Líderes de partidos de centro foram à tribuna nesta semana para reclamar de ataques virtuais supostamente patrocinados por deputados do PSL durante a votação da Medida Provisória 870/19, que trata da estrutura ministerial do governo Bolsonaro. Os temas foram as polêmicas sobre o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), a Receita e também a reforma da Previdência.
Michel Jesus/ Câmara dos Deputados
Líder do PSL assumiu que partido precisa melhorar relação com o Parlamento e pediu desculpas
A votação da MP foi concluída nesta quinta-feira.
O líder do DEM, deputado Elmar Nascimento (BA), disse que ficou surpreso com os ataques relacionados à mudança nas atribuições dos auditores fiscais da Receita – que teriam atuação limitada a crimes tributários. Ele destacou que a medida foi incluída no texto da MP 870 pelo líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE). Esse dispositivo acabou retirado com a promessa de ser rediscutido na forma de projeto de lei.
Nascimento condenou os ataques nas redes sociais que colocaram o partido como defensor da “mordaça” dos auditores.
“Essa questão dos auditores foi inserida por ninguém menos do que o líder do Governo no Senado. Se ele não fez com a aquiescência do Presidente, tinha que ser demitido no outro dia”, afirmou. E questionou se a liderança no Senado seria “errada” e a da Câmara “certa”.
Nascimento disse que as relações com o governo precisam de “racionalidade” e condenou o foco nas redes sociais. “Isto aqui não é um circo em que as pessoas pegam o celular para ficar transmitindo o que aqui se passa”, afirmou.
O líder do PP, Arthur Lira (AL), também acusou alguns parlamentares de dividir o Plenário em troca de “likes” pela internet e antagonizar os deputados. “O tema é delimitar abusos de poder para que a gente tenha paz no ordenamento jurídico desse país. A realidade da matéria é essa, mas o proselitismo político que busca likes na internet vendeu discursos de falsa moralidade”, disse.
Principal expoente do centro, Lira destacou que a MP 870 só foi aprovada com o aval dessas legendas.
“Nós, no centro, trabalhamos para cumprir com obrigação de votar uma MP que, sem nós, não teria votos para estar onde estamos”, disse.
O deputado Diego Garcia (Pode-PR) saiu em defesa do líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO). Disse que Bezerra Coelho foi questionado na comissão mista sobre as mudanças na Receita e que Vitor Hugo foi o único que “assumiu posição” sobre o tema.
Garcia disse ainda que o fato de a votação que devolveu o Coaf ao Ministério da Economia ter tido um placar apertado – 228 a 210 – apenas comprova que as legendas de centro não têm o peso nem os votos que dizem ter.
Previdência
O presidente da comissão especial que analisa a proposta de reforma da Previdência (PEC 6/19), deputado Marcelo Ramos (PL-AM), também se disse alvo de “fogo amigo” do PSL. “Eu me questiono se o PSL quer ver a reforma da Previdência aprovada”, disse.
Ramos disse que os deputados são cotidianamente questionados nos seus esforços por colegas governistas. E citou uma postagem de um parlamentar do PSL que teria dito ser “mentira” o calendário de votação da Previdência.
“O País é muito mais do que uma curtida no Twitter”, criticou, referindo-se a questões polêmicas levantadas na rede social.
O líder do PSL, deputado Delegado Waldir (GO), se adiantou em pedir desculpas ao deputado Marcelo Ramos.
Waldir disse que o partido precisa melhorar a relação com o Parlamento e defendeu os esforços de Ramos e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, na análise da reforma.
“Não meçam, por favor, a conduta do PSL pela conduta individual de um ou outro parlamentar. Estamos trabalhando e tenho alertado pela necessidade de um outro relacionamento com o Parlamento”, disse.