Em sua celebração de 13 anos de existência, o Museu da Maré sediou, hoje (13), a abertura da Semana Nacional de Museus com um motivo especial para comemorar: a instituição obteve a posse definitiva do prédio onde funciona, no Complexo da Maré. Com um acervo que conta a história e a cultura da comunidade, o museu agora planeja reformas em sua estrutura.
O museu é gerido pela organização não governamental Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré e ocupa um galpão, que era de uma empresa de navegação. Em 2014, a companhia chegou a pedir que o museu desocupasse o terreno, mas após quatro anos de mobilização, a empresa decidiu doar o espaço no ano passado. O Museu da Maré, no entanto, ainda teve que arcar com todo o custo burocrático da doação, que chegou a R$ 70 mil.
A ajuda de duas instituições alemães, a Misereor e a Adveniat, permitiu que esse valor fosse quitado, e o apoio permitirá uma reforma na parte elétrica e de prevenção a incêndios.
A coordenadora do Museu da Maré, Cláudia Ribeiro da Silva, disse que a posse definitiva do prédio permite ainda pensar em uma possível expansão. “Poderemos pensar em um projeto arquitetônico no museu. A gente não conseguia fazer muita coisa, porque toda vez que a gente tentava alguma intervenção, era exigida a escritura. Tudo isso dificultava muito. Poderemos, finalmente, pensar em coisas legais para cá”, disse Claudia.
Exposições
Além de exposições permanentes, que tratam de diversos aspectos da vida na comunidade e da história de luta dos moradores por uma vida melhor, o Museu da Maré apresenta desde a semana passada uma exposição sobre a vereadora assassinada Marielle Franco (PSOL), que cresceu na Maré. Durante a Semana Nacional de Museus, a equipe do museu vai participar de atividades em outras instituições, como a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e o Museu Marinheiro João Cândido, na Baixada Fluminense.
“Quando a gente pensa em museu, a gente sempre pensa em algo distante da gente, lá no centro ou na zona sul. Trazer a abertura da semana para favela é muito bom, porque mostra que a gente tem que democratizar todos os acessos à cultura. O museu, esteja ele onde estiver, é nosso. Todo e qualquer museu também é nosso, porque de alguma forma ali tem o trabalho de um trabalhador que o construiu”, ressaltou Claudia.
A equipe do Museu da Maré desenvolve o trabalho de museologia social apesar de todos os problemas de segurança e direitos básicos que a sociedade enfrenta na Maré. “O museu está aqui comprometido com essa realidade e em transformar a realidade. Esse museu não é um museu de gueto, não é para manter as pessoas dentro da Maré, é um ponto de diálogo entre a Maré e todas as outras realidades”, disse Cláudia.
O presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Paulo Amaral, ressaltou que ter a posse de seu próprio prédio dá mais segurança ao museu e a possibilidade de planejar novos passos. “A palavra museu sempre levou uma ideia elitista, de que tem que ser bonito, charmoso. Mas museus têm muitas outras características. Podem ser virtuais, podem estar em uma vila, um palácio ou um parque”, disse.
Ele espera que a iniciativa do Ibram de abrir a semana de museus na Maré traga mais visibilidade e apoiadores para a instituição. “Estarmos em um museu que briga com tanto esforço e sem quase nenhum apoio tem um significado especial”.
Edição: Fernando Fraga
Em sua celebração de 13 anos de existência, o Museu da Maré sediou, hoje (13), a abertura da Semana Nacional de Museus com um motivo especial para comemorar: a instituição obteve a posse definitiva do prédio onde funciona, no Complexo da Maré. Com um acervo que conta a história e a cultura da comunidade, o museu agora planeja reformas em sua estrutura.
O museu é gerido pela organização não governamental Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré e ocupa um galpão, que era de uma empresa de navegação. Em 2014, a companhia chegou a pedir que o museu desocupasse o terreno, mas após quatro anos de mobilização, a empresa decidiu doar o espaço no ano passado. O Museu da Maré, no entanto, ainda teve que arcar com todo o custo burocrático da doação, que chegou a R$ 70 mil.
A ajuda de duas instituições alemães, a Misereor e a Adveniat, permitiu que esse valor fosse quitado, e o apoio permitirá uma reforma na parte elétrica e de prevenção a incêndios.
A coordenadora do Museu da Maré, Cláudia Ribeiro da Silva, disse que a posse definitiva do prédio permite ainda pensar em uma possível expansão. “Poderemos pensar em um projeto arquitetônico no museu. A gente não conseguia fazer muita coisa, porque toda vez que a gente tentava alguma intervenção, era exigida a escritura. Tudo isso dificultava muito. Poderemos, finalmente, pensar em coisas legais para cá”, disse Claudia.
Exposições
Além de exposições permanentes, que tratam de diversos aspectos da vida na comunidade e da história de luta dos moradores por uma vida melhor, o Museu da Maré apresenta desde a semana passada uma exposição sobre a vereadora assassinada Marielle Franco (PSOL), que cresceu na Maré. Durante a Semana Nacional de Museus, a equipe do museu vai participar de atividades em outras instituições, como a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e o Museu Marinheiro João Cândido, na Baixada Fluminense.
“Quando a gente pensa em museu, a gente sempre pensa em algo distante da gente, lá no centro ou na zona sul. Trazer a abertura da semana para favela é muito bom, porque mostra que a gente tem que democratizar todos os acessos à cultura. O museu, esteja ele onde estiver, é nosso. Todo e qualquer museu também é nosso, porque de alguma forma ali tem o trabalho de um trabalhador que o construiu”, ressaltou Claudia.
A equipe do Museu da Maré desenvolve o trabalho de museologia social apesar de todos os problemas de segurança e direitos básicos que a sociedade enfrenta na Maré. “O museu está aqui comprometido com essa realidade e em transformar a realidade. Esse museu não é um museu de gueto, não é para manter as pessoas dentro da Maré, é um ponto de diálogo entre a Maré e todas as outras realidades”, disse Cláudia.
O presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Paulo Amaral, ressaltou que ter a posse de seu próprio prédio dá mais segurança ao museu e a possibilidade de planejar novos passos. “A palavra museu sempre levou uma ideia elitista, de que tem que ser bonito, charmoso. Mas museus têm muitas outras características. Podem ser virtuais, podem estar em uma vila, um palácio ou um parque”, disse.
Ele espera que a iniciativa do Ibram de abrir a semana de museus na Maré traga mais visibilidade e apoiadores para a instituição. “Estarmos em um museu que briga com tanto esforço e sem quase nenhum apoio tem um significado especial”.
Edição: Fernando Fraga