24/06/19 14h01
O projeto IPT Open convoca startups, pesquisadores e empresas a se instalarem no instituto e desenvolver tecnologia
Pequenas Empresas e Grandes Negócios
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) do Estado de São Paulo participou das transformações da cidade e do País, em 120 anos de história, em esferas pública e privada.
Nos últimos 15 anos, foram mais de 100 projetos com a Petrobras. Hoje, existem 63 projetos junto à Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), focados em novos materiais, genética, bio e nanotecnologia.
Segundo o diretor-presidente do IPT, Jefferson Oliveira Gomes, o objetivo é abrir parte desse espaço. Ou seja, criar um conglomerado de empresas com bons laboratórios à disposição e uma estrutura adequada para o desenvolvimento de protótipos.
Para isso, está lançando o projeto IPT Open, que convoca startups, pesquisadores e empresas a se instalarem no instituto e desenvolver tecnologia. “Hoje fazendo pesquisas de alto desempenho, movimentamos 230 milhões de reais por ano. É muito pouco para São Paulo. Trazendo todos para cá nos tornaríamos fácil um unicórnio (startups cujo valor de mercado passa de 1 bilhão de dólares)”, declara Gomes ao Jornal da USP no Ar.
O diretor-presidente lembra que objetivo do IPT não é reter esse capital, dado seu caráter de pesquisa, e sim retorná-lo à sociedade, por meio das startups e de desenvolvimento social e econômico.
“O instituto, na época da Petropaulo, contava com mais de 3.500 funcionários. Então, a infraestrutura é muito grande. São 67 prédios. Começaremos abrindo a atual sede, que conta com 7.000 m² de área construída”, explica.
A iniciativa se sustenta na lei 13.234, o Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação, que permite o uso de estrutura e laboratórios públicos por empresas inovadoras.
“Sinais estão sendo passados, e não se pode deixar essa janela de oportunidade passar. É a hora de investir”, alega Gomes. Ele destaca a centralidade de São Paulo na economia, como impulsionadora do avanço tecnológico.
“O PIB brasileiro está na Faria Lima, Berrini e Avenida Paulista. De dez unicórnios que surgiram no País, seis são de egressos da USP. A região da Ceagesp até Moema abriga 40% das startups de base tecnológica do País”, diz.
Embora exalte a relação íntima do IPT com a USP – o reitor Vahan Agopyan, por exemplo, já foi presidente do instituto -, o diretor-presidente fala que o projeto é aberto a todos. “Nossa única exigência é que desenvolvam tecnologia. Temos muitas plantas pilotos disponíveis”, esclarece.
Recentemente aberto, o prédio receberá, fora pesquisadores da Universidade de São Paulo, gente do ITA, Unesp, Unicamp, do Centro de Referências e Tecnologias Inovadoras (Certi) e mesmo do exterior, como da Singularity University, do Vale do Silício. Grandes empresas, como a desenvolvedora de chips Qualcomm, também estarão presentes.
O professor lembra que nem todo espaço guarda um segredo industrial, ou precisa de segurança. Em vista disso, o instituto busca se abrir ao público e às diversas iniciativas, a exemplo da USP. “Queremos ser distintos pela forma de trabalho, respeitando tanto a diversidade como o contraditório”, expõe Gomes.
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas surgiu como um laboratório de resistência dos materiais, por iniciativa do professor Antônio Francisco de Paula Souza. Com o início da república brasileira e a nova necessidade de urbanização o IPT foi fundamental na verticalização da cidade, com um grande papel não só nos arranha-céus, como também na infraestrutura e saneamento básico de São Paulo.
Desde então, o instituto atualiza-se frente às necessidades da sociedade. Conforme Gomes, a atuação se dá junto ao Instituto Butantan, desenvolvendo medicamentos; à Embrapa, pensando em novos modelos de plantação, o plantio de cana-de-açúcar tem produtividade três vezes maior do que há 20 anos.
“O que gosto muito é que o IPT tem um lado que cuida das pessoas. Apesar das quatro mortes, o instituto, junto à Defesa Civil, salvou centenas de vidas no desabamento em Mauá, em razão da engenharia que desenvolvemos”, afirma o diretor-presidente. Ele chama a atenção à inteligência artificial, que, embora muito eficiente, parte do conhecimento humano.
Exploração de petróleo, manuseio de metais e demais materiais, enfim, as contribuições são muitas, principalmente durante o processo de industrialização brasileiro. A comemoração dos 120 anos do IPT contará com a inauguração de um museu para celebrar a história do instituto e da tecnologia brasileira.