08/05/19 12h28
Fabricantes mantêm projeção de alta, mas admitem revisão dos números após junho
Automotive Business
O aumento de 10% dos emplacamentos de veículos no acumulado de janeiro a abril, para quase 840 mil unidades, anima a Anfavea em manter sua projeção de crescimento das vendas de veículos para o ano. Em sua previsão divulgada no início do ano, a associação das fabricantes aponta que os emplacamentos de 2019 devem atingir 2,86 milhões de unidades, considerando leves e pesados, o que representaria crescimento de 11,4% sobre o resultado do ano anterior, que foi de 2,56 milhões.
Deste total, a projeção aponta que 2,75 milhões serão de veículos leves, um aumento e 11,3%, enquanto os pesados, cujo volume total inclui caminhões e ônibus, aponta para o emplacamento de 105 mil unidades, o que seria uma alta de 15,3%, segundo as previsões.
No entanto, a entidade admite que vai esperar o fim de junho para reavaliar a tendência do mercado e com isso revisar seus números. Embora não haja qualquer sinalização sobre o viés da revisão, o presidente da Anfavea mantém o otimismo, ainda que o cenário macroeconômico e político acene para dias mais nebulosos.
Segundo o executivo, não há grandes indícios de que as vendas de veículos possam ser prejudicadas nos próximos meses. Ao contrário, se mostra confiante e expressa que a reforma da previdência – que ele concorda ser tratada como prioridade pelo governo – deverá elevar a confiança no País e atrair, inclusive, mais investimentos.
O executivo lembra ainda que indicadores econômicos, como a baixa inadimplência do setor, têm ajudado no aumento da concessão e aprovação de crédito para o consumidor.
“Estamos crescendo mês após mês no acumulado do ano, o que nos mostra que o mercado automotivo brasileiro está se recuperando dos anos de baixa. Fecharemos este ano com uma elevação importante no mercado interno”, afirma o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes.
No entanto, alguns fatores pendem para o lado negativo da balança, como a alta do desemprego no País, cujo índice subiu para 12,7% da população ativa, que considera os dados do primeiro trimestre. Isso significa que 13,4 milhões de pessoas estão sem trabalho atualmente no Brasil. Divulgado há uma semana pelo IBGE, o índice mostra um aumento de 1,1 ponto porcentual com relação ao número registrado no fim de 2018, quando a fatia de desempregados era de 11,6%. Isso reforça a perda de dinamismo da economia e reflete a lenta recuperação no início do ano.
Além destes, outras 28,3 milhões de pessoas – recorde da série histórica – se encaixam no grupo denominado subutilizados, que são os trabalhadores subocupados, com menos de 40 horas trabalhadas por semana, ou que poderiam estar ocupados, mas não trabalham por motivos diversos. Também inclui o grupo de desalentados, que são as pessoas que desistiram de procurar emprego. Neste último caso, o número chegou a quase 5 milhões de pessoas, 3,9% a mais do que no último trimestre de 2018.
Outro fator importante é a expectativa cada vez menor para o crescimento do PIB: pela décima semana consecutiva, economistas ouvidos pelo Banco Central reduziram as projeções para a atividade econômica, que passou de 2,30% para 1,49% em 2019. Essa redução, considerada bastante expressiva, reflete a desconfiança com relação ao governo federal, que tem demonstrado conflitos internos e dificuldades para conseguir articular a base para aprovar a reforma da previdência que está no Congresso.