A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) confirmou, nesta quarta-feira (19/06), um novo caso de Doença de Chagas Aguda de Transmissão Oral procedente de Uarini (a 565 quilômetros a oeste de Manaus), onde seis pessoas já haviam tido confirmação da doença. O sétimo caso é de uma paciente, de 36 anos, residente de Tefé (a 523 quilômetros a oeste de Manaus), que esteve em Uarini no período de 2 a 28 de maio de 2019.
Ao retornar para Tefé, a paciente apresentou febre e dores no corpo. Em seguida, procurou atendimento médico. Na oportunidade, foi realizada a coleta de sangue para identificação de malária, que apresentou resultado negativo. Com a persistência dos sinais e sintomas, foi realizada nova coleta de sangue, que apresentou resultado positivo para Doença de Chagas Aguda.
Segundo a coordenadora do Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde (Cievs), da FVS-AM, Liane Souza, a paciente relatou o consumo de açaí durante a permanência em Uarini. “Ao investigar o caso, a paciente consumiu o açaí do mesmo fornecedor dos primeiros casos confirmados da doença”, disse Liane, acrescentando, ainda, que a FVS aguarda o resultado de outros 40 exames realizados a partir de amostras de sangue.
A diretora-presidente da FVS-AM, Rosemary Costa Pinto, afirma que a FVS é pioneira no país na capacitação dos microscopistas para além de identificarem o parasita da malária, detectarem também, o protozoário Trypanossoma cruzi, o agente da Doenças de Chagas. “Dessa forma, é possível detectar precocemente os casos e instituir, de imediato, o tratamento da doença, o que reduz o risco de formas graves e óbitos”, destacou.
Rosemary complementa, ainda, que outra estratégia bem sucedida da FVS para contenção de surto é a composição de equipes interinstitucionais por diferentes profissionais, como epidemiologistas, sanitaristas, entomologistas, laboratoristas e médico infectologista, que atuam de forma integrada e simultânea para reduzir os riscos e controlar o surto. “Na área de assistência, a FVS conta com a parceria com a Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), que durante a ação em Uarini, disponibilizou médico para conduzir treinamentos com corpo clínico, além de acompanhar e ministrar o tratamento preconizado do Ministério da Saúde”, comentou.
Transmissão – A FVS-AM alerta para os riscos de contaminação de alimentos por parasita Trypanossoma cruzi, principal transmissor da doença, principalmente, na hora da compra, preparação, conservação e consumo de alimentos. No Amazonas, a principal forma de transmissão da doença se dá por meio de ingestão de suco de açaí contaminado.
É preciso observar as condições de higiene dos manipuladores da fruta do local de venda. A FVS-AM ressalta que, além do açaí, outros alimentos também podem estar envolvidos na transmissão oral do parasita, como frutas, vegetais e respectivas preparações (como suco de cana de açúcar, buriti, bacaba); além de carne crua, sangue de mamíferos silvestres e leite cru.
Sintomas – Os doentes podem apresentar um quadro de febre constante, inicialmente elevada, diarreia, vômito, dores de cabeça e musculares. Casos complicados podem evoluir com manifestações cardíacas, além do comprometimento do fígado e do baço.
O diagnóstico precoce e o tratamento imediato previnem as formas crônicas da doença e a ocorrência de óbitos. A FVS-AM realiza, de forma sistemática, o treinamento dos microscopistas da malária para que também realizem o diagnóstico oportuno para Doença de Chagas.
A principal forma de prevenção é evitar que o inseto forme colônia nas frestas de telhados e paredes. Além disso, no caso de consumo de produtos in natura, é necessário conhecer bem a procedência do alimento. O tratamento da doença está disponível em todas as unidades da rede pública de saúde.