Uma semana após suspender, por 14 dias, o funcionamento dos serviços e atividades não essenciais em todo o Espírito Santo, o governo capixaba anunciou, hoje (25), medidas ainda mais rigorosas para tentar conter a disseminação do novo coronavírus e o consequente aumento do número de casos da covid-19.
Ao detalhar as novas restrições, o governador Renato Casagrande afirmou que a quarentena em vigor há oito dias já resultou em “avanços” no enfrentamento à doença, mas que a situação ainda é preocupante, pois a ocupação média dos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) destinados ao atendimento de pacientes com a doença se manteve acima dos 90%, apesar da abertura de novas vagas. Além disso, de acordo com o governador, em 1º de março, havia 525 pessoas internadas em vagas de UTIs de hospitais públicos. Ontem (24), este número já chegava a 750 pacientes.
“É preciso reconhecer que necessitamos avançar mais. É importante tomarmos medidas para reduzirmos as interações e melhorarmos os indicadores [epidemiológicos]”, declarou Casagrande, em vídeo divulgado pelas redes sociais. “Temos conseguido nos manter um passo à frente da doença, mas ela está mordendo nossos calcanhares. E se mantivermos o ritmo atual, daqui a pouco poderemos não ter leitos para todas as pessoas”, acrescentou o governador, destacando que a média do número de mortos continua aumentando no estado.
As medidas anunciadas esta tarde incluem a ampliação, até o Domingo de Páscoa (4), do prazo de vigência da maioria das medidas que estão em vigor desde o início da quarentena, que terminaria na próxima quarta-feira (31). Além disso, algumas das atividades que hoje estão funcionando por serem consideradas essenciais, serão proibidas a partir do próximo domingo, nas 78 cidades capixabas. É o caso, por exemplo, do comércio atacadista; lotéricas; lojas de material de construção; casas de autopeças e oficinas de recuperação de veículos. As agências bancárias só poderão atender presencialmente aos beneficiários de programas de auxílio financeiro, sejam federais ou estaduais.
O transporte coletivo público será suspenso também por uma semana, do próximo domingo (28) até o dia 4 de abril. Durante estes oito dias, serão interrompidas as viagens municipais, intermunicipais e interestaduais, incluindo o Sistema Transcol. A medida, no entanto, não afeta o transporte de cargas. E o governo estadual promete organizar, em parceria com prefeituras, o transporte para os trabalhadores do sistema público de Saúde que não tiverem como se deslocar por outros meios. Da mesma forma, os estabelecimentos privados de Saúde e as empresas essenciais (supermercados; farmácias; postos de gasolina) deverão oferecer alternativas aos seus funcionários.
“Cada atividade se organizará para transportar seus trabalhadores”, disse o governador, destacando a necessidade de tentar impedir a costumeira aglomeração no transporte público. No mesmo período, também será suspenso o atendimento ambulatorial especializado na rede pública, cujas unidades básicas de saúde seguirão atendendo às demais situações.
O decreto estadual com o detalhamento das restrições deve ser publicado no Diário Oficial do estado desta sexta-feira (26). Ainda durante o anúncio desta tarde, Casagrande antecipou que, a partir do próximo dia 15, o estado começará a vacinar os profissionais da Segurança Pública e da Educação de acordo com critérios que ainda serão anunciados.
“Sabemos que é preciso conciliar as atividades econômicas com a preservação da vida, que é a prioridade. Estamos buscando esta conciliação, pois as pessoas precisam ter suas atividades econômicas para poderem se sustentar, sustentar suas famílias, mas numa hora como esta, na qual o país está perdendo mais de 3 mil pessoas por dia, em que a vacina não chega na quantidade que precisávamos, não temos que ter dúvida, temos que tomar as medidas adequadas”, justificou o governador.