No quinto dia de sua viagem à China, nesta quinta-feira (23), o vice-presidente Hamilton Mourão presidiu a 5ª reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), ao lado do vice-presidente chinês, Wang Qishan, em Pequim. Entre outros assuntos, foram discutidos temas como a aprovação de frigoríficos brasileiros para exportação, a fabricação e venda de aviões da Embraer e o mercado de sementes geneticamente modificadas.
Os dois países concordaram em reforçar intercâmbios e cooperação em vários campos, promover a facilitação do comércio, otimizar a estrutura comercial e promover o crescimento da alta qualidade do comércio bilateral. “Ao retornar [ao Brasil], vamos apresentar um relatório ao presidente e também iniciar um cronograma para que os ministérios deem resposta ao que foi acertado aqui, para não ficar somente na conversa. Essa é minha grande preocupação”, disse Mourão, em entrevista a jornalistas brasileiros em Pequim.
Instituída em 2004, a Cosban é o principal mecanismo de coordenação da relação bilateral entre o Brasil e a China e é comandada pelos vice-presidentes dos dois países. Mourão destacou que os objetivos do Brasil foram atingidos com a reativação da Cosban: a mensagem política de que o Brasil vê a China como parceiro global estratégico, que quer aprofundar essa posição, e que a Cosban passe a ser o mecanismo de mais alto nível de concertação entre os dois países. Desativada desde 2015, segundo o vice-presidente, muitos negócios e reuniões ocorriam e não passavam pela organização e direção do governo federal.
Por outro lado, ele defendeu que o país tenha uma “política mais agressiva na busca de mercados”, inclusive com a atuação direta da iniciativa privada. “Veja a nossa CNA [Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil], ela está muito sentada e parada no Brasil. Vou conversar com o presidente [João Martins] que tem que colocar escritórios aqui, buscar fazer negócios e não ficar dependendo do governo. O governo tem limite, o empresário que quer vender tem que se mexer”, disse.
Oportunidades de negócios
A China é, desde 2009, o principal parceiro comercial do Brasil. A corrente de comércio bilateral alcançou, em 2018, US$ 98,9 bilhões (exportações de US$ 64,2 bilhões e importações de US$ 34,7 bilhões). O comércio bilateral caracteriza-se por expressivo superávit brasileiro, mantido há nove anos, e que, em 2018, atingiu recorde histórico de US$ 29,5 bilhões.
Para Mourão, a China tem áreas de oportunidades intensas para as empresas brasileiras e o governo brasileiro está disposto a fortalecer o diálogo e a cooperação entre os dois países, bem como promover a integração da estratégia de desenvolvimento do Brasil com a iniciativa chinesa de investimentos, conhecida como Cinturão e Rota ou A Nova Rota da Seda.
“Ela [China] deseja investir em infraestrutura em nosso país, que atende aos seus interesses de importação e exportação e também com aquilo que pretendemos fazer. Essa comunhão entre os dois países ficou clara”, disse. A viagem de Mourão a China é preparatória para a ida do presidente Jair Bolsonaro ao país, no segundo semestre, que deve consolidar essa parceria entre os dois países.
Também no segundo semestre, em novembro, o governo brasileiro recebe a reunião do Brics e assume a presidência do grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Para com Mourão, as negociações entre os países do bloco tiveram uma queda, “pela própria situação econômica que o mundo tem vivido”, mas o Brasil quer trabalhar para apresentar propostas concretas, para que ele não seja apenas um grupo de debate.
“Tem que procurar convergências e coisas que sejam concretas e que possam influenciar o concerto das nações”, disse, ressaltando ainda que o Brasil precisa utilizar mais os recursos do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), criado pelo Brics em 2015. Nos três primeiros anos de operação da instituição, foram aprovados quatro projetos brasileiros que abrangem as áreas de energia renovável (eólica, solar e hidrelétrica), construção de estradas, reconstrução de rodovia férrea, esgotamento sanitário, telecomunicações e refinarias da Petrobras.
Nesta sexta-feira (24), último dia da sua viagem, Mourão se encontrou com o presidente chinês, Xi Jinping, no Grande Palácio do Povo em Pequim. De acordo com o brasileiro, a conversa foi protocolar e eles expressaram a satisfação com a retomada da Cosban.
O vice-presidente brasileiro segue para Florença, na Itália, na noite desta sexta-feira, onde faz uma parada antes de retornar ao Brasil, no domingo (26).
Saiba mais
Edição: Maria Claudia
No quinto dia de sua viagem à China, nesta quinta-feira (23), o vice-presidente Hamilton Mourão presidiu a 5ª reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), ao lado do vice-presidente chinês, Wang Qishan, em Pequim. Entre outros assuntos, foram discutidos temas como a aprovação de frigoríficos brasileiros para exportação, a fabricação e venda de aviões da Embraer e o mercado de sementes geneticamente modificadas.
Os dois países concordaram em reforçar intercâmbios e cooperação em vários campos, promover a facilitação do comércio, otimizar a estrutura comercial e promover o crescimento da alta qualidade do comércio bilateral. “Ao retornar [ao Brasil], vamos apresentar um relatório ao presidente e também iniciar um cronograma para que os ministérios deem resposta ao que foi acertado aqui, para não ficar somente na conversa. Essa é minha grande preocupação”, disse Mourão, em entrevista a jornalistas brasileiros em Pequim.
Instituída em 2004, a Cosban é o principal mecanismo de coordenação da relação bilateral entre o Brasil e a China e é comandada pelos vice-presidentes dos dois países. Mourão destacou que os objetivos do Brasil foram atingidos com a reativação da Cosban: a mensagem política de que o Brasil vê a China como parceiro global estratégico, que quer aprofundar essa posição, e que a Cosban passe a ser o mecanismo de mais alto nível de concertação entre os dois países. Desativada desde 2015, segundo o vice-presidente, muitos negócios e reuniões ocorriam e não passavam pela organização e direção do governo federal.
Por outro lado, ele defendeu que o país tenha uma “política mais agressiva na busca de mercados”, inclusive com a atuação direta da iniciativa privada. “Veja a nossa CNA [Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil], ela está muito sentada e parada no Brasil. Vou conversar com o presidente [João Martins] que tem que colocar escritórios aqui, buscar fazer negócios e não ficar dependendo do governo. O governo tem limite, o empresário que quer vender tem que se mexer”, disse.
Oportunidades de negócios
A China é, desde 2009, o principal parceiro comercial do Brasil. A corrente de comércio bilateral alcançou, em 2018, US$ 98,9 bilhões (exportações de US$ 64,2 bilhões e importações de US$ 34,7 bilhões). O comércio bilateral caracteriza-se por expressivo superávit brasileiro, mantido há nove anos, e que, em 2018, atingiu recorde histórico de US$ 29,5 bilhões.
Para Mourão, a China tem áreas de oportunidades intensas para as empresas brasileiras e o governo brasileiro está disposto a fortalecer o diálogo e a cooperação entre os dois países, bem como promover a integração da estratégia de desenvolvimento do Brasil com a iniciativa chinesa de investimentos, conhecida como Cinturão e Rota ou A Nova Rota da Seda.
“Ela [China] deseja investir em infraestrutura em nosso país, que atende aos seus interesses de importação e exportação e também com aquilo que pretendemos fazer. Essa comunhão entre os dois países ficou clara”, disse. A viagem de Mourão a China é preparatória para a ida do presidente Jair Bolsonaro ao país, no segundo semestre, que deve consolidar essa parceria entre os dois países.
Também no segundo semestre, em novembro, o governo brasileiro recebe a reunião do Brics e assume a presidência do grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Para com Mourão, as negociações entre os países do bloco tiveram uma queda, “pela própria situação econômica que o mundo tem vivido”, mas o Brasil quer trabalhar para apresentar propostas concretas, para que ele não seja apenas um grupo de debate.
“Tem que procurar convergências e coisas que sejam concretas e que possam influenciar o concerto das nações”, disse, ressaltando ainda que o Brasil precisa utilizar mais os recursos do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), criado pelo Brics em 2015. Nos três primeiros anos de operação da instituição, foram aprovados quatro projetos brasileiros que abrangem as áreas de energia renovável (eólica, solar e hidrelétrica), construção de estradas, reconstrução de rodovia férrea, esgotamento sanitário, telecomunicações e refinarias da Petrobras.
Nesta sexta-feira (24), último dia da sua viagem, Mourão se encontrou com o presidente chinês, Xi Jinping, no Grande Palácio do Povo em Pequim. De acordo com o brasileiro, a conversa foi protocolar e eles expressaram a satisfação com a retomada da Cosban.
O vice-presidente brasileiro segue para Florença, na Itália, na noite desta sexta-feira, onde faz uma parada antes de retornar ao Brasil, no domingo (26).
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Edição: Maria Claudia