O secretário estadual de Saúde (Susam), Rodrigo Tobias, afirmou neste sábado (27/4) que a pasta está trabalhando com planejamento para o combate das doenças de maior incidência no Amazonas como tuberculose, hanseníase, HIV/Aids e câncer de colo uterino.
“Nós temos nos preocupado com o conjunto de ações e serviços a serem desenvolvidas. Isso pressupõe uma reorganização do Sistema de Saúde, ambulatórios especializados para o enfrentamento dessas doenças em comunicação com a atenção básica e especializada”, destacou.
O secretário participou do “Fórum de Doenças de Maior Frequência no Amazonas”, realizado pelo Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CRM-AM) e salientou que o panorama das doenças auxiliam na formulação de políticas públicas.
“Saber das grandes mazelas do Estado, escutar especialistas sobre o padrão de mortalidade da nossa população nos ajuda na gestão, a pensar e construir políticas públicas estaduais pensando na qualidade de vida das pessoas”, disse Rodrigo Tobias.
Conforme o titular da Susam, o quadro atual é o que se chama de “tripla carga de doença”, ou seja, doenças infecciosas, doenças crônicas não transmissíveis e as causas externas. Assim, é preciso de um fortalecimento da atenção primária. “Se a gente não fizer esse movimento de financiar a atenção básica dos municípios, a gente vai continuar afogando o nosso sistema especializado”, revelou o secretário, ao ressaltar que a Susam trabalha ações no sentido integrar os dois níveis de assistência – básica e especializada – o que vai ajudar no enfrentamento desses agravos de forma sistematizada.
Para o presidente do Cremam, José Bernardes Sobrinho, o Fórum dá a possibilidade do planejamento de medidas de combate às doenças que o Amazonas se sobressai entre os demais Estados com base nas informações dos profissionais de saúde.
“É uma função do Conselho, hoje, além da atividade judicante e de fiscalização, a educação continuada”, disse Sobrinho. Segundo o presidente do Cremam, as patologias são de fácil diagnóstico e é necessário a disseminação das informações para a prevenção.
Câncer de Colo Uterino – A vacinação de meninas e meninos nas escolas do Amazonas contra o Papilomavirus Humano (HPV) e a redução da idade em que as mulheres fazem o exame preventivo são os dois métodos defendidos pela médica ginecologista Mônica Bandeira, da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), como caminhos para reduzir o número de casos de câncer do colo uterino.
“O câncer de colo uterino é uma doença completamente evitável. É indigno uma mulher morrer de câncer de colo do útero”, disse a médica ginecologista.
O câncer de colo uterino demora de dez a 15 anos para se estabelecer no corpo de uma mulher. Por isso, Mônica Bandeira defende que as lesões pré-cancerosas precisam ser identificadas por meio do exame preventivo, o mais cedo possível. A ginecologista sugeriu um movimento para que se antecipe a idade indicada para fazer o preventivo para os 18 anos. Hoje, a indicação é fazer o exame em mulheres de 25 a 64 anos com vida sexual ativa.
Ver e tratar – Durante o fórum, Mônica Bandeira também explicou como funciona o projeto “Ver e tratar o colo uterino”, projeto da FCecon, que consiste em fazer o tratamento de lesões pré-cancerosas do colo uterino detectadas no preventivo. Serão realizados, a cada seis meses, mutirões permanentes em municípios polos, como Itacoatiara, Borba, Manacapuru, Tabatinga, Parintins, Tefé e Coari.
Durante o evento, a médica ginecologista entregou um documento com informações sobre o projeto ao secretário da Susam, Rodrigo Tobias, e ao presidente do Cremam, José Bernardes Sobrinho. O documento traz os dados dos aparelhos e instrumentos necessários para a realização da conização, procedimento de retirada de lesões precursoras de câncer de colo uterino.
O objetivo é conscientizar o empresariado e a sociedade civil do Amazonas, através da campanha ‘Adote uma conização’, a adquirirem os kits para serem utilizados nos mutirões.
De acordo com Rodrigo Tobias, há a necessidade da descentralização dos serviços para o combate do câncer de colo uterino de maneira preventiva. “Começou com São Gabriel da Cachoeira, e a ideia é que nós, Susam, invistamos na ampliação para todo o interior do Estado de tal forma que a gente não receba mais o grau, a agudização dessas doenças no seu último estágio de câncer aqui em Manaus”, afirmou o secretário.