DANIEL MONTEIRO
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A importância da atuação da Delegacia do Idoso foi debatida pela Comissão Extraordinária do Idoso e de Assistência Social da Câmara Municipal de São Paulo, em reunião ordinária realizada na manhã desta terça-feira (17/8), que contou com a participação de Isilda Cristina Vidoeira, delegada titular da 3ª Delegacia de Proteção ao Idoso da capital.
No início de sua fala, Isilda lembrou que o mundo passa por um processo de transformação demográfica devido ao envelhecimento da população e aumento da expectativa de vida, o que culminará em um maior número de idosos em todo o planeta. “A humanidade vai chegar a um ponto em que haverá mais idosos e crianças no mundo. E por que nós insistimos em não aceitar, não enxergar essa realidade?”, indagou.
Frente a esse cenário, a delegada defendeu a existência de órgãos voltados especificamente aos idosos. “As delegacias especializadas de proteção aos idosos dão uma maior sensibilidade à problemática da violência contra a população idosa, que está crescendo. Ela favorece as discussões sobre a natureza criminosa da violência perpetrada, ela cria uma via de enfrentamento e erradicação. Por isso nós estamos aqui, é uma delegacia de suma importância”, destacou. “As delegacias do idoso são a porta aberta para os idosos, elas têm que ter um tratamento diferenciado para os idosos”, completou.
Questionada pelo vereador Eli Corrêa (DEM), Isilda elencou as principais violências sofridas pelos idosos. “Abuso financeiro, que está muito ligado com os maus-tratos. Os maus-tratos e o abuso financeiro são os mais graves. Porque, atrás dos maus tratos, tem a finalidade do abuso financeiro contra o idoso. Esses são os maiores acho que em todas as delegacias”, afirmou.
Já em resposta ao presidente da Comissão do Idoso, vereador Faria de Sá (PP), a delegada destacou que a violência doméstica é o tipo de violência mais comum praticada contra os idosos. “A maior violência perpetrada contra o idoso, a maior violência que ele sofre é dentro de casa, das pessoas próximas e agregados, como dos filhos e dos cuidadores”, disse.
Nesse sentido, Isilda exemplificou como a violência doméstica se correlaciona com o abuso financeiro. “Os idosos estão se endividando por causa de empréstimos, eles fazem empréstimo no banco e está muito fácil hoje fazer empréstimo consignado. E o idoso confia o cartão dele para os filhos, para parentes, para os cuidadores, ele dá o cartão na mão de estranhos, geralmente do cuidador, para ir pagar uma conta, com aquela confiabilidade. E os cuidadores, ou quem está cuidando, acabam, às vezes, se aproveitando e fazendo empréstimos para eles, fazendo dívidas, fazendo compras, e isso é muito perigoso”, alertou.
Sobre a questão da violência psicológica, abordada pelo vereador Eli Corrêa, a delegada apontou que o idoso precisa ter mais atenção da sociedade. “O idoso nesse país não é muito valorizado. Todo mundo esquece que isso é uma coisa natural, que todos nós envelhecemos. E o que o idoso quer? O idoso quer uma atenção, ele não quer ser humilhado como ele está sendo humilhado, às vezes até dentro de casa. Chamam de velho, que não serve para nada, que deve ser colocado num asilo, não dão atenção para o idoso”, frisou.
“Então essa humilhação dele, essa desvalorização moral, o deboche abalam muito o sistema psicológico do idoso. Isso é muito, é muito triste. Aquele menosprezo traz um sofrimento emocional para idoso. Por isso que a gente tem que ter políticas públicas voltadas também para a saúde mental do idoso, para uma boa qualidade de vida. É isso que ele precisa, ele não quer só aquele sistema assistencialista. Ele quer falar ‘pô, eu tô aqui, eu posso ser útil’. Ele já foi tão útil para a sociedade. Por que ele não pode ser acolhido agora, nesse momento, por todos nós?”, pontuou Isilda.
A delegada titular da 3ª Delegacia de Proteção ao Idoso da capital ressaltou a importância da denúncia, em caso de suspeita de violência contra o idoso. “Qualquer pessoa que presencie uma violência sofrida pelo idoso, ela pode ir e não precisa levar o idoso na delegacia. Ela pode registrar a ocorrência, porque é uma ação penal incondicionada, ela não depende da vontade de ninguém. Registrou uma ocorrência, ela instaura o inquérito, independente de querer ou não, e isso é importante”, explicou.
Ela ainda chamou a atenção para o Disque 100 (Disque Direitos Humanos), um serviço federal de disseminação de informações sobre direitos de grupos vulneráveis e de denúncias de violações de direitos. “A denúncia é importante, a denúncia do idoso é importante. Esse canal que tem em todos os lugares, que tem na Comissão, tem em Brasília, em São Paulo, nas delegacias, que é o Disque 100. É uma ferramenta excelente, porque você faz uma denúncia no Disque 100 e as delegacias recebem no mesmo dia essa denúncia”, destacou.
A reunião desta terça-feira foi conduzida pelo presidente da Comissão do Idoso, vereador Faria de Sá (PP). Também participaram o vice-presidente do colegiado, vereador Gilson Barreto (PSDB), e o vereador Eli Corrêa (DEM). A íntegra dos trabalhos está disponível neste link.