Na Amazônia, a expansão de sistemas de produção sustentáveis é fundamental na estratégia de preservação da floresta. Baseados em produtos tradicionais da sociobiodiversidade e da agroecologia, contribuem para reduzir o desmatamento. Existem mais de 400 mil famílias vivendo da floresta e produzindo alimentos, cosméticos, artesanato e outros produtos e serviços que preservam o patrimônio natural e cultural de seus territórios.
O acesso aos mercados consumidores, porém, ainda é limitado para produtos da Amazônia, como o açaí, a castanha do Brasil, os óleos vegetais e os insumos usados na fabricação de cosméticos. Além de diminuir o desmatamento, o sistema de produção sustentável garante ao agricultor familiar e aos povos e comunidades da Região Amazônica uma alternativa de comercialização e de geração de renda.
Com o objetivo de ampliar o acesso aos mercados para os produtos da sociobiodiversidade e da agroecologia, a Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ) estão lançando o projeto “Mercados Verdes e Consumo Sustentável”. A ideia é fomentar as cadeias produtivas sustentáveis na Amazônia e, com isso, aliviar a pressão sobre a floresta e gerar renda para as populações locais.
O projeto vai contribuir para a proteção das florestas ao impedir a perda da biodiversidade, o aumento na emissão dos gases de efeito estufa e a redução dos espaços vitais para povos e comunidades tradicionais. Vai usar o potencial para criar riqueza e aumentar a renda da população local sem prejudicar o ambiente.
O projeto inclui quatro estados: Acre, Amazonas, Pará e Amapá. Os produtos provêm de organizações econômicas da agricultura familiar e dos povos e comunidades tradicionais na Amazônia, todos com práticas sustentáveis de produção. A intenção é melhorar as políticas públicas que promovem a comercialização desses produtos, ampliando o acesso aos mercados privados nacionais e internacionais voltados para o consumo sustentável, agregando valor. O açaí da Amazônia já é exportado para a União Europeia, na forma de polpa de fruta, o que exige trabalho de processamento.
Nos quatro estados foram criadas câmaras de comercialização, nas quais todos os envolvidos no projeto desenvolvem soluções para promover as cadeias produtivas. Um elemento importante é apoiar a gestão nas cooperativas. Para isso, profissionais de serviços de assistência técnica e extensão rural estão sendo treinados em métodos e instrumentos apropriados.
Novos canais de comercialização
Estão sendo desenvolvidas campanhas para fortalecer a ideia de consumo consciente dos produtos da Amazônia. Novos canais de comercialização estão sendo abertos junto à iniciativa privada para produtos provenientes de cadeias que garantem condições favoráveis para as comunidades locais, e que contribuam para a conservação. O projeto incentiva a criação de Parcerias com o Setor Empresarial (PSE) para direcionar investimentos privados adicionais na construção de sistemas de produção sustentáveis. E busca investidores interessados em oportunidades de negócios. A GIZ é apoiada pelo Consórcio Eco Consulting /IPAM na implementação do projeto.
No Brasil, o termo agricultura familiar engloba diversidade social importante para a preservação do patrimônio cultural de biomas: são famílias de agricultores tradicionais, assentados da reforma agrária, extrativistas, ribeirinhos, quilombolas, indígenas, pescadores artesanais, entre outros. Já foram mapeadas na Amazônia 341 cooperativas e associações de pequenos agricultores e 121 empresas que são potenciais compradoras de produtos da Amazônia.
Os dados ajudam a Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Mapa a aproximare oferta e demanda, gerando aumento de renda aos agricultores. No ano passado, na maior feira de produtos orgânicos do mundo, a Biofach 2018, em Nürnberg, Alemanha, a secretaria e a GIZ viabilizaram a participação de nove cooperativas brasileiras, que realizaram mais de 200 contratos comerciais. O volume de negócios fechados e prospectados foi superou R$ 7,7 milhões.
Foram criadas câmaras estaduais de comercialização, para articulação de oferta e demanda de produtos da agricultura familiar, priorizando a produção da sociobiodiversidade e da agroecologia. Nelas são discutidas a promoção comercial, que pode ser melhorada por meio de adaptação do marco regulatório e institucional, assim como por ações concretas. As três já instituídas são a Comissão de Alimentos Tradicionais dos Povos do Amazonas, em Manaus; a Câmara Estadual de Comercialização da Produção Familiar, em Rio Branco, no Acre; e o Colegiado de Comércio e Consumo Sustentável do Tapajós, em Santarém, no Pará.
Fonte: Ministério da Agricultura