O presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM), pediu na Justiça a intimação do lobista Marconny Albernaz de Faria para depor à comissão. No pedido apresentado pela Advocacia do Senado, a data prevista para o depoimento é 15 de setembro. Caso o convocado não compareça, Aziz pede “a imediata condução coercitiva com o uso da força policial necessária”.
Marconny Albernaz de Faria intermediou a vendas de insumos a órgãos públicos e tornou-se alvo de investigações do Ministério Público Federal (MPF) no Pará. Há suspeitas de que ele tentou interferir no processo de chamamento público para contratação direta de 12 milhões de testes de covid-19 para beneficiar a Precisa Medicamentos junto ao Ministério da Saúde. Na quinta-feira (2), a comissão aprovou um requerimento que pede a condução coercitiva e a retenção do passaporte de Marconny Faria.
Tolentino
A CPI da Pandemia entra na reta final dos trabalhos, com uma lista de outras dez pessoas que podem ser chamadas a depor. O senador Omar Aziz ainda não definiu a agenda de depoimentos para a próxima semana. Mas deixou claro que, até o encerramento da investigação, quer ouvir — além de Marconny Faria — o advogado Marcos Tolentino. Convocado a depor nesta semana, Tolentino apresentou um atestado médico do Hospital Sírio Libanês para justificar a ausência.
O advogado é amigo do deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, investigado pela CPI. Tolentino é apontado como sócio oculto da empresa FIB Bank, que ofereceu uma garantia considerada irregular para vender doses da vacina Covaxin ao Ministério da Saúde.
— É um fraudador. E não vai fraudar uma doença? É aquele cidadão que é dono de um banco que não é banco, que tem um capital de R$ 7,5 bilhões num terreno em São Paulo que não existe. É esse cidadão que se interna às vésperas de ser ouvido! Ele virá para cá, nem que seja de maca, mas vai vir aqui — disse Aziz.
Nesta semana, senadores cobraram o depoimento de acionistas e colaboradores da VTC Log. A CPI investiga, por exemplo, se despesas pessoais do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Ricardo Ferreira Dias foram pagas pela empresa.
Podem ser chamados a depor os acionistas Carlos Alberto de Sá, Teresa Cristina Reis de Sá e Raimundo Nonato Brasil. Além deles, há requerimento de convocação aprovado para o advogado Flávio Loureiro de Souza. Ele teria atuado para viabilizar um aditivo contratual entre a empresa e o Ministério da Saúde. Também podem ser chamadas a depor Andreia Lima, diretora-executiva, e Zenaide Sá Reis, funcionária do setor financeiro da VTC Log.
— A gente não tem como terminar a investigação da VTC Log sem trazer Zenaide Sá para dizer o que ela fazia com tanto dinheiro vivo. Ela mandava para quem? Ela dava para os sócios? Ela dividia, para não pagar imposto? Para terceiros, para empresários, para ex-funcionário do Ministério da Saúde, para agentes políticos, para deputados federais, para senadores? Eu não sei, mas acho fundamental que, até antes de Andréia Lima, venha a senhora Zenaide — argumenta a senadora Simone Tebet.
“Alegre churrasco”
O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), defende a convocação da advogada Karina Kufa. Ela teria organizado um jantar com a presença do lobista Marconny Faria e do empresário Ricardo Santana. Segundo Randolfe, Santana seria “uma espécie de consultor informal do Ministério da Saúde”, que revela “um esquema de corrupção” na pasta.
— É sintomático o célebre encontro que ocorreu no dia 25 de maio de 2020, na residência da senhora Karina Kufa, advogada do presidente Jair Bolsonaro. Nesse encontro, que foi um alegre churrasco ocorrido no meio da pandemia, quando tínhamos 22 mil mortos, foram apresentados os representantes de dois esquemas criminosos — disse.
O parlamentar defende sugere ainda o depoimento do empresário Danilo Berndt Trento. Ele teria viajado à Índia com o dono da Precisa Medicamentos, Francisco Emerson Maximiano, para negociar a compra de doses da vacina Covaxin.
A base de apoio ao Palácio do Planalto defende a presença na CPI do ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário. Ele pode comparecer na condição de convidado.
— Wagner Rosário pode esclarecer tanto dúvidas que temos aqui sobre a negociação da Covaxin, como também 60 operações que foram feitas com prejuízos milionários em estados e municípios, que receberam bilhões de verbas federais. Eu queria saber se, antes do final da CPI, o senhor [Omar Aziz] vai marcar a vinda dele aqui, como o senhor prometeu? — questionou o senador Eduardo Girão (Podemos-CE).
O presidente da CPI respondeu:
— Eu acho de uma importância muito grande o depoimento do ministro Wagner Rosário aqui. E eu vou ver uma data antes de terminar a CPI, para a gente ver se o coloca aqui para ser ouvido.
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)