O Governo do Amazonas já entregou mais de 5,2 mil kits do programa Merenda em Casa, coordenado pela Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar. Até esta quarta-feira (1º/11), mais de 7 mil alunos da rede estadual estavam impactados pela estiagem, sendo 6.850 no interior e 561 na capital. Desses, mais de 70% já receberam a cesta composta por itens da merenda escolar.
Dos 62 municípios do Amazonas, 59 dependem do transporte hidroviário. Com a seca severa deste ano e a impossibilidade de alunos de comunidades rurais, das cidades afetadas, chegarem às escolas da rede estadual, as aulas passaram a ser à distância e a entrega da merenda escolar a ser feita em casa.
“Hoje, o Estado já conseguiu fazer, por meio da Secretaria de Educação, a distribuição de mais de 5 mil cestas. São kits levados na residência de cada aluno e com grande esforço de todos os profissionais que atuam nas coordenadorias. Além da merenda, há também todo o aporte e apoio pedagógico dos livros que foram confeccionados, minimizando o impacto para todos os estudantes do estado do Amazonas”, disse a secretária de Educação do Amazonas, Kuka Chaves.
A entrega dos kits do programa Merenda em Casa já aconteceu em 35 municípios: Manacapuru, Boca do Acre, Coari, Silves, Humaitá, Anamã, Itapiranga, Nova Olinda do Norte, Juruá, Iranduba, Maués, São Sebastião do Uatumã, Novo Airão, Japurá, Rio Preto da Eva, Autazes, Uarini, Caapiranga, Codajás, Urucará, Maraã, Santa Isabel do Rio Negro, Parintins, Alvarães, Beruri, Envira, Tonantins, Benjamim Constant, Manaquiri, Amaturá, Tefé, Novo Aripuanã, Careiro da Várzea, Itacoatiara e Borba.
Armazenamento
Os alimentos dos kits distribuídos aos alunos da zona rural de Manaus são armazenados no galpão da Gerência de Alimentação Escolar, na zona centro-oeste da capital. No local, os itens são divididos e depois integrados aos kits do Merenda em Casa. Junto com a equipe administrativa, uma nutricionista também fica responsável por controlar a qualidade de cada produto. Nos municípios do interior, tem sido disponibilizado, por meio do Programa de Apoio à Gestão Escolar (Pague), recursos para aquisição dos alimentos, que têm sido entregues pelas equipes das Coordenadorias Regionais de Educação (CREs), da secretaria.
“Temos o monitoramento da qualidade do alimento via transporte terrestre e aquático. Quando tem a possibilidade, nós temos um fiscal que faz o monitoramento das composições desse alimento, quanto ao pH e à temperatura para que ele consiga chegar de forma sanitariamente segura”, destacou a nutricionista do quadro técnico, Stephany França.
Triagem e entrega
A triagem de cada kit é feita por uma equipe da Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar, que avalia as solicitações de cada escola da rede estadual. Após esse processo, é hora de realizar a entrega. Nos lugares mais remotos do Amazonas, o Merenda em Casa chega em meio a muitos obstáculos.
É o caso da comunidade Baixo Paraná da Eva, localizada no Lago Arumã, zona rural de Manaus, nas proximidades do município de Itacoatiara (a 176 quilômetros de Manaus). Com a seca severa, o acesso até a escola ficou mais longo e perigoso. Por isso, além das aulas à distância, os alunos também recebem um kit, que contém 12 itens de produtos alimentícios, correspondendo ao que seria a merenda escolar na unidade de ensino.
A professora Yana Belém leciona para alunos da 2ª série do Ensino Médio, no período noturno, na escola. Sem as aulas presenciais, o conteúdo é repassado por meio da internet. Para ajudar ainda mais os estudantes, ela se encarrega de avisar de um por um sobre a entrega dos kits.
“A gente procura fazer o melhor possível, para que o trabalho seja feito com êxito. O Merenda em Casa veio para ajudar aqueles alunos que estão em uma situação difícil. O que eu faço é sempre reunir todos para estarem aqui no dia da entrega do kit”, falou a professora, Yana Belém.
O estudante Matheus Moraes, 19, contou como a rotina foi afetada e como a professora acabou sendo uma ponte para o conteúdo continuar sendo entregue. O trajeto da casa dele até a escola levava, na cheia, em torno de 5 minutos. Com a seca, o percurso virou uma caminhada de 30 minutos, o que impede ele de ir às aulas todos os dias.
“O kit vai ajudar bastante, até mesmo por causa da rotina que está aqui. Com o rio muito seco, o transporte não consegue chegar até nossas casas, então fica muito difícil. Nossas aulas ficam remotas, mas a professora entrega as atividades pelo WhatsApp e nós mandamos a resposta no grupo”, falou o estudante, Matheus Moraes.
Outro aluno da unidade de ensino é o Leandro Zany, 42. Ele tinha na escola uma das principais refeições do dia e comemora a facilidade de ter os mesmos alimentos da merenda sendo entregues perto de casa. “É difícil para mim e para todos os alunos. Esse kit vai ajudar muito em casa. Todos os caminhos pelo rio agora estão fechados: igarapés, lagos, tudo. É um alimento a mais dentro de casa”, disse o aluno Leandro Zany.