A Câmara realizou solenidade em comemoração ao Dia do Ferroviário, celebrado em 30 de abril. A data faz referência ao dia de inauguração da estrada de ferro Petrópolis, também conhecida como Estrada de Ferro Mauá, no ano de 1854. Também foram homenageados os trabalhadores da empresa Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S/A.
Em discurso enviado para ser lido no plenário, o presidente da Casa, Rodrigo Maia, disse que a atuação dos ferroviários desde o início do século XX contribui para o desenvolvimento do país. Maia destacou que, apesar disso, as ferrovias foram deixadas em “segundo plano”.
Michel Jesus/ Câmara dos Deputados
Representante dos empregados reclamou que os funcionários das ferrovias estão abandonados
“Isso ajuda a explicar muitos de nossos atuais problemas, tanto de mobilidade urbana quanto de movimentação de cargas e passageiros entre cidades e estados”, lamentou.
Malha abandonada
Bernardo Figueiredo, ex-presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), salientou que o Brasil não tem um projeto ferroviário e que 70% da malha ferroviária está abandonada – o que, segundo ele, é ruim para o desenvolvimento do país.
“A malha ferroviária que hoje está abandonada e que não está sendo utilizada pelas concessionárias é essencial para reduzir a dependência dos caminhoneiros”, afirmou.
Luiz Gonzaga Conguê, representante da Associação dos Empregados Públicos da Valec, afirmou que os funcionários das ferrovias também estão abandonados e lamentou que parte da sociedade veja as ferrovias como “coisas do passado”.
“Todos os empregados da Valec estão imbuídos da missão de colocar a empresa na vanguarda ferroviária, seja na implantação de novos segmentos ferroviários ou na reativação dos que estão abandonados”, frisou.
O deputado Leônidas Cristino (PDT-CE) afirmou que a privatização do sistema ferroviário brasileiro em 1997 causou um “desmonte” no sistema ferroviário brasileiro.
“Duas décadas se passaram desde a privatização e caminhamos para trás, pois houve redução de mais de 4 mil quilômetros da malha ferroviária”, salientou.
Privatização
O deputado Pedro Uczai (PT-SC), presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa das Ferrovias, afirmou que o transporte ferroviário é estratégico para o país e lamentou a situação atual.
“A privatização da Ferrovia Norte-Sul tem dois grandes problemas: a privatização do que teve investimento público e o monopólio do estatal para o privado”, explicou.
O trecho leiloado era controlado pela estatal Valec e o edital de licitação de 1.537 quilômetros da Ferrovia Norte-Sul (FNS) foi criticado por Uczai. O leilão é considerado como a principal medida de infraestrutura do governo e também a primeira concessão ferroviária desde 2007.
Gabrielle Serqueira, representante da Valec, explicou que a empresa passa por uma reestruturação e disse que o foco atual é a construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste na Bahia para ampliar a malha ferroviária no país.
A deputada Erika Kokay (PT-DF), autora do pedido para a homenagem, criticou a maneira como o governo está tratando a reestruturação da empresa Valec e garantiu que os parlamentares estão atentos às mudanças. A deputada acrescentou que a empresa tem expertise na construção de ferrovias e desenvolvimento desse modal de transporte e não pode ser “açoitada”.
“Tão logo haja a nomeação do presidente da Valec nós vamos, com um grupo de parlamentares, a este presidente para que possamos ampliar os limites do processo da reestruturação”, salientou.
De outro lado, o deputado José Medeiros (Pode-MT) argumentou que o modelo ferroviário precisa ser revisto, pois segundo ele, há muitas ferrovias que “não ligam nada a lugar nenhum”.
“Eu não estou demonizando modelos, mas às vezes a ferrovia traz poucos benefícios para a população, como foi em Rondonópolis”, explicou.