“Nenhum país conseguiu ser mais desenvolvido, culturalmente melhor e economicamente estabilizado sem investir na educação”. Essa é a reflexão proposta pela professora e presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), Therezinha Ruiz (PSDB) sobre a passagem do Dia da Educação, comemorado no último dia 28.
Para a parlamentar, o Brasil precisa “dar uma virada” na educação, o que incluiria não só investimentos em estrutura e material didático, mas também na valorização dos professores. “Esperamos que o Brasil possa dar uma virada na educação, apresentar um bom plano de cargos e salários, oferecer condições para o professor ministrar a sua aula e manter a família sem precisar trabalhar em três horários. O professor precisa de material didático suficiente e adequado, precisa estar bem informado, ter menos alunos em sala de aula, receber bons salários e outros direitos”, observou.
A deputada lembrou que a rotina estafante acaba por desencadear inúmeros problemas de saúde nestes profissionais, tanto de ordem física quanto psicológica, e revelou preocupação com o número de professores que acabam afastados das salas de aula. “O professor precisa se sentir bem, ser bem acolhido na escola, para não adoecer tanto”, diz ela, citando motivos como a distância entre a residência e as escolas, dificultando a sua locomoção, principalmente quando precisa dar aulas em três locais diferentes. “Isso vai, ao longo do tempo, desgastando o emocional dos professores, que acabam se tornando pessoas irritadas, insatisfeitas com o seu trabalho. São várias situações, principalmente nas grandes cidades”, explicou.
Procurada pela reportagem, a assessoria da Secretaria de Estado de Educação e Qualidade do Ensino (Seduc) informou que, somente no mês de março deste ano, houve registro de 402 pedidos de afastamento por motivos de saúde. Todos os pedidos foram encaminhados à Junta Médica do Estado, responsável pela emissão de laudos.
Manifestação na Aleam
No mês de abril, quando servidores da Educação iniciaram um movimento para reivindicar reajuste salarial de 15%, a Assembleia Legislativa cedeu espaço para que representantes da categoria se manifestassem. Lambert Melo, da Associação de Professores de Manaus (Asprom) e Alfredo Rocha, do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas (Sinteam), ocuparam a tribuna da Casa e explicaram que o governo tinha como contraposta 3,93% de reposição salarial, o que não é aceito pela categoria, e pediram ajuda aos deputados.
O presidente da Assembleia Legislativa, Josué Neto (PSD), não apenas garantiu o espaço, mas também declarou que a Casa estaria sempre de portas abertas para a categoria. Na ocasião, não só os representantes dos sindicatos se manifestaram, mas também dezenas de outros servidores da Educação, que ocuparam as galerias do legislativo estadual portando faixas e cartazes em apoio ao movimento.
Missão impossível
Professora da rede pública de ensino, Edilene Vasconcelos de Menezes tem 29 anos de profissão, experiência de trabalho em três turnos e diz que dar conta de tanta responsabilidade “é missão quase impossível” para os educadores.
“Trabalhando em três turnos, ficava muito tempo longe de meus filhos, o que me deixava muito angustiada, pois eram pequenos e o salário não dava para pagar uma babá. Como trabalhava em escolas diferentes, levava muito tempo esperando e dentro de condução, o que me deixava com as pernas inchadas e promovia o aparecimento de varizes. As aulas eram preparadas em casa e durante o trajeto. Peguei a mania de anotar as ideias ‘inovadoras’ que me vinham à cabeça enquanto esperava o ônibus ou quando conseguia um lugar para sentar”, recorda.
Segundo Edilene, o ato de educar tem se tornado ainda mais desafiador, pois os professores precisam dispor de tempo extraescolar e material para pesquisa e elaboração de projetos que possibilitem, através de aulas diferenciadas e dinâmicas, maior empenho e desenvolvimento cognitivo e social dos alunos.
“E isso requer muita leitura, pesquisa, tempo e dedicação. Tudo isso gera um custo extra ao professor, seja de seu empenho mental e emocional, seja financeiro, pois é comum e frequente o uso de impressora e papel, por exemplo, de propriedade particular. O que existe é a responsabilização do professor pelo combate à gravidez precoce, ao uso de drogas, ao analfabetismo funcional estudantil, entre outros. Não é à toa que os novos professores estão tentando outra profissão”, disse.
Data
O Dia da Educação, comemorado em 28 de abril, tem o objetivo de refletir sobre um dos direitos básicos e mais importantes do ser humano. A data ficou internacionalmente conhecida e passou a ser comemorada após a realização, em 2000, do Fórum Mundial de Educação de Dakar. Neste Fórum ficou estabelecido o compromisso dos países de levar a educação básica e secundária a todas as crianças e jovens do mundo.
Diretoria de Comunicação da Aleam
Texto: Elizabeth Menezes