Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Crime ocorrido no Distrito Federal foi tema de debate na Comissão de Direitos Humanos e Minorias
Deputados da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara pretendem rever a legislação atual e as obrigações dos agentes públicos para saber se o Estado falhou na prevenção da morte do menino Rhuan Maycon, de 9 anos, torturado e assassinado pela própria mãe, Rosana Auri, e sua companheira, Kacyla Priscyla, no dia 31 de maio em Brasília.
Elas teriam sequestrado o menino há quatro anos no Acre e passaram por mais quatro estados até chegarem ao Distrito Federal. O menino era procurado pelos avós paternos e não frequentava a escola. Além de Rhuan havia outra criança, de 8 anos, filha de Kacyla. Para a deputada Soraya Manato (PSL-ES), houve falha dos agentes públicos:
“Por que não procuraram essas crianças? Como que essas mulheres rodaram vários estados e nada aconteceu? Pegaram ônibus com duas crianças e não foi exigido nada. Como que isso pode acontecer? Aí vamos fazer mais uma lei? Se não é cumprido o que já tem? A quantidade de lei que tem no Brasil e que não é cumprida? Isso é o que nos revolta.”
Hoje os menores de 16 anos podem viajar pelo país acompanhados de parentes até o terceiro grau com mais de 18 anos.
Motivação
Em audiência pública na comissão, o delegado responsável pelo caso, Guilherme Sousa, contou detalhes do crime e afirmou que há dois anos Rosana e Kacyla já haviam cortado os órgãos genitais do menino. Para vários deputados, inclusive o deputado Filipe Barros (PSL-PR), que requereu a audiência, isso seria um indício de que a “ideologia de gênero” foi uma motivação para o crime:
“A ideologia de gênero foi fator decisivo para a morte do menino Rhuan. Se não fosse um fator decisivo, não teriam forçado aquele garoto a se transformar em uma menina. Imprensa. Faço um clamor para a imprensa desse país. Noticiaram a Marielle. Tem que noticiar para cobrar quem matou. Mas calaram e silenciaram diante do caso do Rhuan. E por que calaram? Porque eram duas lésbicas”, disse.
O deputado Paulo Ganime (Novo-RJ), porém, acredita que as assassinas devem sofrer de alguma patologia. Também o deputado Camilo Capiberibe (PSB-AP) disse que não é possível vincular a homossexualidade do casal ao crime.