Por Márcia Grana
Equipe Ascom Ufam
A aposta na Bioeconomia e a extração sustentável de reservas minerais foram algumas das alternativas apontadas para o desenvolvimento sustentável na Amazônia na abertura da Semana do Meio Ambiente 2019.
Promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia da Universidade Federal do Amazonas (PPGCASA/Ufam), o evento, que tem como tema “Tecnologia e Ambiente”, reúne, até o próximo dia 7 de junho, especialistas de diversas áreas para discutir tecnologias e iniciativas empreendedoras. Confira a programação completa.
Solenidade de abertura
A abertura do evento ocorreu com a atividade “Papo verde”, painel mediado pela pesquisadora e juíza de Direito Lúcia Maria Corrêa Viana. A atividade contou com as apresentações do procurador de Justiça Mauro Veras Bezerra; do engenheiro e pesquisador do Instituto de Desenvolvimento Tecnológico (INDT) Fabrício Costa; do superintendente adjunto da Suframa, Marcelo Pereira e do diretor técnico do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) Carlos Gabriel Koury.
Investimentos em tecnologia
O Procurador de Justiça Mauro Veras Bezerra destacou os investimentos do Ministério Público brasileiro nas inovações tecnológicas para combater crimes ambientais. “O Ministério Público Brasileiro tem se dedicado a investir na aquisição de tecnologias para rastrear a delinquência ambiental que também está bastante aperfeiçoada, pois quem infringe a lei também usa modernas tecnologias. Logo, investimos em sistemas de Inteligência Artificial para combater desmatamentos, se não em tempo real, mas no mínimo espaço de tempo possível e a sociedade é nossa parceira nesse combate aos delitos ambientais”, ressaltou o procurador de Justiça.
Inovações
Durante seu pronunciamento, o engenheiro e pesquisador do Instituto de Desenvolvimento Tecnológico, Fabrício Costa, apresentou soluções desenvolvidas pelo Instituto marcadas pela redução de impacto ambiental. “No INDT, sempre procuramos fazer melhor uso dos instrumentos de que dispomos. Trago como exemplo o emprego da fibra de curauá na injeção plástica em telefones celulares. O ganho financeiro foi interessante, visto que além de tornar o celular mais leve e com mais resistência mecânica, o insumo usado anteriormente deixaria de ser importado, considerando que tanto o cultivo quanto o beneficiamento da fibra do curauá é feito aqui também. Outro exemplo com excelentes resultados ecológicos e financeiros foi na área de embalagens. O principal desafio era entregar os produtos acabados mantendo a integridade dos mesmos, evitando que fossem molhados tanto pela chuva, quanto pela umidade da região. A tecnologia passou a ser adotada globalmente, pois os custos foram reduzidos em milhares de euros”, destacou o palestrante.
Bioeconomia em perspectiva
O Coordenador de Estudos Econômicos da Superintendência da Zona Franca de Manaus, Marcelo Pereira defendeu a bioeconomia e os projetos tecnológicos de sustentabilidade como as bandeiras de prorrogação da Zona Franca de Manaus. “Nós queremos que as indústrias da ZFM apostem na bioeconomia para que nossos produtos alcancem o mercado global e não fiquem restritos apenas aos mercados local e regional”, destacou o palestrante, que também ressaltou a necessidade de acessar as reservas minerais de forma sustentável. “Quanto custa, monetariamente, e em riscos socioambientalistas, acessar as reservas minerais? O desafio não é apenas extrair, mas extrair de forma sustentável. Sabemos que é necessário desenvolver novas matrizes econômicas, mas sem prescindir da ZFM, pois ela é propulsora”, argumentou.
O diretor técnico do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), Carlos Gabriel Koury, declarou que a disrupcão com o óbvio leva às inovações. “Para aproveitar as oportunidades, devemos passar pela disrupção, precisamos ser rápidos. Basta observarmos as profundas alterações nas formas de se locomover, nas formas de se hospedar e entenderemos como a disrupção vem funcionando. É necessário sair do óbvio e olhar para as oportunidades. O Idesam trabalha para gerar cadeias de impacto. Temos agenda com madeira, com água e, principalmente, com conservação de carbono, visto que o Idesam sempre defendeu que a Amazônia deve ser reconhecida pelo carbono estocado”, declarou o palestrante convidado.
Após as apresentações houve a apresentação do Grupo Maracatu Eco da Sapopema.