em seguida, passou a palavra ao professor Thierry, que inicia sua fala.
Defesa
Na apresentação inicial, o professor Thierry Gasnier informou que acredita que elaborar um memorial é um desafio. Ao contrário da produção científica, em que os resultados são provenientes do estudo de observação, o memorial forçou-o a elaborar narrativas de vivência acadêmica, o que possibilitou valorizar a História. Segundo ele, pensar na História da Ciência nos faz remeter aos grandes cientistas que contribuíram de alguma forma para o desenvolvimento da humanidade. Numa percepção localizada, dentre os ilustres no contexto amazônico, Thierry Gasnier exemplifica Paulo Bubhrheim e Altair Fernandes dos Santos como importantes personagens que colaboraram na construção da História da Ufam. Partindo dessa ideia, o professor dividiu seu memorial em 4 capítulos, cujos títulos seguem a seguinte ordem: ser professor, ser gestor, ser pesquisador e perspectivas.
De família tradicional paulistana, o professor conta que teve o privilegio de ter acesso ao ensino de qualidade, tanto no fundamental quanto no médio, o que permitiu despertar o interesse pela ciência. “Aprender a aprender”, afirmou o professor, que disse que a partir daí levou a tomada de decisão em participar do vestibular da Universidade de São Paulo (USP) e, quando aluno, encontrou um ambiente acadêmico receptivo ao desenvolvimento da investigação científica.
Sua vinda para a Amazônia não foi por acaso, a seriedade e a dedicação ao trabalho de pesquisa foram indicativos que estão intrínsecos ao pesquisador, que a cada etapa vivida se encantava com a floresta. “A Amazônia é outro Brasil”, relatou o Gasnier, que disse que no primeiro contato causou estranhamento, mas ao mesmo tempo encontrou ‘coisas belas’. Segundo o pesquisador, o processo de se tornar um amazônida é difícil, no entanto, Thierry disse que se identifica com a região, pois se sente em casa.
“Fui atraído pela natureza. Eu vim pela natureza, mas quando se conhece as pessoas e a cultura local, percebe-se que é mais que natureza, o lado humano é muito importante. Isso foi acontecendo no meu processo de formação que permitiu o crescimento, despertando para uma visão humana. Porque, eu era bem o pesquisador, eu era bem o racional ”, completou o professor.
Ser professor
Já na condição de professor da Ufam, Thierry avança no conhecimento de técnicas metodológicas aplicadas em sala de aula que denominava de ‘avaliações homeopáticas’. Segundo ele, isso permitiu acompanhar e detectar as dificuldades de aprendizagem, possibilitando fazer acertos no processo de transmissão do conhecimento aos alunos da graduação. O enfrentamento de situações diversas fora da área de conhecimento permitiu fazer a interlocução entre disciplinas, o que facilitou a formação de profissionais.
Ser pesquisador
“Na interação com as pessoas e na atividade de ensino percebi que não ensino, minha atividade é aprendizagem, no sentido de compreender as pessoas. Esse lado humano foi crescendo. A visão de ciência que mudou a gente aprende fazer planejamento e execução”, disse Gasnier que acredita que a flexibilidade torna o andamento das coisas mais fáceis para que no final chegue a bons resultados. “Qualquer estudo humano e da natureza é complexo. Especialmente o humano. Nós temos que aprender que durante o processo vão aparecer as melhores questões. Mas quanto há programação para que durante o trabalho possa haver flexibilidade, é o meio de enfrentar a complexidade, constatado na maioria dos estudos”, completa o docente.
Para o professor, existem pesquisas simples, uma pergunta e uma resposta. “Isso também é ciência”, disse o pesquisador que entende que para se levar a questões complexas, deve-se “rever questões metodológicas como alternativas, não que uma seja melhor que a outra, mas começar aceitar a flexibilidade. Por conta disso, a criatividade é o meio para desenvolver processos de investigação que segundo ele, se começa quando abre possibilidades de estudo. “Isto é uma visão de ciência mais próximo da investigação”, comenta.
A interdisciplinaridade está presente na vida do pesquisador que acredita que a aprendizagem na pesquisa pode ser aplicada no ensino, assim como a do ensino a pesquisa, ressaltou Gasnier.
Experiência Semed
São poucos os projetos de extensão, comenta o professor. Todavia, destacou a interlocução junto a Secretaria Municipal de Educação (Semed) que envolveu ações pedagógicas com professores e pedagogos que objetivava melhorias do ensino na área da Ciência.
“Essa extensão na Semed foi impressionante. Trouxe metodologias aplicáveis. Nós temos as licenciaturas, acreditando que o nosso conhecimento da Biologia, Ecologia, Zoologia nos capacita para formar pessoas para atuarem na escola, no entanto, nós não conhecemos a realidade de lá. Eu participei de encontros na Semed com intuito de melhorar o curso, discutir e fazer reestruturações curriculares. Essa descoberta foi simples, o protagonismo do aluno, como base para centraliza-lo no meio das discussões. Com esse princípio se descobre formas de se relacionar melhor”, finaliza o Thierry Gasnier.
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