A polarização política e a disseminação de notícias falsas (também conhecidas como fake news) vêm minando a confiança da sociedade nos veículos jornalísticos. Além disso, a produção de informação online vem sendo marcada pelo poder de plataformas (como Facebook e Google) e pela ampliação de serviços pagos, como os que exigem assinatura.
As conclusões estão no Relatório de Notícias Digitais 2019 (Digital News Report), elaborado pelo Instituto Reuters e divulgado ontem (12) (http://www.digitalnewsreport.org/). O estudo é o mais amplo e notório sobre o mercado jornalístico e os hábitos de consumo de notícias dos usuários na Internet, realizado a partir de entrevistas com leitores em 38 países em seis continentes, entre eles o Brasil.
A radicalização da disputa política e a disseminação de desinformação apareceram como fenômenos importantes na divulgação de informação na web. O Brasil foi o país com maior preocupação manifestada sobre se uma notícia é verdadeira ou falsa: 85% dos entrevistados disseram ter esse receio.
Outros países com alto índice de preocupação foram Reino Unido (70%) e Estados Unidos (67%). Já entre nações europeias o índice foi menor, como na Alemanha (38%) e Holanda (31%). Frente a este cenário, 24% afirmaram ter deixado de ler notícias de veículos com reputação dúbia.
“A polarização política encorajou o crescimento de agendas partidárias online que juntamente com os caça-cliques e várias formas de desinformação estão ajudando a minar a confiança na midia, levantando novas questões sobre como entregar reportagens equilibradas a justas na era digital”, analisou Nic Newman, um dos autores do estudo.
Confiança
Como resultado, a confiança das pessoas nos veículos jornalísticos caiu dois pontos, de 44% para 42%. O sentimento é mais fraco no tocante às informações obtidas por meio de mecanismos de busca, como Google, (33%) ou por redes sociais, como Facebook, Twitter e Instagram. Na comparação entre países, a confiança foi menor na França (24%).
O percentual de pessoas que disseram evitar qualquer tipo de conteúdo jornalístico cresceu 6%, chegando a quase um terço das pessoas ouvidas (32%). Essas pessoas justificaram essa posição pela influência que o noticiário causa no humor e pela sensação de impotência para mudar os eventos.
Entre os entrevistados, 42% avaliaram que os meios de comunicação fiscalizam pessoas e instituições poderosas. A maioria das pessoas considerou que a mídia é mais eficiente em manter as pessoas atualizadas sobre o que ocorre no mundo e nos seus países (62%) do que em explicar os acontecimentos (51%).
Conteúdo pago
O consumo pago de serviços noticiosos aumentou pouco no último ano. Os percentuais mais altos se dão em países nórdicos, como Noruega (34%) e Suécia (27%). Nos Estados Unidos, o número ficou estável em 16%, a partir uma elevação em 2017, após a vitória do presidente Donald Trump e as polêmicas sobre desinformação nas eleições e no país.
Nos locais em que essa prática é mais comum, em geral os leitores assinam apenas um serviço. Isso mostra uma lógica de concentração nos serviços pagos, naquilo que na economia se chama “vencedor-leva-tudo”. Uma tendência identificada no estudo foi uma preferência maior de pessoas por conteúdos pagos de entretenimento em relação a notícias, como nas assinaturas de serviços como Netflix (vídeo) e Spotify (música).
Redes sociais
Os aplicativos de trocas de mensagens têm ganhado espaço como fonte de informação das pessoas entrevistadas, fazendo com que o consumo fique mais “privado”. O Whatsapp se tornou a principal fonte de notícias em países como o Brasil (53%), Malásia (50%) e África do Sul (49%). No caso do Brasil, a centralidade do Whatsapp (utilizado por mais de 130 milhões de pessoas) levantou debates como no caso do seu papel nas eleições do ano passado.
O relatório também indicou um movimento de pessoas que se informam em grandes grupos de redes sociais com pessoas que não conhecem. No Brasil, essa prática foi registrada em 22% dos participantes do levantamento. Na Turquia, esse índice ficou em 29%. Os percentuais são bastante diferentes de países mais ricos, como Canadá (7%) e Austrália (7%).
Plataformas
Além das plataformas de redes sociais, o estudo também destacou o papel de serviços de agregação de notícias, como Google News ou Apple News. Nos Estados Unidos, este último é utilizado por mais pessoas (27%) do que um veículo tradicional como o Washington Post (23%).
As plataformas também têm se tornado fonte por meio de seus assistentes virtuais. Modelos como Amazon Echo e o Google Home cresceram, segundo o estudo. A prática de se informar por esses dispositivos cresceu de 7% para 14% no Reino Unido, 5% para 11% no Canadá e 9% para 12% nos Estados Unidos.
Saiba mais
Edição: Narjara Carvalho
A polarização política e a disseminação de notícias falsas (também conhecidas como fake news) vêm minando a confiança da sociedade nos veículos jornalísticos. Além disso, a produção de informação online vem sendo marcada pelo poder de plataformas (como Facebook e Google) e pela ampliação de serviços pagos, como os que exigem assinatura.
As conclusões estão no Relatório de Notícias Digitais 2019 (Digital News Report), elaborado pelo Instituto Reuters e divulgado ontem (12) (http://www.digitalnewsreport.org/). O estudo é o mais amplo e notório sobre o mercado jornalístico e os hábitos de consumo de notícias dos usuários na Internet, realizado a partir de entrevistas com leitores em 38 países em seis continentes, entre eles o Brasil.
A radicalização da disputa política e a disseminação de desinformação apareceram como fenômenos importantes na divulgação de informação na web. O Brasil foi o país com maior preocupação manifestada sobre se uma notícia é verdadeira ou falsa: 85% dos entrevistados disseram ter esse receio.
Outros países com alto índice de preocupação foram Reino Unido (70%) e Estados Unidos (67%). Já entre nações europeias o índice foi menor, como na Alemanha (38%) e Holanda (31%). Frente a este cenário, 24% afirmaram ter deixado de ler notícias de veículos com reputação dúbia.
“A polarização política encorajou o crescimento de agendas partidárias online que juntamente com os caça-cliques e várias formas de desinformação estão ajudando a minar a confiança na midia, levantando novas questões sobre como entregar reportagens equilibradas a justas na era digital”, analisou Nic Newman, um dos autores do estudo.
Confiança
Como resultado, a confiança das pessoas nos veículos jornalísticos caiu dois pontos, de 44% para 42%. O sentimento é mais fraco no tocante às informações obtidas por meio de mecanismos de busca, como Google, (33%) ou por redes sociais, como Facebook, Twitter e Instagram. Na comparação entre países, a confiança foi menor na França (24%).
O percentual de pessoas que disseram evitar qualquer tipo de conteúdo jornalístico cresceu 6%, chegando a quase um terço das pessoas ouvidas (32%). Essas pessoas justificaram essa posição pela influência que o noticiário causa no humor e pela sensação de impotência para mudar os eventos.
Entre os entrevistados, 42% avaliaram que os meios de comunicação fiscalizam pessoas e instituições poderosas. A maioria das pessoas considerou que a mídia é mais eficiente em manter as pessoas atualizadas sobre o que ocorre no mundo e nos seus países (62%) do que em explicar os acontecimentos (51%).
Conteúdo pago
O consumo pago de serviços noticiosos aumentou pouco no último ano. Os percentuais mais altos se dão em países nórdicos, como Noruega (34%) e Suécia (27%). Nos Estados Unidos, o número ficou estável em 16%, a partir uma elevação em 2017, após a vitória do presidente Donald Trump e as polêmicas sobre desinformação nas eleições e no país.
Nos locais em que essa prática é mais comum, em geral os leitores assinam apenas um serviço. Isso mostra uma lógica de concentração nos serviços pagos, naquilo que na economia se chama “vencedor-leva-tudo”. Uma tendência identificada no estudo foi uma preferência maior de pessoas por conteúdos pagos de entretenimento em relação a notícias, como nas assinaturas de serviços como Netflix (vídeo) e Spotify (música).
Redes sociais
Os aplicativos de trocas de mensagens têm ganhado espaço como fonte de informação das pessoas entrevistadas, fazendo com que o consumo fique mais “privado”. O Whatsapp se tornou a principal fonte de notícias em países como o Brasil (53%), Malásia (50%) e África do Sul (49%). No caso do Brasil, a centralidade do Whatsapp (utilizado por mais de 130 milhões de pessoas) levantou debates como no caso do seu papel nas eleições do ano passado.
O relatório também indicou um movimento de pessoas que se informam em grandes grupos de redes sociais com pessoas que não conhecem. No Brasil, essa prática foi registrada em 22% dos participantes do levantamento. Na Turquia, esse índice ficou em 29%. Os percentuais são bastante diferentes de países mais ricos, como Canadá (7%) e Austrália (7%).
Plataformas
Além das plataformas de redes sociais, o estudo também destacou o papel de serviços de agregação de notícias, como Google News ou Apple News. Nos Estados Unidos, este último é utilizado por mais pessoas (27%) do que um veículo tradicional como o Washington Post (23%).
As plataformas também têm se tornado fonte por meio de seus assistentes virtuais. Modelos como Amazon Echo e o Google Home cresceram, segundo o estudo. A prática de se informar por esses dispositivos cresceu de 7% para 14% no Reino Unido, 5% para 11% no Canadá e 9% para 12% nos Estados Unidos.
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Edição: Narjara Carvalho