Uma iniciativa conduzida pela Universidade de São Paulo (USP) capacitará 30 jovens, com idades entre 18 e 30 anos, de comunidades ao redor do campus na Cidade Universitária, em São Paulo, e ajudá-los a se tornarem empreendedores. A ação tem o objetivo de que eles sejam agentes de transformação e criem projetos que melhorem as condições do local em que vivem.
Vale destacar que o projeto “Potencializa” partiu das professoras da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP Kavita Miadaira Hamza e Ana Carolina de Aguiar Rodrigues.
As docentes inscreveram a proposta no edital Empreendedorismo Social da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da universidade e tiveram aprovado um auxílio financeiro de R$ 25 mil. Articulando parcerias, elas conseguiram mais R$ 285 mil, somando R$ 310 mil para colocar o projeto em ação a partir de julho.
Aulas
O CAVC Idiomas, escola de línguas vinculada ao Centro Acadêmico Visconde de Cairu da FEA, entrou com a maior parte dos recursos externos. A entidade oferecerá, por um período de dois anos, aulas gratuitas de inglês aos jovens participantes.
“O projeto caminha muito próximo aos ideais que o CAVC sempre defendeu para a universidade: que ela seja pública, gratuita e transforme a vida de seus alunos e da comunidade”, ressalta a diretora do CAVC Idiomas, Ana Paula Bastos Vilar Garcia, ao Jornal da USP.
O British Council, organização internacional do Reino Unido para relações culturais e oportunidades educacionais, contribuirá com a iniciativa aplicando junto aos jovens uma metodologia chamada Active Citizens. Desenvolvida por eles, a ferramenta foi implementada em 68 países.
“É uma metodologia já bem consolidada em que eles potencializam jovens em situações vulneráveis para ajudá-los a empreender”, explica a docente Kavita Hamza ao Jornal da USP.
“Tem muito treinamento de autoconhecimento e de empoderamento, no sentido de: quem sou eu no mundo, qual é o meu papel, quais são os meus direitos, como faço para melhorar a comunidade em que eu vivo? Então, são cursos com esse objetivo, de potencialização do próprio jovem”, acrescenta.
Integração
A ponteAponte, como o próprio nome sugere, faz a integração entre o primeiro, o segundo e o terceiro setores. A empresa já realizou um piloto do programa no ano passado com oito jovens.
Eles contribuirão com sua expertise em empreendedorismo social, realizando o processo de divulgação do programa e seleção dos jovens, a aplicação metodológica, articulação de professores e mentores, estruturação do currículo do programa em parceria com a FEA, preparação e compilação de conteúdos para as aulas, acompanhamento dos jovens ao longo do processo e avaliação dos resultados.
A Escola Aberta do Terceiro Setor ajudará a selecionar os 30 jovens que participarão do projeto, além de auxiliar na produção de três cursos ou videoaulas, com duração de 30 minutos cada, a serem disponibilizados gratuitamente na plataforma on-line da escola. Qualquer jovem terá acesso aos cursos, e não somente os recrutados.
Treinamento
O principal objetivo do “Potencializa” é treinar os jovens das comunidades no entorno da USP para torná-los cidadãos ativos, que se empoderem por meio do conhecimento dos próprios direitos e sobre como se organizar em grupo. A capacitação dos 30 jovens escolhidos englobará temas como autoconhecimento, empreendedorismo social e gestão de projetos.
De acordo com a professora Kavita Hamza, a metodologia ajuda a identificar os problemas na comunidade e criar soluções. Os jovens recrutados participarão de aulas, palestras, oficinas e encontros de inspiração (mentorias). Depois, o grupo se dividirá em cinco equipes para o desenvolvimento colaborativo.
Os times colocarão em prática cinco projetos, que receberão ajuda financeira para a implementação, ou seja, “investimentos-semente” no valor de R$ 5 mil. Serão dados mais R$ 500 para os dois melhores projetos, indicados pelos próprios jovens num processo de avaliação coletiva.
Capacitação
Para a docente Kavita Hamza, o treinamento dos jovens das comunidades é uma forma de capacitá-los profissionalmente, ajudando-os a melhorar de vida. Contudo, ela enfatiza que os projetos a serem implementados deverão obrigatoriamente beneficiar a comunidade onde eles vivem.
Além das coordenadoras, serão envolvidos no processo cinco alunos de graduação e pós-graduação da FEA. Futuramente, outros parceiros poderão ser procurados para investir financeiramente nas iniciativas.