O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, defendeu hoje (27) a exigência de certificado de vacinação contra covid-19 para ter acesso a locais de lazer, receber recursos do Cartão Família Carioca e realizar cirurgias eletivas. A determinação valerá a partir de setembro e foi publicada hoje no Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro. Ao apresentar o boletim epidemiológico da cidade, Paes argumentou que as medidas protegem os vacinados e estimulam a vacinação ao criar dificuldades para quem não quer se vacinar.
“Não deixem de se vacinar. Nós vamos criar dificuldades para aqueles que não querem se vacinar, desde o acesso a programas de transferência de renda, passando por cuidados a sua saúde, passando por ter alternativas e oportunidades de lazer e, em alguns casos, até de trabalhar. É muito importante que as pessoas se vacinem”, enfatizou o prefeito, acrescentando que a exigência da vacinação é uma preparação para a liberação das atividades limitadas pelas medidas de prevenção à covid-19.
A administração municipal publicou hoje decretos que tornam obrigatória, a partir de 1° de setembro, a apresentação do comprovante de vacinação para acessar diversos espaços, como academias de ginástica, piscinas, centros de treinamento, clubes, estádios, vilas olímpicas, cinemas, teatros, circos, salas de concerto, pistas de patinação, pontos turísticos e feiras comerciais.
A prefeitura também passará a exigir o comprovante de vacinação para a inclusão e manutenção de pessoas no programa de transferência de renda Cartão Família Carioca. Além disso, a exigência do certificado será feita para quem quiser realizar cirurgias eletivas nos serviços públicos e privados de saúde e nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) no município.
A comprovação da vacinação poderá ser feita tanto com o aplicativo ConecteSUS quanto com o próprio cartão de vacinação físico, e deverá mostrar que a pessoa tomou todas as doses já disponíveis para sua faixa etária.
“Obviamente, o nosso objetivo é proteger as pessoas que acreditam na ciência, se vacinaram e frequentam os ambientes”, disse Paes, que acrescentou: “E, obviamente, também fazer com que as pessoas se vacinem”.
A vacinação contra covid-19 já alcançou 87,3% do público alvo com primeira dose ou dose única no Rio de Janeiro, considerando que os adolescentes com mais de 12 anos passaram a fazer parte da campanha de imunização. A cobertura com as duas doses ou dose única chega a 42,8% da população alvo.
Entre os números que preocupam a prefeitura está o atraso na segunda dose de cerca de 180 mil pessoas. Segundo o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, a prefeitura vai intensificar a busca ativa no mês de setembro, entrando em contato com essas pessoas por telefone ou em seus endereços. Segundo Soranz, os agentes de saúde relatam que os principais motivos apresentados por essas pessoas ao serem procuradas são o esquecimento, o adoecimento na data marcada para a vacinação e eventos adversos ocorridos na primeira dose.
O secretário lembrou ainda que 30 mil idosos com mais de 60 anos não tomaram nem a primeira dose da vacina e estão sob maior risco de ter um caso grave e serem vítimas da covid-19. “É um percentual pequeno, mas são 30 mil pessoas expostas à covid com mais de 60 anos”, alertou Soranz.
O painel de dados da prefeitura mostra ainda que a faixa etária de 30 a 39 anos tem 91 mil pessoas que não se vacinaram, e a de 20 a 29 anos, 146 mil.
Dose de reforço
Enquanto tenta ampliar a cobertura nas faixas etárias já contempladas com a primeira e a segunda doses, a prefeitura também já se prepara para iniciar a terceira dose nos grupos mais vulneráveis. O calendário para essa população receber a dose de reforço foi anunciado ontem e começa em 1° de setembro.
A nova vacinação nos idosos deverá respeitar um intervalo mínimo de três meses entre a segunda e a terceira dose, enquanto pacientes imunossuprimidos poderão receber a dose de reforço 28 dias depois da segunda dose.
Paes explicou que o Rio de Janeiro vai priorizar o reforço da vacinação do grupo de risco e não antecipará a aplicação da segunda dose da Pfizer, mantendo esse intervalo em três meses.
Boletim epidemiológico
Os dados sobre a pandemia apresentados hoje pelo município indicam que, apesar da alta de casos causada pela disseminação da variante Delta, os óbitos e internações não cresceram na mesma proporção e mantiveram estabilidade.
O prefeito considerou que é uma boa notícia a estabilização na procura pela rede de urgência e emergência, mesmo diante de uma subida “absurda” no número de casos. O secretário Daniel Soranz explicou que a disparidade entre essas tendências repete o que tem sido observado em outras partes do mundo.
“A gente mantém um padrão muito parecido com o de outros países que estão se vacinando. A variante Delta provoca aumento de casos, mas não provoca na mesma proporção aumento de óbitos nem de internações”.
Os últimos dados disponíveis, referentes ao sequenciamento de casos do mês de julho, mostram que a variante Delta responde por 57,5% das infecções, enquanto a Gama, por 41,5%.