Médica palestrante alertou para os números preocupantes de mortes de mulheres pela doença, que pode ser prevenida.
O Tribunal de Justiça do Amazonas aderiu à campanha “Março Lílás” e promoveu na manhã desta sexta-feira (22) uma palestra orientadora, proferida pela médica ginecologista Mônica Bandeira de Melo, da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (Fcecon), sobre o tema “Cuidar do colo uterino é cuidar da vida”. A programação, também alusiva ao Mês da Mulher, foi organizada pela Divisão de Cerimonial do Tribunal e aconteceu no Plenário Desembargador Ataliba David Antônio, com a participação de servidoras e convidados.
Idealizadora da campanha de vacinação contra o HPV iniciada no Amazonas em 2013, a médica Mônica Bandeira de Melo apresentou ao público os dados, que classificou de “alarmantes”, de mulheres que vão a óbito pela falta do diagnóstico precoce do câncer do colo do útero, causado pela infecção do Papilomavírus Humano (o HPV). Segundo a médica, os números colhidos por ela na Fundação Cecon, de 2015 a 2018, indicam que o Amazonas teve um total de 1.129 mulheres mortas pela doença, com média de 23 casos de óbito em Manaus.
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima para o Amazonas, no biênio 2018/2019, cerca de 840 casos novos de câncer de colo de útero, uma taxa bruta de 40,97 a cada 100 mil mulheres. Desses casos novos do Estado, cerca de 640 serão mulheres residentes em Manaus.
Mônica Bandeira chama atenção para a importância da prevenção. “Eu costumo dizer que o câncer uterino, no nosso Estado, é uma tragédia evitável. É muita mulher morrendo por causa desse câncer. Isso é dado oficial e é a ponta de um iceberg, porque na realidade tem muita mulher que morre por câncer de colo uterino na capital e no interior sem diagnóstico, pois a maioria sequer fez um preventivo na vida”, diz a médica, que desde 2011 realiza palestras para alertar sobre a necessidade da prevenção.
“No resto do Brasil, o que mais acomete e mata mulheres é o câncer de mama, como no mundo inteiro. Aqui no Amazonas, é o câncer de colo uterino. Estou com 36 anos de profissão e continuo a ver mulheres morrendo por causa desse câncer, da mesma forma de quando comecei na profissão na década de1980, em um período que os nossos recursos eram muito menores em termos de tratamento”, comenta.
Ela avalia que a situação é gerada por dificuldades em todos os níveis. “Falta de informação, falta de acesso, questão cultural que inclui o medo de ir ao médico, o próprio marido que não permite a ela ir na consulta porque precisa ficar nua na frente do profissional. Falta chegar a essas mulheres a informação do quanto é importante a prevenção. Estou falando de um câncer que é 100% evitável. Um câncer de pâncreas, por exemplo, não dá pra ser evitado, mas um câncer de colo uterino pode ser evitado e quando essa prevenção e cuidado não acontece é coisa de país pobre, subdesenvolvido”, lamenta a profissional.
A vacinação
O papilomavírus humano (HPV) é um vírus muito contagioso, adquirido sexualmente. Causa, além de verrugas genitais, vários tipos de câncer em ambos os sexos – como colo uterino, vagina, pênis, garganta, ânus. A prevenção primária do câncer do colo do útero está relacionada à realização de exame preventivo de Papanicolau, uso de preservativo durante a relação sexual e à vacina contra o HPV. A vacina é uma grande defesa, segundo a médica, pois o vírus causador leva de 10 a 15 anos para se instalar, daí a necessidade de proteger a população de jovens – meninas, de 9 a 14 anos e meninos, de 11 a 14 anos.
Outras atividades
A programação do evento organizado pela Divisão de Cerimonial também ofereceu às servidoras serviços de beleza. Ao final da palestra com a especialista da Fundação Cecon, também foi realizada uma sessão de sorteio de brindes entre as participantes da atividade.
Sandra Bezerra
Fotos: Chico Batata e Raphael Alves
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