Por um breve período nos anos 1990, a áspera rivalidade entre torcedores do Grêmio e do Internacional foi deixada de lado. Foi em 1994 que gremistas e colorados se abraçaram em uma mesma arquibancada, vestidos de verde. O Rio Grande do Sul se uniu pelo Pitt/Corinthians, um time de basquete que, comandado pelo técnico Ary Vidal, ignorou as probabilidades e se tornou campeão brasileiro ao derrotar o então campeão Franca.
A história de Vidal e do Pitt/Corinthians virou livro, escrito pelo jornalista Guilherme Mazui Roesler. “É uma história de superação de uma cidade, de um clube, de dirigentes, comissão e atletas que contagiaram um estado conhecido pelas façanhas da dupla Gre-Nal no futebol a desejar ter o melhor time de basquete do Brasil”, disse Roesler à Agência Brasil.
Orgulho da pequena Santa Cruz do Sul, cidade a cerca de 150 quilômetros de Porto Alegre, a equipe trazia o nome da fábrica de jeans local, a Pitt, ainda em atividade. A cidade se uniu em torno do time de Ary Vidal. Depois de comandar a seleção brasileira no maior feito de sua história – o título do Pan Americano de 1987, vencendo os Estados Unidos – o treinador foi para a Espanha, onde não teve o mesmo sucesso. Foi em Santa Cruz do Sul que ele voltou a vencer.
Os “12 condenados”
“Ary era ótimo motivador”, contou Roesler. Os dois primeiros jogos da final do campeonato brasileiro de 1994 foram duros para o Pitt/Corinthians. Foram duas derrotas jogando na casa do adversário e uma terceira derrota significaria o fim. Vidal se inspirou no filme de guerra Os 12 Condenados, de 1967. Na película norte-americana, um major treina 12 criminosos para uma missão suicida na Segunda Guerra Mundial.
Na quadra, Vidal liderou seus jogadores, a quem chamou de 12 condenados a mais uma derrota, a um triunfo que entraria para a história do basquete brasileiro. Foram três vitórias seguidas contra o Franca. “Os 12 condenados estavam absolvidos”, disse o treinador após a vitória.
“Ary também dizia que seu time era um ‘fusquinha’, enquanto as potências de São Paulo eram carros de Fórmula 1. Depois do título, em Santa Cruz um torcedor ergueu a faixa: Ary Vidal, o melhor piloto de Fusca”, lembrou o jornalista.
Roesler passou dez anos reunindo informações, documentos e histórias de quem viveu aquela época. Ele tinha apenas seis anos e morava em outra cidade quando o Pitt/Corinthians foi campeão, mas conheceu a paixão pelo time quando se mudou para Santa Cruz do Sul. “Minha família foi morar em 2001 na cidade e vive até hoje lá. Fui me apaixonando pela história conforme ouvia os relatos das pessoas que viveram aquele período áureo”.
Ele também foi atrás dos atletas da equipe campeã e, entre as quase 50 entrevistas que realizou, conversou com o próprio Ary Vidal, que faleceria pouco depois, em 2013. Foi o treinador que, na época, o ajudou a encontrar os dois norte-americanos do time.
Um deles, Brent Merrit, assinou contrato com o Pitt/Corinthians na esperança de deixar a fria cidade de Seattle, que sofre com um inverno rigoroso, rumo a um país tropical. “Brent morava em Seattle e chegou ao Sul achando que o Brasil era um grande Rio de Janeiro, com praia e calor. Chegou no Rio Grande do Sul e estava frio”.
Roesler lançará o livro Corinthians do Ary Vidal na próxima terça-feira (16), em Santa Cruz do Sul, com a presença de alguns dos campeões de 1994. Ele também prevê um evento em Brasília, onde mora atualmente. “Indico o livro para quem gosta de esporte e, principalmente, para todo amante do basquete. O livro, ao tentar fazer uma fotografia do basquete brasileiro à época, busca a história dos principais clubes, atletas e técnicos”.
Edição: Carolina Pimentel
Por um breve período nos anos 1990, a áspera rivalidade entre torcedores do Grêmio e do Internacional foi deixada de lado. Foi em 1994 que gremistas e colorados se abraçaram em uma mesma arquibancada, vestidos de verde. O Rio Grande do Sul se uniu pelo Pitt/Corinthians, um time de basquete que, comandado pelo técnico Ary Vidal, ignorou as probabilidades e se tornou campeão brasileiro ao derrotar o então campeão Franca.
A história de Vidal e do Pitt/Corinthians virou livro, escrito pelo jornalista Guilherme Mazui Roesler. “É uma história de superação de uma cidade, de um clube, de dirigentes, comissão e atletas que contagiaram um estado conhecido pelas façanhas da dupla Gre-Nal no futebol a desejar ter o melhor time de basquete do Brasil”, disse Roesler à Agência Brasil.
Orgulho da pequena Santa Cruz do Sul, cidade a cerca de 150 quilômetros de Porto Alegre, a equipe trazia o nome da fábrica de jeans local, a Pitt, ainda em atividade. A cidade se uniu em torno do time de Ary Vidal. Depois de comandar a seleção brasileira no maior feito de sua história – o título do Pan Americano de 1987, vencendo os Estados Unidos – o treinador foi para a Espanha, onde não teve o mesmo sucesso. Foi em Santa Cruz do Sul que ele voltou a vencer.
Os “12 condenados”
“Ary era ótimo motivador”, contou Roesler. Os dois primeiros jogos da final do campeonato brasileiro de 1994 foram duros para o Pitt/Corinthians. Foram duas derrotas jogando na casa do adversário e uma terceira derrota significaria o fim. Vidal se inspirou no filme de guerra Os 12 Condenados, de 1967. Na película norte-americana, um major treina 12 criminosos para uma missão suicida na Segunda Guerra Mundial.
Na quadra, Vidal liderou seus jogadores, a quem chamou de 12 condenados a mais uma derrota, a um triunfo que entraria para a história do basquete brasileiro. Foram três vitórias seguidas contra o Franca. “Os 12 condenados estavam absolvidos”, disse o treinador após a vitória.
“Ary também dizia que seu time era um ‘fusquinha’, enquanto as potências de São Paulo eram carros de Fórmula 1. Depois do título, em Santa Cruz um torcedor ergueu a faixa: Ary Vidal, o melhor piloto de Fusca”, lembrou o jornalista.
Roesler passou dez anos reunindo informações, documentos e histórias de quem viveu aquela época. Ele tinha apenas seis anos e morava em outra cidade quando o Pitt/Corinthians foi campeão, mas conheceu a paixão pelo time quando se mudou para Santa Cruz do Sul. “Minha família foi morar em 2001 na cidade e vive até hoje lá. Fui me apaixonando pela história conforme ouvia os relatos das pessoas que viveram aquele período áureo”.
Ele também foi atrás dos atletas da equipe campeã e, entre as quase 50 entrevistas que realizou, conversou com o próprio Ary Vidal, que faleceria pouco depois, em 2013. Foi o treinador que, na época, o ajudou a encontrar os dois norte-americanos do time.
Um deles, Brent Merrit, assinou contrato com o Pitt/Corinthians na esperança de deixar a fria cidade de Seattle, que sofre com um inverno rigoroso, rumo a um país tropical. “Brent morava em Seattle e chegou ao Sul achando que o Brasil era um grande Rio de Janeiro, com praia e calor. Chegou no Rio Grande do Sul e estava frio”.
Roesler lançará o livro Corinthians do Ary Vidal na próxima terça-feira (16), em Santa Cruz do Sul, com a presença de alguns dos campeões de 1994. Ele também prevê um evento em Brasília, onde mora atualmente. “Indico o livro para quem gosta de esporte e, principalmente, para todo amante do basquete. O livro, ao tentar fazer uma fotografia do basquete brasileiro à época, busca a história dos principais clubes, atletas e técnicos”.
Edição: Carolina Pimentel