A Prefeitura de Manaus por meio do Conselho Municipal de Cultura (Concultura) iniciou, nesta terça-feira, 1º/6, a entrega dos novos certificados de enquadramento para artistas e empreendedores culturais, que ganharam prorrogação de mais seis meses para fecharem apoios das empresas patrocinadoras aos 13 projetos aprovados pelo Fundo Municipal de Apoio à Cultura (FMC). A ação faz parte das recomendações do prefeito David Almeida de destravar a burocracia e disponibilizar os recursos, que totalizam R$ 3,8 milhões, de imediato, que serão investidos em projetos culturais, aos artistas que passam por dificuldades em razão da pandemia.
“Este é um momento significativo para as atividades artísticas em Manaus, pois representa a possibilidade de fomento à produção cultural e autonomia dos artistas”, explica o presidente do Concultura, Tenório Telles, que também informa sobre a importância da reformulação da Lei de Incentivo, que vai facilitar o processo de captação de recursos junto aos patrocinadores.
Ele explica que a prorrogação do prazo de captação para os projetos contemplados pela lei e a entrega dos certificados aos artistas, fazem parte desse trabalho de fomento às artes em Manaus e segue a determinação do prefeito David Almeida de promover ações que gerem oportunidades aos trabalhadores dos segmentos culturais.
Telles encerra dizendo que um dado importante desse trabalho em curso é o diálogo com os empresários. “Dialogando vamos esclarecendo as dúvidas e construindo um ambiente favorável para os potenciais investidores na cultura de nossa cidade”.
Ação social
Para o vice-presidente do Concultura, Neilo Batista, que faz parte do grupo de trabalho de reformulação da lei, este momento é um marco para os artistas e a cultura manauara, pois depois de 18 anos, o fundo passa a ser operante e atende aos objetivos para os quais foi criado pela lei 710, de 3/9/2003, e regulamentado pela lei 2.213, de 4/4/2017, e decreto 4.793, de 31/3/20.
“A importância do fundo para o segmento da cultura popular, por exemplo, pode viabilizar os projetos executados pelas cirandas, quadrilhas, danças regionais, pelos bois, em suas sedes nos períodos sazonais, e o ano inteiro nas comunidades em que estão inseridas, usando a arte e a cultura para fomentar, fortalecer seus traços culturais e retirar as crianças das ruas”, apontou.
Um dos projetos que receberam o certificado de patrocínio foi o “Minha Arte Vem do Morro”, do Instituto Reino do Amanhã, projeto de responsabilidade social da escola de Samba Reino Unido da Liberdade, que tem como presidente, Andrea Castelo. Apresentado em 2019, ficou parado por conta das dificuldades de captação de patrocínio, e agora, tem possibilidade de efetivação com o surgimento de duas empresas interessadas em patrocinar o projeto.
“Vamos continuar formando músicos, dançarinos, artistas culturais, exigindo a contrapartida dos alunos que permaneçam na escola formal para participar do nosso projeto”, esclareceu a presidente ao mencionar que os valores serão utilizados também na compra de instrumentos, equipamentos, remuneração dos instrutores e o lanche de sábado para os 480 alunos do projeto.
O projeto musical indígena Myra Yiá (Árvore cheia de frutos), do professor Heronaldo Pereira dos Santos, é outro que já tem empresa interessada em patrocinar, com o processo aguardando parecer final no site da Secretaria Municipal de Finanças e Tecnologia da Informação (Semef).
“Nós já temos o orgulho de ter um coral indígena que se apresentou no Teatro Amazonas, e agora o nosso desafio é levar uma orquestra indígena tocando instrumentos com materiais oriundos da floresta amazônica”, informa Santos.
Serão 50 músicos no total, mas as aulas na comunidade abrangem mais de 300 alunos que passarão pela seleção. Ele reconhece a postura, atenção e a dedicação dos dirigentes e servidores do Concultura, porque desde 2019 que estavam correndo atrás desse projeto.
“Tentamos várias vezes chegar à direção para tentar dialogar e não conseguimos, agora, justiça seja feita, nos primeiros dias de trabalho conseguimos reunir com os presidentes do Concultura, Manauscult, e até mesmo da Semef”, falou satisfeito.
Os outros projetos aprovados que receberam certificados foram o musical autoral “Tocando em Frente”, formulada por Francisco Pinto de Mesquita, representante da Associação dos Músicos e Artistas Cristãos do Amazonas (Amacam); Escola de Artes Visuais “Arara de Ouro”, de Nestor Bendelack de Carvalho Filho, representante do Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos da Cidade Nova e; o Auto de Natal das Pastorinhas, de Lucineide Ribeiro da Silva.
Ativismo cultural
A cantora e compositora Márcia Novo, há três anos apresentou dois projetos que foram aprovados e não conseguia fechar os patrocínios necessários.
“Eu estou achando muito importante o processo atual coletivo que junta quem aprova os projetos com quem libera os recursos (Concultura e Semef), isso vai facilitar muito o entendimento da lei, e unidos acho que vai andar de maneira mais fluida. Tô com muita fé”, afirma.
Márcia Novo faz parte de uma geração de músicos locais que criaram um movimento musical chamado “Pirão”, que busca no som popular dos músicos de beiradão, as referências para criar uma música pop regional.
“Acredito muito na nossa cultura e quando isso acontece coletivamente somos capazes de chegar a qualquer lugar. Eu faço parte dessa geração, que acredita no futuro de um Brasil melhor, e isso só acontece com todos construindo”, diz ela, ao enfatizar que o artista independente precisa fazer tudo na sua carreira, e captação de recursos faz parte desse processo.
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Texto e foto – Divulgação / Concultura
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