MARIANE MANSUIDO
DA REDAÇÃO
Em reunião nesta quinta-feira (30/05), o Comitê Extraordinário de Chuvas e Enchentes ouviu o depoimento de moradores de regiões da capital paulista sujeitas a alagamentos e enchentes. Eles foram convidados por meio de requerimentos aprovados na reunião anterior do comitê.
Wanda Herrero, presidente do CONSEG (Conselho Comunitário de Segurança) da Mooca, na zona leste da cidade, foi uma das convidadas. De acordo com Wanda, a prefeitura não tem investido como deveria o orçamento para obras de drenagem. Levantamento realizado pelos conselheiros apurou que, dos R$ 5,3 bilhões previstos, foram gastos apenas R$ 2,1 bilhões, nos últimos três anos.
A presidente do CONSEG da Mooca também disse que os problemas causados pelas chuvas do início deste ano demonstram a urgência de políticas públicas mais amplas. “São Paulo se desenvolveu sob a cultura da impermeabilização. É preciso recuperar a capacidade de infiltração e retenção de águas pluviais em todo o território urbanizado”, disse Wanda, que considera essencial o trabalho do comitê para a cidade superar esses desafios. “Há problemas de dimensão política que inviabilizam o sucesso das obras. O comitê terá que buscar informações adequadas para elaborar uma ampla política pública urbana”, argumentou a presidente do CONSEG.
Euclides Mendes, líder comunitário da Vila Itaim, no extremo leste da cidade, relatou aos vereadores que, desde a exploração de areia na região, feita por uma mineradora na década de 1970, tanto a Vila Itaim como os bairros Vila Aimoré e Vila Seabra, que pertencem à Subprefeitura de São Miguel Paulista, sofrem com enchentes e alagamentos todos os anos.
Segundo Mendes, não houve compensação ambiental à época. “A mineradora deixou uma cratera no local. Essa cava virou um piscinão artificial, a água ficou sem oxigenação, criou aguapé, mato e impediu o fluxo do córrego”, contou Euclides. Para o líder comunitário, não há consenso entre a prefeitura e o governo estadual sobre quem deve realizar as obras de melhorias e retirar os moradores que vivem próximos à margem do Rio Tietê, que também transborda na época de chuvas.
Presente à reunião, o vereador Adilson Amadeu (PTB), integrante do comitê, disse que tanto o governo estadual como o Municipal devem se responsabilizar para tomar providências em relação aos problemas de drenagem na Vila Itaim. “É um descaso com a população, que sofre enquanto a prefeitura e o governo do estado não entram em acordo. Essa situação, visivelmente, está nas mãos das duas administrações, e é preciso que os gestores tomem logo uma atitude”, afirmou Amadeu.
Após os relatos, os vereadores aprovaram dois requerimentos. Um convoca representantes da empresa de mineração responsável pelas escavações na Vila Itaim, na década de 1970. Os parlamentares também aprovaram vistoria nos bairros para apurar com mais detalhes os depoimentos apresentados hoje ao comitê.
“As pessoas que ouvimos enfrentam problemas com enchentes e alagamentos há décadas. Existe uma omissão do poder público e isso é muito grave”, afirmou o presidente do comitê, vereador Gilberto Natalini (PV).
De acordo com Natalini, será necessário um amplo trabalho do Legislativo, não só com os moradores, mas também com a administração pública. “Vamos pautar as autoridades competentes para buscar a correção dos erros que aconteceram nessas regiões”, acrescentou o parlamentar.