A sessão desta quarta-feira (22) do Plenário da Câmara dos Deputados foi encerrada depois que o clima entre governo e parlamentares de oposição e de centro esquentou. O motivo foi o desabafo do líder do DEM, deputado Elmar Nascimento (BA), que criticou as relações entre Planalto e Congresso.
Nascimento foi à tribuna acusar o governo, na Câmara, de usar uma “estratégia canalha”. Ele disse que a liderança governista no Senado, na comissão mista que analisou a medida provisória da reestruturação dos ministérios (MP 870/19), havia defendido a votação de limitação nas atribuições de auditores da Receita Federal para vedar quebras de sigilo fiscal oportunistas.
Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Elmar Nascimento criticou deputados do PSL que foram à tribuna convocar a população para irem às ruas no domingo
Na Câmara, no entanto, o discurso foi o contrário, segundo o líder do DEM. “O procedimento que está havendo nesta Casa por parte do governo é um procedimento canalha”, acusou. “Quero saber se a liderança no Senado é corrupta, e a da Câmara é a correta”, questionou. A sessão de hoje foi encerrada antes de se definir o destaque sobre a atuação de auditores fiscais.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, transferiu para a quinta-feira (23) o encerramento da votação da MP 870/19 por considerar “que o clima não ia ficar bom na noite de hoje”. O texto-base foi aprovado nesta quarta.
Manifestações
O líder do DEM também criticou a convocação de atos no domingo (26) em defesa do presidente Jair Bolsonaro. Isso porque a maioria dos integrantes da bancada do PSL foi à tribuna do Plenário chamar a população às ruas.
“Tem parlamentar convocando participação em manifestação que defende o fechamento do Congresso Nacional, convocando manifestação que defende fechar o Supremo Tribunal Federal. Se o presidente fizesse isso, era crime de responsabilidade, e o parlamentar que faz isso é quebra de decoro”, afirmou Nascimento. Ele se referiu ao deputado Filipe Barros (PSL-PR), que junto à bancada dele, foi à tribuna defender que a população vá às ruas no domingo.
Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Filipe Barros contestou o líder: “Manifestações foram convocadas pelo próprio povo”
Barros, por sua vez, disse que a manifestação foi chamada pelo povo e criticou a oposição, a quem acusou de “reivindicar o monopólio da voz popular”.
“Estou dizendo que a população está nas ruas e delas não sairá. E quero ressaltar a importância das manifestações deste domingo. Ao contrário do que parte da imprensa tem falado, não é uma manifestação convocada pelo presidente da República, é uma manifestação convocada pelo povo”, declarou Filipe Barros.
O movimento foi articulado pelas redes sociais no final de semana, depois que foi noticiado que Jair Bolsonaro teria divulgado um texto em que chamava o País de “ingovernável”.